Imagem ilustrativa da imagem Ingenuity realiza o primeiro voo de uma aeronave em Marte
| Foto: AFP / Nasa/JPL-Caltech

São Paulo - Após alguns dissabores, o mini-helicóptero Ingenuity subiu aos céus marcianos nesta segunda-feira (19), pairou por 30 segundos e depois desceu, exatamente como planejado. O voo ocorreu por volta das 4h30 (de Brasília) e os dados iniciais foram recebidos no controle da missão cerca de três horas depois. A um custo de US$ 85 milhões para a Nasa, o projeto demonstrou a capacidade de um veículo aéreo atingir voo autossustentado em Marte, a despeito de uma atmosfera que tem menos de um centésimo da densidade da terrestre. Para isso, as pás do Ingenuity tiveram de girar a 2.500 rotações por minuto, cerca de cinco vezes mais que um típico helicóptero na Terra.

Além das imagens do próprio Ingenuity (“engenhosidade”), o rover Perseverance (“perseverança”) também fotografou o helicóptero em voo. Incluído de última hora na missão Mars 2020, o helicóptero marciano é um demonstrador tecnológico. Espera-se que seu sucesso pavimente futuras missões aéreas em Marte.

E, como é natural, a equipe do Ingenuity enfrentou percalços até conseguir concluir o primeiro voo. O plano original previa que acontecesse no domingo passado (11). Mas uma anomalia durante o último teste dos rotores fez com que a agência espacial americana empurrasse até a última quarta (14). E então a equipe de engenharia realizou uma análise de como contornar o problema e concluiu que seria preciso alterar e reinstalar o software no Ingenuity.

O processo, por si mesmo, não tinha como ser rápido, porque dependia de conexões Terra-orbitadores, orbitadores-Perseverance e Perseverance-Ingenuity, até poder transmitir o pacote de dados a seu destino. Depois, era preciso instalá-lo e reinicializar o computador de bordo com ele, antes de poder proceder com uma nova tentativa. Daí, confirmado o sucesso da atualização, a remarcação do voo para a madrugada desta segunda. A física envolvida num voo aerodinâmico é bem conhecida.

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Mas Terra e Marte são dois planetas bem diferentes, o que torna o desafio bastante peculiar. Nosso planeta tem uma gravidade duas vezes e meia mais intensa que a do vizinho, o que naturalmente facilita uma decolagem por lá. Em compensação, a densidade da atmosfera marciana é um centésimo da terrestre, o que faz com que a força gerada por rotores seja bem menor.

MiMi Aung, engenheira birmanesa-americana que gerencia o projeto do Ingenuity, estava, com toda justiça, eufórica após a recepção dos dados. “Os colegas perguntavam a cada marco atingido se poderiam comemorar, e eu dizia, ainda não, ainda não. Pois bem, agora sim. Celebrem o momento e depois, de volta ao trabalho!” A equipe planeja realizar até cinco voos com o Ingenuity, e talvez até mais, se o veículo seguir resistindo ao ambiente marciano, que envolve alta radiação e frias noites a -90 graus Celsius.

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