“Como pedagoga, sei que o brincar é fundamental no desenvolvimento de qualquer criança, mas aquele parque não era um ambiente inclusivo. Minha filha não era bem-vinda ali. Ela simplesmente não pôde se divertir naquele ambiente feito para crianças, mas não crianças como a Sofia”. O desabafo de Larissa Loureiro Batista Leal, ganhou as redes sociais nos últimos dias.

Uma situação vivida pela família na última sexta-feira (18) em Londrina trouxe à tona a questão da inclusão de pessoas com deficiência em espaços destinados à diversão infantil. Leal conta que durante um passeio em um shopping da cidade, ela e os filhos Augusto, 2, e Sofia, 3, e a sobrinha Maria Anita, 1, resolveram aproveitar um parque temporário montado na praça central.

“Ao entrar na atração eu percebi que a Sofia, que é cadeirante, não conseguiria brincar em nenhum dos brinquedos. O parquinho não foi pensado para crianças com dificuldade de mobilidade como ela e, como mãe, fui tentar intermediar o brincar da minha filha”, diz Leal, explicando que Sofia tem dificuldade motora.

Ela conta que uma das atrações - um barco viking - permite a entrada de crianças com até 90 cm de altura e que crianças de até cinco anos devem estar acompanhadas de um responsável. “Mas fomos barradas de entrar porque o monitor disse que as regras especificavam que crianças com deficiência ou qualquer tipo de limitação não poderiam participar, mesmo estando acompanhadas”, diz.

LEIA TAMBÉM:

+ Juventude vai começar a prestar atenção no capacitismo

+ Transtorno do Espectro Autista em crianças: conhecer para incluir

'ELA DISSE QUE NÃO ERA UM PARQUE INCLUSIVO'

Outra alternativa para Sofia se divertir, segundo a mãe, seria um escorregador. “Como a Sofia ainda não anda, eu a tirei da cadeira e ia subir as escadas com ela no colo para que ela pudesse escorregar, mas também fomos barradas. Chamaram a coordenadora do parque e ela me disse que aquele não era um parque inclusivo”, conta.

A família buscou a administração do shopping, que tem mantido contato com a família. Segundo Leal, “o shopping reconhece o erro e quer tentar melhorar. O que aconteceu com a Sofia foi um crime. Ela foi impedida de brincar, mesmo eu intermediando. Além de não ser um parque inclusivo, se mostrou excludente. Se não é um parque bom para minha filha, não é um parque bom para qualquer criança", desabafa.

Para Leal, o relato nas redes sociais foi como uma obrigação de mãe. “Minha vontade com tudo isso é transformar qualquer espaço em um ambiente acessível para todas as crianças. Não adianta ter rampa de acesso e banheiro para deficientes. Inclusão é quando minha filha é bem-vinda em uma atração. Sabemos que esses parques rodam os shoppings de várias cidades. Será que ninguém percebeu isso? Tenho certeza que muitas mães foram chorar em casa”, diz.

SHOPPING

Por nota, o Shopping Catuaí “informa que está em contato com a Larissa, mãe da Sofia, desde o ocorrido, buscando formas de tornar as atrações infantis mais inclusivas. Os parques serão adequados para contemplar todas as crianças, sob orientação especializada na área e com o feedback da cliente Larissa. O Shopping preza pela diversidade e agradece toda oportunidade de desenvolver junto com seus clientes um ambiente que seja cada vez mais acolhedor e inclusivo.”

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.