Professores organizaram um buzinaço e colocaram cartazes e cruzes em frente ao NRE (Núcleo Regional de Educação) de Londrina, na zona oeste, em protesto contra a volta das aulas presenciais nas escolas estaduais. O retorno, no modelo híbrido (on-line e presencial), começou nesta segunda-feira (24) na região de Londrina, conforme orientações da Seed (Secretaria de Estado da Educação).

Imagem ilustrativa da imagem Buzinaço contra a volta das aulas presenciais em Londrina
| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

Nelson Antônio da Silva, da diretoria da APP Sindicato Londrina, comentou que várias escolas decidiram pelo não retorno por não terem condições mínimas de segurança. Ele disse que o sindicato está fazendo um levantamento das escolas e alunos que voltaram às atividades nesta data. Já o NRE registrou pela manhã um total de 44 escolas que apresentaram protocolos de retorno em Londrina, sem citar também o número de alunos presentes.

"Com base nas informações iniciais, creio que 20% das 70 escolas estaduais que temos em Londrina estão retornando às aulas presenciais, mas muitas estão se sentindo pressionadas para esse retorno. Em muitas escolas não há funcionários suficientes para dar todo o suporte aos alunos neste momento, os bebedouros não podem ser utilizados, os locais para higiene das mãos com água e sabão são só nos banheiros e muitas não têm o básico, que são máscaras para os alunos que precisarem", destacou Silva.

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Ele diz que a maioria dos funcionários e professores da rede estadual de ensino ainda não foi vacinada contra Covid-19 e aqueles que estão nos grupos prioritários já atendidos ainda não completaram o esquema vacinal de duas doses. "A perda de profissionais da educação tem sido muito grande. Muitos estão morrendo com a doença e outros estão adoecendo. Estamos esgotados porque preparar aulas, transmiti-las e tirar as dúvidas dos alunos sobre o conteúdo é muito mais difícil estando à distância. Os professores querem voltar, mas com segurança", afirmou.

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| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

'GREVE PELA VIDA'

O presidente da APP-Sindicato Londrina, Márcio André, e ele afirmou que os professores permanecem sem retornar às escolas. “Estamos em greve pela vida, em greve sanitária. É uma greve diferente. A nossa recusa é apenas de ir presencialmente às escolas e correr risco de contágio, considerando que ainda há pouquíssimos professores que estão imunizados.”

Durante a conversa por telefone com a reportagem, o presidente da APP-Sindicato informou que está com suspeita de Covid-19. “A minha família procurou atendimento hoje (segunda), fizemos o teste e aguardando o resultado. Esperamos que não seja nada, pois tomamos muito cuidado. Eu não saí de casa para nada, nem para ir ao supermercado, mas esse vírus é terrível. Por isso que a gente tem alertado tanto. Não adianta voltar presencialmente, senão vai ser uma catástrofe."

SEED

O diretor de Educação da Seed ( Secretaria de Estado da Educação e do Esporte do Paraná), Roni Miranda Vieira, afirmou que o retorno gradual às aulas presenciais foi positivo no Estado inteiro. “Tirando o frio muito intenso, que afastou muitos estudantes, foi um retorno cauteloso e bem conservador. Acreditamos que 30% das turmas e estudantes tenham retornado às escolas”, afirmou ele, dizendo que há um pedido dos chefes dos núcleos regionais de educação para que esse retorno fosse mais cauteloso. “A gente vai escutar a base sempre”, garantiu.

Sobre a volta às aulas em Londrina, ele disse que os pais ainda precisam de adaptação. "Entendo que as escolas vazias em Londrina neste momento estejam replicando o que aconteceu nas outras cidades quando ocorreu a reabertura. Por lá também as escolas estiveram vazias em um primeiro momento, mas na sequência veio o aumento gradual da presença. Essa decisão cabe aos pais”, declarou.

Vieira confirmou que a APP-Sindicato pediu que as aulas fossem mantidas pelo ensino remoto e que os professores querem manter as atividades assim. “Eu não sei como vão fazer isso. Uma parte dos estudantes não está no ensino remoto, porque não possui acesso à internet, ou ao Google Meet. A prioridade é retomar as aulas presenciais para quem está tendo aulas por material impresso.”

(Atualizada às 16h45)

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