O desinteresse frequente de empresas na reconstrução da unidade básica de saúde da Vila Fraternidade, na zona leste de Londrina, fez com que a prefeitura buscasse saber com as terceirizadas os motivos das duas licitações abertas até agora não terem recebido uma proposta sequer.


O prédio antigo, da década de 70, foi demolido em 2014 para dar lugar a uma nova estrutura. Em 2021, a construtora Terra Viva Serviços de Engenharia Ambiental abandonou a obra com 44% de execução. Em novembro do ano passado, a administração do prefeito Marcelo Belinati (PP) abriu novo processo, com valor de R$ 912 mil.

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Ninguém se interessou. No dia 17 de fevereiro deste ano, o poder público insistiu mais uma vez. Publicou um edital de mais de R$ 1 milhão, o maior em orçamento até então. Mas a licitação deu deserta. Com as expectativas frustradas, o Programa Compra Londrina, vinculado à Secretaria de Gestão Pública, entrou em contato com 15 fornecedoras que sempre recebem informações de obras do município.

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. | Foto: Roberto Custodio



Das empresas contactadas, 10 - os nomes foram omitidos do documento - explicaram o porquê de não apresentarem propostas. Segundo o relatório que a FOLHA teve acesso, a pesquisa identificou três motivos: a rejeição do mercado porque a UBS tem "status" de abandonada, o aumento dos preços dos materiais de construção civil e a exigência de documentação que impedem a participação de instituição experientes nas licitações.

Em relação ao primeiro apontamento, as construtoras disseram que "assumir uma obra pública parada não é sinônimo de negócio atrativo e, sim, de problemas imprevisíveis. De forma geral, há ainda desconfiança com relação à capacidade do poder público na mediação correta deste tipo de problema", como descreveu o coordenador do Programa Compra Londrina, Marcelo Frazão, no levantamento.

MEDO DA CRIMINALIDADE

Uma das empresas ouvidas na pesquisa relatou que a grande dificuldade para participar das licitações "é o número de furtos e invasões, o que impõe custos extras". O cenário de abandonou tem atraído a criminalidade. Bandidos se aproveitam da estrutura para esconder drogas e fugir da polícia.

A ousadia dos traficantes quase virou conto natalino no ano passado, quando a Guarda Municipal apreendeu, em um boneco do Papai Noel, várias porções de maconha e cocaína. Ninguém foi preso, mas a história inusitada já entrou para os capítulos da UBS da Vila Fraternidade.

Número de furtos e de invasões também é apontado como empecilho
Número de furtos e de invasões também é apontado como empecilho | Foto: Roberto Custodio

TRÂMITE

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, disse em despacho que "não vê problemas a alterações que se façam necessárias na licitação, especialmente porque se demonstrou a ineficácia do processo com os requisitos atualmente exigidos".

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o processo está na Secretaria de Obras, que vai atualizar o valor da construção, mas sem prazo de quando a nova licitação será publicada.

Os pacientes que deveriam ser atendidos na Vila Fraternidade precisam se deslocar até a unidade da Vila Ricardo, que fica cerca de um quilômetro de distância.

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