Após pouco mais de dois meses de trabalho, a Polícia Científica concluiu que o incêndio que destruiu 56 ônibus da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), no dia 15 de novembro do ano passado, foi criminoso. O resultado da apuração da Criminalística foi apresentado nesta quarta-feira (2) e já está em posse do 5ª Distrito Policial, responsável pela investigação do caso. Luciano Bucharles, chefe do Instituto de Criminalística de Londrina, não deu detalhes sobre o laudo elaborado pelo órgão, porém, destacou que a partir de agora a Polícia Civil irá avançar no inquérito com as informações técnicas.

“Toda ação humana é uma ação criminosa, porque coloca em risco o patrimônio e vidas de pessoas. O Código Penal estabelece que incêndios, tanto dolosos, ou seja, intencionais, quanto acidentais são crime. Então, como caracteriza que é uma ação humana, é uma ação que merece de investigação por parte da Polícia Civil. É o que vai acontecer agora”, explicou. “Os detalhes de como chegamos a essa conclusão não podemos divulgar, pois, pode atrapalhar a investigação da Polícia Civil”, justificou.

A Criminalística identificou que o fogo começou entre cinco ônibus que estavam no meio de outros veículos na garagem da empresa, na área central da cidade, e se espalhou rapidamente. Também foi constatado que as chamas tiveram início entre 17h31 e 17h51. Os peritos realizaram uma série de exames, como em documentos, histórico dos ônibus, de mídias, fiação elétrica e nos perímetros interno e externo da Grande Londrina.

Resultado da perícia foi apresentado à imprensa pelo chefe do Instituto de Criminalística de Londrina
Resultado da perícia foi apresentado à imprensa pelo chefe do Instituto de Criminalística de Londrina | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Os profissionais tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança de cinco ônibus que ficam no pátio e também do equipamento de uma empresa próxima. “Analisamos a movimentação do pátio, tanto dos ônibus, quanto de funcionários”, relatou. Pelas gravações disponibilizadas não foi visto ninguém invadindo a TCGL, entretanto, não dá para descartar essa possibilidade. “Em outra região do muro alguém pode ter pulado. Nas câmeras que foram disponibilizadas não vimos nenhuma atitude suspeita de funcionários dentro do pátio.”

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NOVAS PERÍCIAS

Bucharles classificou que o período entre o registro do incêndio e a confecção do laudo foi “razoável” diante da complexidade da situação e da demanda diária do próprio instituto. De 15 de novembro a 31 de janeiro, por exemplo, a Polícia Científica de Londrina recebeu 2.092 solicitações de exames de diversos tipos. “Bastante comum que a autoridade policial solicite novos exames. Às vezes aparece uma filmagem totalmente diferente do que foi disponibilizado até agora. Eventualmente mude até o rimo da investigação”, apontou, reforçando que o órgão poderá ser novamente requisitado se necessário.

Polícia Científica indicou que chamas começaram em cinco veículos e depois se espalharam rapidamente
Polícia Científica indicou que chamas começaram em cinco veículos e depois se espalharam rapidamente | Foto: Pedro Marconi - 16/11/2021

POSIÇÃO DA EMPRESA

A reportagem procurou o delegado que cuida da investigação, Jaime José de Souza Filho, no entanto, não houve retorno até o fechamento da matéria. A Transportes Coletivos Grande Londrina, por meio de nota, “agradeceu o trabalho da Polícia Científica e demais autoridades” e informou que “a empresa continuará aguardando o término das investigações”. A concessionário não respondeu o questionamento se já foi concluída a perícia particular que havia sido contratada.

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