Diante da sobrecarga no sistema de saúde que atende casos de Covid-19 em todos os níveis e a projeção de piora do quadro por, pelo menos, os próximos 40 dias, a Prefeitura de Londrina anunciou, na manhã desta terça-feira (1º), uma reestruturação na rede para tentar mitigar os problemas e dar conta da demanda num período classificado como de tensionamento. As mudanças começam a valer na segunda-feira (7).

Imagem ilustrativa da imagem Com saúde sobrecarregada, atendimentos Covid têm mudanças em Londrina
| Foto: Folha Arte

O plano prevê a ampliação das UBS (Unidades Básicas de Saúde) exclusivas para tratamento de síndromes respiratórias. Vão recepcionar pacientes com suspeita ou confirmados para coronavírus os postos do Milton Gavetti (zona norte), Vila Casoni (área central), Ernani Moura Lima (zona leste) e San Izidro (zona sul). Estas unidades vão se somar aos postos do Chefe Newton, Maria Cecília, Bandeirantes, Vila Ricardo e Guanabara.

O número de médicos passará de dois para três, com as unidades abertas das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira. A estimativa da secretaria municipal de Saúde é que as nove UBS possam receber até 1.290 pessoas por dia. Os moradores acompanhados nestes locais para atendimentos gerais serão direcionados para outras unidades básicas momentaneamente.

A expectativa é que este reordenamento “desafogue” a UPA Sabará (zona oeste), que tem atendido em média de 400 a 450 pessoas diariamente. Segundo Felippe Machado, secretário municipal de Saúde, a quantidade não se difere em relação a meses anteriores, entretanto, a gravidade dos casos é maior. “Nosso objetivo é fazer com que os casos de menos complexidade saiam da UPA do Sabará, que se transformou, praticamente, em uma retaguarda hospitalar. Com isso vamos conseguir qualificar toda essa demanda”, explicou.

Nos hospitais da Zona Norte e Zona Sul serão ampliadas em 40 os leitos de enfermaria, sendo 30 na primeira instituição e dez na segunda. A FOLHA havia adiantado a informação no começo desta semana. No acordo firmado com a 17ª Regional de Saúde, o Estado ficará responsável pela manutenção física, reposição de insumos, medicamentos e oferta de equipamentos. Já o município vai ceder servidores. São 40 técnicos em enfermagem e 11 enfermeiros que já fazem parte da equipe da Saúde.

Londrina começou a semana com 99% de taxa de ocupação das vagas de UTI
Londrina começou a semana com 99% de taxa de ocupação das vagas de UTI | Foto: Gustavo Carneiro

PROGNÓSTICO

Londrina começou a semana com 99% de taxa de ocupação das vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O HU (Hospital Universitário) divulgou, nesta terça-feira, que há uma fila com 42 pacientes aguardando por vaga de terapia intensiva. Apesar da carência ser na alta complexidade, Machado garantiu que o plano de reestruturação surtirá efeito macro.

“O paciente não acessa diretamente o leito de UTI. Existe todo um processo de agravamento da doença que faz com que ele chegue a esses leitos. Se reorganizarmos o sistema de modo que possa oportunizar a assistência a um leito intermediário num momento mais adequado do que o atual, com certeza esse prognóstico vai melhorar. Estamos voltando todos nossos esforços onde tem identificação que é o gargalo: no atendimento pré-hospitalar”, argumentou.

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SAMU

A prefeitura também contratou uma terceirizada para a transferência de pacientes com a doença, principalmente, nos deslocamentos intra-hospitalares. A ação é complementar ao serviço prestado pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), já que atualmente a espera para transportar as pessoas de uma instituição para outra nos casos graves está levando mais tempo. A terceirizada deverá receber cerca de R$ 380 mil por três meses de vínculo. A estimativa é que sejam transferidas cinco pessoas diariamente e em 90 dias 450.

NO LIMITE

As medidas que serão implementadas foram discutidas no fim de semana durante reunião com a presença de representantes do município, 17ª Regional de Saúde, MP-PR (Ministério Público do Paraná), MPF (Ministério Público Federal) e hospitais secundários e terciários. O secretário alertou que o sistema de saúde tem capacidade finita e que o da cidade está operando no limite.

“Estamos no teto dos nossos planos de contingência, já invadindo centro cirúrgico de hospital para transformá-lo em leito, haja vista a necessidade neste momento. Todos os hospitais da rede hoje têm pacientes Covid positivo. Não há mais como ampliar, não tem estrutura física, não têm recursos humanos, equipamentos, risco de falta de medicamentos. Isso não é só no SUS (Sistema Único de Saúde), é iniciativa privada e no Brasil todo”, advertiu, lembrando da necessidade da adoção das medidas de segurança e distanciamento social.

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Atualizada às 12h42