Deral vê potencial para o estado ampliar ainda mais a produção de feijão
Deral vê potencial para o estado ampliar ainda mais a produção de feijão | Foto: Ricardo Chicarelli/ 13/06/2012

Projeção apresentada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aponta que a produção brasileira de feijão neste ano será de 3,1 milhões de toneladas. O Paraná, por sua vez, deverá participar com 26% desse volume, ao produzir quase 800 mil toneladas durante as três safras.

Essa alta produção posiciona o território paranaense como o maior produtor do grão em nível nacional. “Dependendo da demanda do mercado, há potencial para o Paraná ampliar ainda mais essa participação”, analista Methodio Groxko, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento).

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A previsão era de que até o fim desta semana (10 de julho) seria finalizada a colheita da 2ª safra, que começou em maio.

As maiores regiões produtoras de feijão no Paraná, referente à 2ª safra, são Pato Branco (80 mil hectares plantados); Francisco Beltrão (51,9 mil hectares plantados); Ponta Grossa (51 mil hectares plantados) e Guarapuava (43,5 mil hectares plantados).

Até a primeira semana de junho, 67% do feijão já havia sido colhido no Estado, entre os 303 mil hectares cultivados nesta segunda safra, com projeção de 605 mil toneladas. Sobre as condições da lavoura, 15% delas têm áreas ruins, 43% áreas médias e 43% condições satisfatórias ou boas.

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“A lavoura vinha bem, até que chuvas recentes prejudicaram a qualidade do grão e a operacionalização da colheita”, explica o técnico.

Feijão preto

Dados do Censo Agropecuário de 2017 apontam que o feijão preto domina as propriedades paranaenses. Ao todo, são quase 50 mil propriedades que cultivam essa variedade no Estado. Na sequência vem o feijão de cores, com mais de 13 mil propriedades, e o feijão fradinho, com 511 estabelecimentos rurais cultivando esse tipo.

A maioria do feijão de cores produzido em terras paranaenses é destinada aos mercados de São Paulo e abastece alguns estados nordestinos. Já o feijão preto é preferido para o consumo nos estados do Sul e no Rio de Janeiro.

O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária), a riqueza produzida pelo cultivo do feijão, alcançou R$ 2 bilhões em 2020 no Paraná, segundo levantamento realizado pelo Deral. Esse volume financeiro representa 1,64% do VBP total da atividade agropecuária desenvolvida no Estado.

“Hoje o maior desafio dos produtores de feijão é climático, sendo prejudicados tanto pela seca como pelo excesso de chuvas. No ano passado, a seca e a geada prejudicaram o desenvolvimento das plantas, e a chuva prejudicou a colheita”, relembra o técnico.

DESAFIOS

O agricultor Fábio de Paula Herdt planta feijão há oito anos na propriedade localizada no distrito de Lerroville, em Londrina. A atividade é tocada pela família. “Na última colheita colhemos cerca de 18 toneladas de feijão carioca. Na próxima safra, nossa expectativa é colher 24 toneladas”, comparou.

Ele destaca que o preço neste ano do feijão está melhor que em 2021, puxado pelo aumento dos preços da soja e do milho. “No ano passado a saca de 60 kg de feijão girava em torno de R$ 250. Agora, está R$ 350. Mas, por outro lado, o custo de produção também subiu demais”, pondera.

Fábio lembra que grande parte do feijão produzido vem da agricultura familiar. “Nosso maior desafio é o custeio de tecnologia para o desenvolvimento da plantação. É uma atividade lucrativa, mas que exige muita mão de obra, porque é uma lavoura que tem que ser arrancada, então cada vez se planta menos feijão no Brasil. Uma colhedeira de feijão hoje é muito cara, o agricultor familiar não tem condição de comprar e pagar. A colhedeira que colhe milho e soja não colhe feijão, tem que ser específica”, pontua.

Para superar esse desafio, Fábio entende ser necessário maior incentivo por parte dos governos. “Precisamos de financiamentos para aportar recursos e, com isso, conquistarmos mais tecnologia para a agricultura familiar.”

Hoje, toda a produção de Fábio é comercializada para a Copacon (Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista), de Londrina. “Todo feijão que a gente produz já tem venda garantida para a cooperativa”, conclui.

O Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses) calcula que podem ser encontrados no Brasil cerca de 40 tipos de feijão. O queridinho no país é carioca, atesta a instituição, ressaltando que mais de 50% da área cultivada do grão é semeada com este tipo de feijão.

O feijão preto, plantado em cerca de 20% da área produtora, tem maior consumo no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no sul e no leste do Paraná, no Rio de Janeiro, no sudeste de Minas Gerais e no sul do Espírito Santo, informa o Ibrafe em seu site. Já o feijão caupi ou feijão-de-corda é o mais aceito na Região Norte e na Nordeste e, mais recentemente, vem ganhando mercado no exterior.

Veja os tipos de feijão mais consumidos no Brasil:

- Carioca

- Preto

- Fradinho

- Vermelho

- Mungo

- Branco

- Tigre

Fonte: Ibrafe

Dia Mundial dos Feijões e Pulses

Sete entre 10 brasileiros consomem feijão todos os dias, fazendo dele um prato símbolo da nossa gastronomia e um dos componentes da mistura mais amada país afora: o arroz e feijão.

Mas o feijão não é amplamente consumido só no Brasil, tanto que em 2018, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) declarou10 de fevereiro como o Dia Mundial dos Pulses, conhecido no Brasil como Dia Mundial dos Feijões e Pulses.

Pulses são as leguminosas secas e, no Brasil, seus representantes mais conhecidos são o feijão, a ervilha, a lentilha e o grão-de-bico. A palavra pulse vem do latim "puls", que significa “sopa grossa” - quando cozidos, esses grãos produzem um caldo grosso.

Rico em proteína, fibras, várias vitaminas e aminoácidos, este grupo de alimentos tem sido cultivado ao redor do mundo por milhares de anos.

O principal objetivo da criação de um dia dedicado aos pulses é aumentar a conscientização sobre a contribuição deles para a segurança alimentar, a nutrição e a adaptação às alterações climáticas e mitigação, preservando e com base no sucesso do ano de 2016 – Ano Internacional dos Pulses – também declarado pela ONU.

Fonte: Ibrafe