No jardim Santos Paulo (zona sul de Londrina), todas as quintas-feiras os recicladores passam logo cedo recolhendo o lixo separado pela população. A comunidade colabora como pode, mas a Cooper Região, cooperativa responsável por aquele setor, sentiu a redução do volume coletado. "A crise financeira que o País enfrenta ocasionou a queda do material e faz com que o munícipe deixe de separar adequadamente o material", observou a técnica ambiental da Cooper Região, Priscila Martins. Como a renda dos cooperados é atrelada à produção, se a quantidade de resíduos cai, os ganhos no final do mês também diminuem. A curto prazo, a esperança é o período de festas, que sempre contribui para aumentar o volume de material coletado, mas uma recuperação financeira plena depende de outras questões. "A cooperativa vem buscando desde o início, há nove anos, trazer maquinários e tecnologia para dar mais agilidade e segurança ao trabalho dos catadores, além de novos compradores."

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O aposentado João Sebastião Santos diz que já se habituou a separar o lixo orgânico do reciclável, mas reconhece que a distribuição dos sacos verdes, quando era feita pelos recicladores, incentivava os moradores a fazerem a seleção dos materiais. "Eles deveriam dar o saco, apesar de que quem faz o lixo é a gente."

A dona de casa Áurea Terezinha Zampar afirma que para contribuir com a reciclagem basta querer. Há muitos anos ela se habituou a separar os resíduos orgânicos dos recicláveis e a lavar os recipientes destinados à cooperativa, mas reconhece que nem todo mundo colabora. No prédio onde ela vive, contou, muitos vizinhos ainda descartam o lixo sem fazer a separação e esse trabalho acaba sendo realizado pela zeladora.

O grupo de pesquisa Gestão de Resíduos Sólidos Recicláveis de Londrina, constituído por professores e alunos da UEL, identificou a falta de campanhas educativas como um dos entraves para o aumento do volume de resíduos reciclados no município. "Além do ganho ambiental, (o incremento do sistema de reciclagem) representa também um ganho social", atesta a professora de biologia geral, Patrícia de Oliveira Rosa da Silva.

"O grande problema de as famílias não estarem educadas o suficiente faz com que o processo de separação ocorra em duplicidade. Quando vai o material para a cooperativa, em menor quantidade, o material não está bem triado, o que exige um esforço maior também dentro da cooperativa em refazer o processo. Se as famílias estivessem preparadas para colaborar nesse processo, a gente teria um serviço mais ágil e mais encorpado", ressaltou a professora de administração Samara Silva Headley.

A atuação dos catadores autônomos, que passam antes pelos bairros nos dias de coleta e levam todo o material de maior valor, é apontada pelos pesquisadores como um dos entraves ao sistema de coleta seletiva. Os atravessadores, que a CMTU chama de "piratas", seriam ex-cooperados que não aceitam as regras e regimentos das cooperativas. Por se tratarem de informais, afirmou a companhia, a CMTU não tem como quantificá-los e que quando faz a abordagem, orienta para que procurem a formalização. (S.S.)