Do grupo escolar à igreja: conheça os bens tombados em Jaguariaíva

O município de Jaguariaíva, localizado na região dos Campos Gerais, mas que religiosamente está ligado à Diocese de Jacarezinho (Norte Pioneiro), possui quatro bens tombados pelo Patrimônio Cultural do Paraná - o edifício sede da Prefeitura Municipal; o Grupo Escolar Izabel Branco; a Igreja do Bom Jesus da Pedra Fria e a Estação Ferroviária. Esta última também é tombada pelo Iphan ( Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

A FOLHA publica reportagens sobre os municípios do NP que possuem bens tombados. Além de Jaguariaíva, fazem parte: Jacarezinho (pinturas Eugênio Sigaud da Catedral, duas estações ferroviárias), Joaquim Távora (Estação Ferroviária); Ribeirão Claro (Ponte Pênsil Alves Lima) e Santo Antonio da Platina (Estação Ferroviária).

Segundo o diretor do Departamento de Cultura ·da prefeitura de Jaguariaíva, Vinícius Schadner, o fato de esses imóveis terem sido tombados é uma questão fundamental. “Garante que haja um reconhecimento não só por parte da comunidade que pediu a sua preservação e pelo resgate dessa memória do povo, mas é a salvaguarda desse patrimônio", apontou, acrescentando que facilita ainda a captação de recursos para restauração.

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SEDE DA PREFEITURA

Um dos exemplos é a Casa da Cultura Professor Doutor João Batista da Cruz, que entrou no inventário do Patrimônio Cultural do Paraná como Edifício Sede da Prefeitura Municipal. Foi construído em 1918 e teve várias várias funções dentro da municipalidade. “Ele já foi a sede da prefeitura e ao longo do tempo acabou se tornando a Câmara Municipal, novamente prefeitura, cadeia pública e hoje abriga a biblioteca e a Casa de Cultura”, explicou u Schadner.

“Em 2006 esse prédio foi acometido por uma goteira que ocasionou o desabamento de parte do telhado. Desde 2009 houve muitos esforços para restauração e preservação desse bem tão importante para nossa municipalidade. Foi efetuado o trabalho de captação de recursos e desenvolvido um projeto de restauração desse bem, que foi entregue para a comunidade em agosto do ano passado totalmente restaurado”, detalhou.

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Já a estação ferroviária é tombada não só pelo Estado, mas pelo Iphan. “Ele foi inaugurado em 1935 e fez parte de uma das fases de desenvolvimento de Jaguariaíva. Ela está localizada na parte baixa da cidade e foi tombada no ano 2000 e a prefeitura tem a permissão de uso", explica Schadner. Segundo ele, o espaço recebeu o nome Estação Cidadã Agente Durvalino de Azevedo em homenagem a um dos grandes representantes dos trabalhadores da rede ferroviária.

O local abriga diversos serviços da administração municipal e estadual como a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), o Departamento de Habitação da prefeitura e também é o ponto de atendimento turístico. "Nessa estação foi construído o Memorial Ferroviário, que conta um pouco a história das ferrovias na cidade por meio de alguns objetos, como ferramentas e indumentárias, e painéis com fotos.”

GRUPO ESCOLAR

O Grupo Escolar Izabel Branco é uma das mais antigas construções de Jaguariaíva e foi erguido por iniciativa da mulher do coronel Luciano Carneiro Lobo, um dos fundadores de Jaguariaíva. "Houve a necessidade de construir um grupo escolar na qual Izabel Branco, de grande fortuna, dedicou para as obras, que tiveram início em 1910 foram concluídas em 1912”, explicou Schadner.

O local funcionou como instituição escolar por décadas. Após uma restauração, em 2009 chegou a abrigar uma escola municipal, que teve as atividades transferidas para outro imóvel em 2018. Desde então agrega atividades dos serviços de convivência e fortalecimento do Cras e o espaço é utilizado também para oficinas, reuniões e atendimentos. “Ele está passando por um projeto de restauração para agregar a biblioteca municipal e o museu do Tropeiro ainda este ano”, destacou.

IGREJA

Ele explicou que o casal Luciano Lobo e Izabel Branco teve um papel importante para a história do município. Lobo era dono de grandes tropas do movimento que ficou conhecido como tropeirismo, que fazia a ligação de Viamão (RS) com Sorocaba (SP). Schadner contou que em 1860 ele adquiriu uma grande extensão de terras e reservou um espaço na parte alta para a construção da capela do senhor Bom Jesus da Pedra Fria. O processo de desenvolvimento e urbanização da cidade girou no entorno dessa capela, que posteriormente foi o local de construção da Igreja Matriz.

A Igreja do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria teve sua construção iniciada em 1869 e concluída no ano seguinte. Funcionou como matriz da cidade até 1954, quando essa função foi atribuída à Igreja de São Francisco das Chagas, construída na parte de baixo da cidade, área para qual se deslocara o centro social e econômico.

A perda da sua função de matriz provocou a sua desativação por alguns anos. Em 1964, porém, foi reaberta por força da pressão da comunidade e reação das autoridades eclesiásticas locais, que procederam à sua reforma e ampliação. “A dona Isabel Branco trouxe de Portugal a imagem do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria a qual encontra-se até hoje no santuário. Recentemente essa imagem recebeu um brilhante trabalho de restauração”, destacou Schadner.