Alunos escrevem cartas de encorajamento pela recuperação de colega de escola
Após ler matéria na FOLHA, alunos se sensibilizaram e resolveram transmitir ânimo e força para Alessandro Oliveira, que luta contra câncer
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
Após ler matéria na FOLHA, alunos se sensibilizaram e resolveram transmitir ânimo e força para Alessandro Oliveira, que luta contra câncer
Pedro Marconi - Grupo Folha

Antes de toda a tecnologia e facilidade que se vê atualmente, as cartas em papel eram o único meio de se comunicar quando há distância. Na quinta-feira (19), Alessandro Masieiro Oliveira, 11, viu que mais do que palavras, cartas podem transmitir amor, carinho, encorajamento e ânimo. O garoto foi um dos personagens da matéria publicada naFOLHA no início de setembro sobre o Sareh (Serviço de Atendimento àRede de Escolarização Hospitalar). Tratando um tumor na perna esquerda no Hospital do Câncer de Londrina, ele vem sendo atendido pelo programa.
Sua história acabou chegando ao conhecimento de um grupo de alunos da Escola Municipal Dalva Fahl Boaventura, no conjunto das Flores, zona oeste da cidade, onde Alessandro estudou por três anos, antes de ir para a rede estadual de educação. “Estamos trabalhando o gênero textual jornalístico e pegamos uma matéria da Folha de Londrina. Achamos o assunto interessante, de estudo dentro do hospital, e vimos o Alessandro, lembrando que ele era da escola. Diante disso, toda a turma resolveu escrever cartas para ele, como forma de apoio”, contou a professora da turma, Elenita Silva Serra.
Foram 25 cartas de meninos e meninas que cursam o 4º ano do ensino fundamental. Muitos lembravam do colega de escola, que atualmente está no sexto ano no Colégio Estadual Polivalente, enquanto outros não o conhecem. Entretanto, isto não foi empecilho para transmitir força e formar uma nova amizade. “Nas cartinhas eles contam das mudanças na escola, têm palavras de incentivo e fazem várias perguntas, de como ele está, como é estudar no hospital”, relatou a professora, se comprometendo em buscar as respostas de Alessandro assim que estiverem prontas. “Eles querem acompanhar o tratamento”, acrescentou.
Na entrega das cartas, que também contou com uma lembrança da escola, esteve presente Rafael Tranin Domingues Libarino, 9. Matriculado na turma que teve a iniciativa, ele representou os colegas de classe e, principalmente, foi levar sua história de superação. Ele terminou em agosto um tratamento de três anos contra leucemia. “Em 2016, passei a não conseguir andar. Minha família não sabia o que era e fui levado para Curitiba, para exames. Descobri que tinha leucemia e comecei a tratar”, lembrou. “Foi difícil, mas fui forte e aguentei”, destacou.
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ACOLHIMENTO
Tímido, Alessandro Oliveira mais ouviu do que falou neste encontro, que gerou emoção. Observou tudo do início ao fim, colocando no olhar toda a gratidão e confiança em saber que, além da família, tem amigos com ele nesta luta. “Gostava muito de estudar na Dalva Boaventura. Gostava dos amigos, a escola era legal, aprendia bem. Obrigado pelas cartas e por tudo”, resumiu. Ele se prepara para passar por uma intervenção cirúrgica em 27 de setembro, quando o tumor será retirado e um prótese vai ser colocada.
O garoto, que mora no jardim Santa Rita, na zona oeste, está tratando o câncer desde o começo deste ano. Para a mãe dele, Thaisi Masieiro dos Santos, o sentimento é de alegria por todo o carinho recebido. “Me sinto privilegiada em ser mãe de uma criança tão inteligente, de bom coração. Sou muito grata à escola, professoras, alunos, por promoverem um momento tão feliz na vida do meu filho. Só quem passa por essa situação de ter o câncer ou alguém da família com a doença sabe o quanto é importante e bom ser acolhido neste momento. Logo será a homenagem pela cura dele”, valorizou.

SENTIDO ESPECIAL
Segundo a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Dalva Fahl Boaventura, Silvia Helena de Freitas Ruiz, a carta é o meio de comunicação mais antigo que existe e a atitude dos alunos fez com que o aprendizado em sala de aula tenha ainda mais sentido. “Normalmente, quando estudam este conteúdo, invetam os textos para as cartas, mas, nesse caso foram verdadeiras, tiveram um sentido especial.”
Não se abatendo por conta dos desafios, Alessandro Oliveira ainda não conseguiu frequentar o atual colégio por conta do tratamento, sendo atendido pelo Sareh. Durante a entrega das cartas, inclusive, a responsável pelo serviço no Hospital do Câncer, Lucinéia Terra, esteve na casa da criança para ver os conteúdos que está aprendendo. Estudioso, com gosto pela matemática, o garoto tem dado diariamente um ensinamento: a grandeza de ser um “pequeno guerreiro” pela vida.

