Imagem ilustrativa da imagem Maringá: 72 anos da Cidade Canção
| Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

Maringá - Quando a CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná) abriu, em 10 de maio de 1947, um escritório naquela área que ainda era distrito de Mandaguari, muitos compradores se interessaram pelos lotes de terra e pelo planejamento de construção da cidade que seria instalada no espaço denominado Maringá Novo. Setenta e dois anos depois, a Cidade Canção continua a trazer novos moradores, agora atraídos pela oportunidade de emprego, qualidade de vida e desenvolvimento na cidade que continua em construção.

A população estimada em 2018 era de 417 mil habitantes, dos quais 10 mil foram conquistados só no último ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Este dado a colocou no topo do ranking de cidades com maior crescimento populacional do Paraná, visível nos arranha-céus levantados no Novo Centro.

“Maringá era dividida e isso atrapalhava seu desenvolvimento. O rebaixamento da linha férrea que cortava a cidade permitiu que o centro, que não tinha se desenvolvido, passasse a ser construído. Então, o centro de Maringá está sendo construído até hoje nessa área que tem um potencial de crescimento, com formatação de prédios. Se você olha Maringá nos anos 2000 e dos anos 2015 para cá, não é a mesma, hoje você só vê prédios e arranha-céus de alto padrão”, afirma Jaime Trintin, professor do departamento de economia da UEM (Universidade Estadual de Maringá).

Com tantos edifícios se levantando, o setor da construção civil foi apontado pelo professor como uma área importante para geração de emprego e renda atual, assim como a indústria de alimentos, confecção e maquinários agrícolas. Ele conta que a origem do desenvolvimento econômico da cidade se deu pelo café, porém, na década de 1970, além das geadas que colocaram a produção em crise, também houve um forte investimento do governo federal na modernização da agricultura abrindo mercado para soja.

“Os cafeicultores, vendo que não tinham crédito para o café, percebem o potencial do soja. A indústria também expande, porque produz trator, fertilizante, adubo, arado, produtos que a agricultura consome. A pujança de Maringá após 1975-1980 está atrelada à modernização da agricultura que é o que a gente chama de agronegócio hoje”, explica Trintin.

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Prédios e arranha-céus: construção civil é um setor importante para geração de emprego e renda

É essa junção que dá origem às indústrias de processamento de alimentos, como óleo de soja, sucos, margarina, e outros produtos de um setor bastante fortalecido pelas cooperativas. “Elas foram pioneiras na transformação de produtos agrícolas. No nosso caso, a Cocamar, que comercializava café, hoje tem um mix de produtos alimentícios muito grande, o setor de alimentos é muito forte aqui”, afirma e acrescenta que a partir dos anos 2000, a suinocultura e avicultura voltados para o mercado interno e externo ajudaram a alavancar o setor."

Mas quem percorre Maringá, também vê os shoppings de atacado de vestuário como atração. “Quando as pessoas começaram a ganhar dinheiro com base no agronegócio, elas passaram a diversificar a economia e vem um crescimento muito grande no setor de confecção, muito puxado por Cianorte, que depois de passar pela crise do café, não teve alternativa com a modernização da agricultura. Setor de confecção e máquinas cresceu muito por causa da agricultura moderna e fabricação de equipamentos”, aponta o professor.

Apesar da economia diversificada, é o setor de serviços que continua empregando a maioria dos maringaenses. De acordo com o levantamento do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), ele é responsável por 52% dos empregos da cidade, seguido de comércio (25%); indústria (17,7%), alavancado pela área têxtil e produtos alimentícios; construção civil (4,9%) e agropecuária (0,4%). O salário médio mensal do maringaense é de 2,7 salários mínimos. O IBGE também aponta que o PIB (Produto Interno Bruto) per capita é de R$ 39.996,43.

CIDADE-JARDIM

Mas quem vai para Maringá também é atraído pela formatação do município que foi planejado pelo urbanista Jorge Macedo Vieira seguindo o conceito de cidade-jardim. Considerada uma das mais arborizadas do Brasil, Maringá respira sob as grandes sombras de espécies nativas espalhadas pelas avenidas largas em terreno plano.

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Cidade é considerada uma das mais arborizadas do Brasil: árvores espalhadas pelas avenidas largas

Em vez de bairros, o espaço é distribuído em zonas enumeradas obedecendo categorias, como espaços destinados aos órgãos administrativos, habitação dos operários e área industrial, por exemplo. O projeto permitiu mais qualidade de vida aos moradores. Nos dois últimos anos, Maringá esteve entre os cinco municípios com maior saneamento básico do Brasil, segundo o Instituto Trata Brasil, e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é considerado muito elevado: 0,808.

É em busca dessa qualidade de vida que muitos entram na cidade e ficam. Em constante crescimento, Maringá completa os 72 anos em construção. Cidade de terra vermelha, do café e da soja, da confecção e dos alimentos, da qualidade de vida, dos passeios sob a sombra, das casas de madeira aos altos edifícios. Unindo passado, presente e futuro em avenidas largas para mostrar que ainda há fôlego e força para se renovar e construir.

SAÚDE E EDUCAÇÃO

Com diversas instituições de ensino superior trazendo novos estudantes a cada ano, Maringá se destaca como polo educacional na região, mas antes de chegar aos vestibulares, a cidade mostra que é forte também na base. A nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dos anos iniciais do ensino fundamental é a maior do Brasil, com 7,1 pontos. No entanto, a nota não se mantém nos anos finais do ensino fundamental, caindo para 4,4 pontos.

No ensino superior, a UEM (Universidade Estadual de Maringá) exerce grande papel, apresentando-se como uma das melhores do estado e atraindo estudantes de várias regiões. “Nós fizemos uma opção por ser multicampi, isso foi interessante, porque começamos a atrair novas pessoas para Maringá. Com isso vem um crescimento no setor atrelado à educação. Surgem os cursinhos, os jovens migram para a cidade e, com a formação de mestres e doutores, surgem também as faculdades particulares”, explica o professor do departamento de economia da UEM, Jaime Trintin.

Para ele, a universidade foi – e é - responsável por gerar mão de obra qualificada para a região, o que atrai empresas multinacionais e potencializa os serviços, cujo aumento na oferta na área de educação e saúde se destaca. “Nós temos o HU (Hospital Universitário) aqui, e Maringá começa a virar um polo não só na área de educação, mas também na área de saúde, atendendo toda a região do noroeste para cá”, aponta. Segundo o Ipardes, a cidade conta com 11 hospitais e 39 centros/unidades básicas de saúde.

SHOPPINGS E FEIRAS

A população das cidades vizinhas tem Maringá como ponto de acesso, seja à educação e saúde ou diversão e infraestrutura. “As pessoas costumam frequentar os shoppings nos finais de semana e vem muita gente de fora. Eles exercem atração turística, assim como a Expoingá”, comenta Trintin sobre a feira anual do agronegócio que movimenta a cidade. A cidade tem a infraestrutura para receber eventos de grande porte, chamando a população do entorno para o entretenimento, negócios e qualificação.

AEROPORTO

Já o aeroporto, que teve grande importância no desenvolvimento econômico, hoje é criticado. “O porto seco trouxe produtos de toda a região para cá. Teve um papel estratégico no desenvolvimento, pena que me parece que esse papel não esteja mais sendo desempenhado aqui e sim em Foz do Iguaçu”, diz Trintin, lamentando que a instalação necessite de investimentos e cobra a duplicação de Maringá-Guaíra para que as cidades da região possam usufruir do benefício.

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