Após várias semanas consecutivas de aparente tranquilidade, os números relacionados à Covid-19 voltaram a acelerar em Londrina, pelo menos, no que se refere à quantidade de contaminados. Os novos casos de coronavírus numa mesma semana aumentaram cerca de 760% no último mês. Entre os dias 11 e 16 de abril, por exemplo, a secretaria municipal de Saúde contabilizou 113 pessoas infectadas com o vírus. Na semana passada, entre 9 e 14 de maio, o balanço foi de 971 novos doentes.

Infectologista que trabalha no HU (Hospital Universitário) e na Santa Casa, Walton Tedesco Júnior afirmou que o aumento de casos era esperado, entretanto, não neste ritmo. “Como toda a doença respiratória viral, existe aumento com a chegada do outono e inverno. Imaginávamos que iria aumentar a Covid, assim como outras doenças respiratórias, mas a quantidade está surpreendendo e em poucas semanas. No meu ponto de vista, somou-se as temperaturas baixas com a aliviada que a população deu em relação aos cuidados. Acharam que tinha acabado e não havia mais vírus.”

Para o médico Arilson Morimoto, outros fatores também podem ter influenciado, como o surgimento da variante BA.2 do SARS-CoV-2. “Ela é uma subvariante da ômicron. Apesar de muita gente ter se infectado com a BA.1, a BA.2 tem capacidade de infectar novamente”, explicou o infectologista. “Ainda existe o fator comunitário. As pessoas não estão usando máscara e temos um maior número de pessoas transitando. Consequentemente teremos mais casos”, acrescentou.

MORTES

Em dados absolutos, o total de casos de Covid passou de 130.359 (em 11 de abril) para 133.205 (em 14 de maio), ou seja, 2,18%. A estatística de óbitos pela doença segue estável. Em pouco mais de um mês, oito pessoas perderam a vida vítimas da Covid-19. Cinco apenas na semana entre os dias 2 e 7 de maio. “Temos dois pontos que podem explicar. O primeiro é que a vacina oferece proteção. O segundo, que ainda está sendo estudado, que a nova subvariante leva menos ao pulmão”, elencou Morimoto.

INTERNADOS

Nos hospitais houve ligeiro impacto com um volume maior, e crescente, de contaminados. O boletim de 16 de abril divulgado pela prefeitura indicava que havia 16 londrinenses internados com teste positivo, sendo seis em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e quatro em enfermaria. No informe de terça-feira (17) eram 26 pessoas em leitos de hospitais, com oito delas na terapia intensiva e 18 na enfermaria.

Imagem ilustrativa da imagem Casos de Covid-19 voltam a disparar em Londrina
| Foto: Folha Arte

IMUNIZAÇÃO

Os especialistas frisam que a vacinação ainda é o melhor remédio contra o vírus. “Só estamos nesse ponto de voltar à vida quase ao normal por conta da vacinação. Tanto pelos dados quanto quem presencia diariamente a Covid vemos que a maioria que evolui para a forma grave não está com o esquema vacinal completo. Com o aumento de casos e vacinação incompleta, é inevitável o aumento no número de mortes. A vacina não é garantia de que não será infectado, mas diminui muito a possibilidade de evoluir para casos graves. A população que não se vacinou está extremamente suscetível”, alertou Tedesco.

Apesar dos apelos das autoridades em saúde e do próprio município, a vacinação estagnou nas últimas semanas. Em aproximadamente 30 dias o volume de imunizados com a segunda dose cresceu 1,10%, enquanto que percentual dos que receberam a terceira dose ampliou em 2,76%. Londrina tem cobertura vacinal de segunda dose de 76,6%, levando em conta a população total, e 47% de terceira dose. "As pessoas devem largar as ideias políticas e pensar no bem-estar. Ao longo dessa pandemia tivemos muita gente jovem e sem comorbidades morrendo”, lembrou.

LEIA TAMBÉM:

- Secretaria de Educação vai recomendar uso da máscara nas escolas

- Ressurgimento de novos casos de Covid gera retomada de medidas de proteção

'futuro é uma incógnita'

Os profissionais destacam que o momento é de reforçar os cuidados básicos de prevenção à Covid, que acabaram ficando de lado com o período de arrefecimento da doença. “A principal forma de transmissão é pelas gotículas respiratórias. Em locais fechados e com pacientes sintomáticos o uso de máscara é essencial”, reforçou Walton Tedesco Júnior, que na Santa Casa faz parte da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. “As pessoas devem evitar cumprimentar com as mãos, se está gripado usar máscara. Nessa época do ano temos outras doenças virais, então, é necessário evitar a friagem”, sugeriu Arilson Morimoto.

O QUE ESPERAR

Com uma doença que ainda tem muito a ser esclarecida pela ciência, os especialistas dizem o que esperar do comportamento pandêmico nos próximos meses. “A projeção é de aumento, já que teremos temperaturas baixas e alto nível de população infectada. Uma pessoa doente tem capacidade de transmitir, 100 pessoas a capacidade é muito maior. Por isso, devemos ficar atentos”, opinou Walton Tedesco.

“O futuro ainda é uma incógnita. Não sabemos se vão surgir mais variantes e com mais violência. Não temos previsão de quando a pandemia vai acabar. As pessoas mais vulneráveis, como idosos, gestantes, aqueles que têm problemas de saúde, devem se cuidar mais e usar máscara em ambientes em conjunto”, destacou Arilson Morimoto.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.