“Gosto muito das disciplinas de história, geografia e português", explica Nicole Luzia de Marque, com a professora Aline Chanan
“Gosto muito das disciplinas de história, geografia e português", explica Nicole Luzia de Marque, com a professora Aline Chanan | Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

Morador do jardim Santa Rita, na zona oeste de Londrina, e aluno do sexto ano do colégio estadual Polivalente, Alessandro Masieiro Oliveira, 11, vem sendo acolhido pelo Sareh (Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar) desde o início do ano, quando descobriu ter um tumor no osso da perna esquerda, iniciando o tratamento logo em seguida. Com habilidades para exatas, é conhecido pelos professores por ser dedicado e inteligente. “É importante estudar para crescer na vida”, resume o menino, internado no Hospital do Câncer.

Segundo a mãe do garoto, Thaisi Masieiro dos Santos, o filho sente falta de frequentar a escola, mas sabe que estará de volta à sala de aula após enfrentar uma fase difícil. “Quando passamos em frente ao colégio para vir ao hospital ele fala que fica triste de ver adolescente que 'mata aula', que engana os pais. Ele afirma que se pudesse estaria na escola, porque quer ser vitorioso”, conta. “Ter a aula no hospital é fundamental, pois não deixa a criança desamparada no ensinamento. Nem tudo é um 'mar de flores', mas eles lutam para ser felizes e o aprendizado distrai”, opina.

"Nem tudo é um 'mar de flores', mas eles lutam para ser felizes e o aprendizado distrai”, opina Thaisi Masieiro dos Santos,  mãe de um paciente do hospital
"Nem tudo é um 'mar de flores', mas eles lutam para ser felizes e o aprendizado distrai”, opina Thaisi Masieiro dos Santos, mãe de um paciente do hospital | Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

Mesmo com a pouca idade, Alessandro Oliveira já faz planos profissionais para o futuro. “Antes queria ser jogador de futebol, porém, vou ter que fazer cirurgia na perna e não vou poder. Então, agora penso em ser engenheiro civil”, projeta.

Hoje curada de uma leucemia, Nicole Luzia de Marque cultiva um carinho especial pelo Sareh. Ela foi uma das atendidas pelo serviço durante todo o ano de 2014 e em parte de 2015. “Se não fosse o serviço tinha perdido o 7º ano. Passei mais meses no hospital do que na escola. Contava com o atendimento domiciliar também. Tinham dias que não estava bem, mas me esforçava”, recorda a jovem, que vive em Arapongas (Região Metropolitana de Londrina).

Recentemente, ela voltou a ser internada por alguns dias no Hospital do Câncer em razão de uma infecção, tendo novamente aulas no leito. “Gosto muito das disciplinas de história, geografia e português. Estou no terceiro ano do ensino médio e me preparando para prestar o vestibular em medicina na UEM (Universidade Estadual de Maringá)”, planeja.

ATENDIMENTO DOMICILIAR

O Sareh (Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar) ainda dispõe do atendimento domiciliar. Contam com este serviço os alunos que precisam ficar afastados do ambiente escolar por 90 dias ou mais, amparados por atestado médico. “A família leva o atestado à escola do estudante, os responsáveis pela gestão pedagógica entram em contato com o núcleo e a partir do atestado solicitamos o professor para atendimento na residência”, elenca Renata Solange Urrutia, técnica pedagógica do setor de Educação Especial do NRE (Núcleo Regional de Educação) de Londrina.

Existe uma instrução que organiza este serviço, determinando que a partir do momento que o processo é encaminhado para Curitiba é feita uma análise de atestado e outros documentos para deliberar a oferta de atendimentos, podendo ser de três a nove por semana, com um ou três professores. “É o especialista que vai verificar se o estudante pode ter uma carga horária maior, ter contato com pessoas. Se são três docentes, são nas áreas de linguagens, exatas e humanas. Se é um, ele faz a 'ponte' com a escola, levando atividades, orientações. O aluno tem direito de ser atendido em outros espaços além da escola quando não está hospitalizado, mas, a partir de análise clínica.”

O Sareh domiciliar é por tempo determinado, sendo renovado a cada três meses, dependendo do estado de saúde do aluno. Até agosto, o NRE de Londrina tinha 33 casos em andamento com assistência, sendo 11 por depressão, a mesma quantidade para câncer, e sete por questões diversas, como acidentes e cirurgias. “Sempre pedimos para a escola fazer a reinserção do aluno, os colocando aos poucos novamente em contato com os colegas, convidando para comparecer quando houver atividades diversificadas. É trazer a normalidade para este aluno, com suas relações e troca de experiências”, ressaltou.

A família do aluno que fica afastado da escola não é obrigada a aceitar o serviço de atendimento hospitalar e domiciliar, porém, a profissional diz que negativas não costumam acontecer. Caso isso ocorra, a instituição de ensino encaminha cronograma de atividades sem intermédios.