O NRE (Núcleo Regional de Educação) de Londrina, que abrange 19 municípios, já registrou 73 casos confirmados de Covid-19 entre alunos em cerca de três meses. O levantamento passou a ser feito em junho, quando as aulas presenciais voltaram em praticamente todos os colégios. Neste mesmo período, 132 estudantes foram classificados como suspeitos e também tiveram que ficar afastados das salas de aula.

Imagem ilustrativa da imagem Colégios estaduais de Londrina e região têm mais de 200 casos de Covid
| Foto: Roberto Custódio

Entre professores e demais servidores foram 144 positivados e 354 suspeitos. Apesar das estatísticas, os números não significam que as pessoas foram infectadas dentro do ambiente escolar. Essa situação, porém, acaba influenciando na rotina das aulas. Atualmente, das escolas ligadas ao NRE de Londrina, 118 estão abertas em 18 cidades e três estão fechadas por força de decreto municipal, em Bela Vista do Paraíso.

APÓS AS FÉRIAS

De acordo com o núcleo, foi observado um aumento nos casos nas últimas semanas entre alunos e trabalhadores. O crescimento ocorre após o Governo do Estado autorizar a presença de mais alunos em sala de aula nos colégios, diminuindo o distanciamento mínimo de 1,5 metro para um metro.

Quando as aulas foram retomadas após o período de férias, a média era de até dez alunos presencialmente em sala. Com a alteração, no dia 10 de agosto, uma sala de aula tem, em média, até 25 alunos. Coordenador do Comitê de Biossegurança do NRE de Londrina, Marcelo Manganaro ponderou que não existia uma projeção sobre o crescimento ou não de infectados nas escolas, entretanto, com mais pessoas, a possibilidade de maior circulação do vírus também acaba sendo superior.

“Enquanto o número era reduzido, tinha um baixo registro. Temos percebido que aumentou o número de frequentadores na escola e com isso aumentou o número possível de ser registrado. Aumento no atendimento dos alunos, professores, maior possibilidade de alunos apresentarem algum sintoma na escola”, apontou. “Com um número maior de pessoas, um momento ou outro é inevitável (terem casos). Por isso, trabalhamos em cima de orientações e todas as resoluções para prevenir surtos dentro da escola, protegendo alunos e professores”, acrescentou.

Manganaro destacou que enquanto as aulas aconteciam remotamente, não existia um levantamento sobre contaminação de estudantes e funcionários. Com a implementação do modelo híbrido, uma aba foi inserida dentro do sistema informatizado do Estado, o que exclui alunos que seguem estudando de casa e trabalhadores que estão afastados. “Cada escola registra seu aluno, seja suspeito, negativo, positivo. A ideia é monitorar qualquer caso potencial dentro da escola”, explicou.

ORIENTAÇÕES

Resolução da Seed (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte) indica que no momento em que há notificação de casos de coronavírus entre estudantes, professores ou funcionários de colégios estaduais, a instituição de ensino precisa informar ao Comitê de Biossegurança do Núcleo Regional e tomar as medidas orientadas pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

Em caso suspeito, o diretor solicita que a pessoa fique em isolamento e a encaminha a uma unidade de saúde local. Já se existe o caso confirmado de aluno, as aulas da turma são suspensas e vão para o formato on-line. Se a positivação é de professor, a suspensão do presencial vale para as turmas nas quais o docente ministrou aulas. Três ou mais casos confirmados na mesma escola em menos de 14 dias é analisada a situação e podem ser suspensas as aulas presenciais do turno ou da escola inteira.

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QUEBRA DE PROTOCOLO

Nesta semana, as aulas da manhã do Colégio Estadual Cívico Militar Tsuru Oguido, no jardim Santa Rita, zona oeste de Londrina, foram suspensas por dez dias. A decisão foi tomada após nove alunos, de duas turmas diferentes, serem positivados com a Covid-19. Os adolescentes começaram a apresentam sintomas durante o fim de semana. Dois professores também foram diagnosticados com a doença no mesmo intervalo.

Uma das hipóteses do NRE é de que os alunos tiveram algum tipo de contato entre eles. “É razoável acreditar que houve uma quebra de protocolo entre os alunos. Por precaução preferimos suspender as atividades do turno. Estamos apurando para saber se houve reunião fora da escola ou dentro do ambiente escolar”, relatou Marcelo Manganaro, coordenador do Comitê de Biossegurança do NRE de Londrina. Um décimo aluno, de outra turma, também foi confirmado, entretanto, não teria relação com os demais casos, já que familiares apresentaram exames positivos.

CONSCIENTIZAÇÃO

O coordenador do Núcleo de Educação de Londrina frisou que “não é possível monitorar os adolescentes 24 horas por dia” e que as famílias precisam colaborar na conscientização. “Reforçamos sempre com todos os diretores a necessidade dos cuidados individuais e coletivos para não ter disseminação. As famílias devem instruir os filhos na utilização da máscara, manter a rotina de distanciamento, utilização de álcool em gel.”

PARANÁ

Até a última segunda-feira (30), uma escola estava fechada no Paraná e outras 94 turmas tinham suspendido as aulas presenciais por conta de casos de Covid-19. Há outros 1.987 colégios abertos para as atividades presenciais e sete instituições foram fechadas devido a decretos municipais que restringem a circulação de pessoas. Foram contabilizados 1,9 mil casos positivos do novo coronavírus na última semana, incluindo estudantes, professores e funcionários. O Estado tem mais de um milhão de alunos, com cerca de 45 mil deles matriculados em 68 colégios de Londrina.

APP-SINDICATO

Presidente da APP-Sindicato em Londrina, Marcio André Ribeiro criticou o retorno das aulas presenciais no atual momento pandêmico. O professor sustentou que a imunização completa (com duas doses ou dose única) da população total paranaense ainda está abaixo de 30% e que os adolescentes não foram vacinados com nenhuma dose.

“A nossa entidade vem mantendo o mesmo posicionamento desde o início da pandemia. Na nossa visão, a condição que tínhamos na pandemia no ano passado e atual teve poucas alterações. O vírus continua matando as pessoas e se disseminando cada vez mais rápido com a variante Delta. Hoje temos a vacina, mas infelizmente, a imunização no Paraná está muito abaixo. Se o vírus está mais perigoso, entendemos que a condição para a sociedade deveria ser a mesma de antes. Não dá para retomar as atividades presenciais neste momento”, elencou.

Ribeiro ainda desaprovou os protocolos de biossegurança confeccionados pela Seed. “A nossa posição é em defesa da vida. Os protocolos não são suficientes e nem seguros. Os países que estão tentando retomar presencialmente depois da imunização completa ainda estão fazendo testagem em massa, o que não existe no Brasil. É uma roleta russa com a vida.”

A preocupação do sindicato é com o registro de mortes entre os trabalhadores da educação e os alunos. “As famílias dentro das casas e os profissionais de educação que tiverem contato próximo com alunos infectados poderão se contaminar. Estudos já apontavam sobre a disseminação do vírus com as aulas presenciais e estamos falando isso desde julho para o governo, porém, muita gente não quer ouvir, inclusive, o MP (Ministério Público). Quem diz que a escola é um ambiente seguro não entende nada de educação e de escola”, argumentou.

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