Todas as pessoas estão suscetíveis à Covid-19, com o vírus se manifestando de diferentes formas, dependendo do organismo. Além dos idosos, são considerados como perfis mais vulneráveis a evoluir para a forma mais grave os pacientes com doenças cardiovasculares, como os hipertensos, diabéticos, quem está em tratamento de câncer ou com problemas respiratórios. Balanço do Ministério da Saúde, divulgado no domingo (29), mostra que 84% das mortes no Brasil por coronavírus são de pessoas com ao menos um fator de risco, com doenças preexistentes. Doenças cardíacas e diabetes foram as mais frequentes - estavam presentes em 71 e 50 pessoas que morreram, respectivamente. Em seguida aparecem as pneumopatias (22) e doença neurológica (12). Os dados da Saúde levam em conta 120 dos 136 óbitos - os 16 casos não analisados ainda estão em investigação dos técnicos da pasta.

Imagem ilustrativa da imagem Coronavírus:  especialistas londrinenses  falam sobre grupos de risco

De acordo com o cardiologista Laércio Uemura, de Londrina, ainda não há um estudo bem definido que explique a exata razão de hipertensos se enquadrarem no grupo de risco. “O que se tem são estudos observacionais a partir da China. É tudo muito recente. Uma opção é de que a maioria da população tem doenças cardiovasculares”, apontou. “A mortalidade da doença é baixa. Na China foi de 2,5% a 3%, mas na população com doença crônica aumenta bastante.”

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A Sociedade Brasileira de Cardiologia calcula que a taxa de mortalidade pode chegar em 10,5% em pessoas com doenças cardiovasculares e 6% em hipertensos. A hipertensão e o diabetes, por exemplo, debilitam os neutrófilos, que é um tipo de glóbulo branco numeroso no corpo humano. Este glóbulo é o que atua como primeira linha de defesa contra bactérias e vírus.

O Ministério da Saúde estima que aproximadamente 57,4 milhões de pessoas possui pelo menos uma doença crônica. Cerca de 35% da população tem pressão alta. “A hipertensão tem relação com a idade. Nas mulheres acima de 70 anos o número de hipertensas chega a 70%”, afirmou o médico do Centro do Coração. “A recomendação é o isolamento e manter as drogas hipertensivas e de insuficiência cardíaca que já estão sendo utilizadas.”

DIABÉTICOS

No caso dos diabéticos, a Sociedade Brasileira de Diabetes aponta que os doentes têm baixa imunidade. Essa condição está ligada à elevação do açúcar no sangue e não à falta de produção de insulina. A pessoa com diabetes que está acima do peso também pode ter a imunidade afetada por ter maior inflamação. O risco de complicações pela Covid-19 é menor e quase igual ao das pessoas sem diabetes se os níveis de açúcar no sangue estiverem controlados.

FRAGILIDADE

Não existe nenhuma vitamina, soro ou terapia alternativa que aumente a imunidade que previna ou trate o coronavírus. “Os indivíduos com doenças crônicas são pessoas já fragilizadas e que, por essa razão, têm menos capacidade de reagir a agressão do vírus. Acredita-se que essa seja uma das razões pelas quais as principais vítimas fatais da Covid-19 tenham mais de 70 anos”, ressaltou o médico Alexandre Carrilho, professor titular de endocrinologia da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

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CUIDADO REDOBRADO

O docente cita que o cuidado precisa ser redobrado com as pessoas com doenças crônicas, com a maneira mais eficaz de prevenção sendo o isolamento social. “Acredita-se que essas pessoas têm chances semelhantes aos demais de contraírem a doença, porém, uma vez infectadas, apresentam os quadros mais graves e com maior risco de morte. Como até o presente não dispomos de vacinas nem tratamentos comprovadamente eficazes, a única opção que temos é isolar essas pessoas do convívio social para diminuírem as chances delas se infectar.”

“Temos uma única recomendação de não usar o anti-inflamatório ibuprofeno diante de sintomas gripais, pois, há uma suspeita - ainda não confirmada em definitivo - que o uso dessa medicação poderia piorar o quadro clínico do paciente”, afirmou Carrilho.