Grupo de professores do Aplicação tentaram protocolar documento pedindo responsabilização da instituição por saúde dos profissionais
Grupo de professores do Aplicação tentaram protocolar documento pedindo responsabilização da instituição por saúde dos profissionais | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

A partir de segunda-feira (24), 81 escolas da região metropolitana que pertencem ao NRE (Núcleo de Regional de Educação) de Londrina vão retomar às aulas com a presença dos alunos nas unidades, o que está suspenso desde março do ano passado em razão da pandemia de coronavírus. Somente em Londrina são 51 colégios dos 68 existentes. As outras cidades que integram a lista para a volta dos adolescentes são Cafeara, Ibiporã, Cambé, Lupionópolis, Pitangueiras, Primeiro de Maio, Rolândia, Sertanópolis e Tamarana.

Segundo a chefe do núcleo, Jéssica Piere, o retorno é para grupos específicos. “Estamos há mais de um ano sem aulas presenciais e conseguimos levar até aqui, porém, existem cobranças de pais, Ministério Público. Vamos atender alunos que estão sem internet e aqueles em vulnerabilidade, atendendo a defasagem pedagógica desses alunos. Orientamos aos pais e as direções de escolas que os estudantes que conseguem acompanhar de forma remota, que permaneçam em casa”, destacou.

A volta dos alunos nos colégios será gradual e no modelo híbrido, levando em conta a realidade de cada instituição. O mesmo conteúdo que o estudante receber em sala, quem está acompanhando em casa também deverá aprender. “Para voltarem as escolas têm que seguir o protocolo de biossegurança e dispor da instalação de rede lógica (material para que professor possa dar aula de forma híbrida).” Piere ainda ressaltou que o número de escolas pode mudar até semana que vem, já que o retorno também depende de decretos municipais autorizando.

Entre as regras que deverão ser seguidas estão o distanciamento social nos espaços das unidades e em sala, uso de máscara, disponibilização de álcool e tapetes sanitizantes. A responsável pelo núcleo de educação de Londrina garantiu que as turmas com educadores afastados por pertencerem ao grupo de risco da Covid-19 não poderão retornar. “O retorno é somente quando o quadro está completo e para o atendimento específico destes grupos de alunos. Cada diretor vai fazer a sondagem junto à família de acordo com a realidade. São vidas e precisamos tomar todos os cuidados”, defendeu.

POSICIONAMENTO

APP-Sindicato se posicionou contrária à medida. A entidade tem recomendado aos educadores que não atendam à convocação que está sendo feita pelos próprios diretores e continuem trabalhando remotamente. “Não existe convocação da Seed (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte), nem do núcleo. Os diretores é que estão assumindo a responsabilidade de colocar nossa vida em risco. Ninguém vai atender nas escolas, quem fizer isso estará furando a greve”, avisou Márcio André Ribeiro, diretor do sindicato em Londrina.

A entidade também está entrando judicialmente contra o Estado. “É uma atitude que, infelizmente, não nos surpreende, mas nos deixa atônitos, porque se aproxima de declarações do próprio governo sobre a possibilidade de enfrentarmos uma terceira onda de mortes e agravamento da doença. O governo força a reabertura das escolas, fazendo com que o vírus circule ainda mais”, sustentou.

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INSEGURANÇA

Uma professora ouvida pela reportagem, que preferiu não ser identificada, reclamou da mudança repentina de posicionamento do Governo do Estado em relação ao assunto. “O Estado tinha declarado que só voltaria com os professores vacinados. Estava bastante tranquila, mas de repente mudou os planos e estão pressionando para voltarmos”, relatou. Durante entrevista, em março, o governador Ratinho Junior disse que as aulas só seriam retomadas no Paraná após a vacinação dos professores. A campanha para este público já começou, entretanto, em ritmo lento.

Contrários à retomada, um grupo de professores do Colégio Aplicação, no centro de Londrina, tentaram protocolar, na manhã de sexta-feira (21), um documento disponibilizado pela APP-Sindicato em que a escola se responsabiliza pela saúde dos profissionais. Uma docente, que também pediu para não ter o nome divulgado, contou que a direção não aceitou protocolar. “Não me sinto segura. Uma turma convocada tem aluno com Covid. Como vão provar que os alunos estão voltando sem Covid? A escola diz que isso é responsabilidade dos pais. A maioria dos professores não recebeu vacina.”

SITUAÇÃO ESTADUAL

A rede estadual de ensino do Paraná é formada por 2,1 mil escolas pelas quais passam diariamente mais de 1 milhão de alunos. No último dia 10, 200 colégios estaduais abriram as portas para todas as suas turmas ou parte delas, e agora, no dia 24, mais 627 escolas de 29 dos 32 NREs (Núcleos Regionais de Educação) devem retornar às atividades presenciais no modelo híbrido, elevando a abertura para aproximadamente 40% das instituições da rede estadual de ensino.

O diretor de Educação da Seed ( Secretaria de Estado da Educação e do Esporte do Paraná), Roni Miranda Vieira, ressaltou que não há como afirmar quantos alunos retornarão à modalidade presencial, mas que espera que 50% a 60% dos alunos retomem as aulas nas escolas. “A gente está fazendo esse levantamento por turma e escolas, porque muitos pais afirmam que não vão mandar os filhos de volta para a escola e depois acabam enviando. Na segunda ou terça-feira teremos um levantamento de acordo com o registro de classe do professor, que tem esse dado verídico”, apontou.

A reabertura gradual de escolas tem seguido um critério de optar por escolas onde alunos que estão realizando as aulas no material impresso, porque não possuem acesso à internet. “No ano passado, em torno de 15% ficaram no impresso e 5% assistiram as aulas pela TV, que a gente considera na mesma categoria das aulas do impresso. A gente entende que esse tipo de ensino é paliativo e a eficiência é limitada”, destacou. Ele afirmou que o êxodo escolar fechou o ano passado com 1,8% dos alunos do Ensino Fundamental e 3,8% dos alunos do Ensino Médio e admitiu que isso pode estar relacionado com a crise econômica, que tem levado os adolescentes ao mercado de trabalho.

Atualmente o Paraná possui 33 mil profissionais da Seed vacinados, foram 25 mil profissionais vacinados até sexta-feira (21) pela profissão e outros 8 mil profissionais do setor já haviam sido vacinados, no grupo acima de 60 anos. A pasta possui 90 mil servidores. “O Secretário de Saúde Beto Preto afirmou ao Secretário Renato Feder que na semana que vem chegam mais 22 mil vacinas”, ressaltou o diretor.

Segundo ele, a experiência iniciada no dia 10 mostrou que a sociedade toda está toda treinada para usar máscara, usar álcool em gel e a não ter contato físico. “Está sendo positivo. Estudantes não tiram a máscara e não entram em contato com colega.", garantiu o diretor.

"A questão é o impacto de aprendizagem. Há um déficit na aprendizagem, principalmente daqueles que ficaram no impresso. Os que estão no online conseguem acompanhar razoavelmente bem. Vamos ter avaliação diagnóstica no dia 9 de junho do 6º ano e do 4º ano do integrado (profissionalizante) e do 3º ano do Ensino Médio regular para monitorar o nível de aprendizagem. Estudantes que estão em casa no impresso também vão ser avaliados para definir próximos passos em política de educação. Primeiro passo é trabalhar reforço no contraturno. Vamos abrir em praticamente todas as escolas do Paraná esses reforços, principalmente aulas de linguagem (interpretação de texto e escrita) e resolução de problemas que entra mais na área de exatas.", concluiu. (Colaborou Vítor Ogawa)

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