“Para mim é uma satisfação", diz Viviane Gasparini
“Para mim é uma satisfação", diz Viviane Gasparini | Foto: Lais Taine
Ir ao mercado, resolver uma pendência no banco, buscar as crianças na escola. Hoje em dia, a administração da casa exige, entre outras coisas, mobilidade. Ser eleito o motorista oficial da família pode ser ruim para uns, mas para outros é uma satisfação acompanhar cada membro em seus compromissos individuais e participar da administração do lar. Nessa rotina de encaixe entre uma tarefa e outra, o motorista da família também guarda suas histórias.
“Meu filho já perdeu aula, porque eu não consegui chegar a tempo”, confessa Viviane Gasparini, 42, sobre os engarrafamentos da vida. Ela formou-se em nutrição e, por escolha própria, resolveu dedicar-se totalmente à família. “Hoje minha profissão é ser mãe. Mãetorista”, ri com o trocadilho.
O apelido não a ofende, ela gosta de assumir essa função. “Gosto de dirigir, de participar, de saber sobre as amizades dos filhos, ter contato com pais de amigos e até olhar o ambiente que eles estão frequentando, é importante”, afirma. Para amenizar o número das corridas, encontrou uma forma segura de compartilhar a função. “Agora nós também conhecemos pais de amigos que podem dividir a carona, uma hora eu vou, outra hora os pais do amigo é que vão”, sugere.
Há um mês, este trabalho tem sido menos intenso, pois a filha Júlia, 18, foi para um intercâmbio. Já o Victor, 14, está entre escola, aulas particulares, curso de inglês, além de saídas com os amigos.
Apesar de gostar de dirigir, Viviane evita os horários de pico e até aproveita para passar no supermercado enquanto o trânsito ameniza. Dessa forma, ela consegue fugir do estresse nas vias. Independente dos dias ruins, vê a direção como uma habilidade que lhe dá independência. “Ter isso é uma liberdade, é ótimo poder fazer suas coisas a hora que quiser, não me vejo dependendo de alguém para me levar e buscar”, argumenta.
Paixão adquirida da mãe. “Lembro que meu pai foi ensiná-la. Naquele tempo, não eram todas as mães que dirigiam, meu pai a apoiou e nós, minha irmã e eu, vimos que para ela foi libertador”, afirma. Essa independência se tornou um desejo natural entre as filhas, que aprenderam cedo a dirigir. “Eu comecei a fazer autoescola antes dos 18, um mês depois do meu aniversário já estava com a minha carteira de habilitação”, relata.
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TERAPIA
Além da direção, há cuidados com o veículo, algo que Viviane não dispensa. “Eu que lavo meu carro, eu adoro! Sou bem cuidadosa, não deixo as crianças comerem dentro, falo para esperarem chegar em casa”, ri com a determinação. Manutenção também fica sob sua responsabilidade, então sempre leva o carro a uma agência para as revisões e ajustes.
Esse prazer pela direção também se revela nas estradas. “Quando estou com meu marido, a gente divide o tempo de direção, mas já fui com a família sem ele e correu tudo bem”, aponta.
Sobre a rotina, conta que precisa se planejar muito bem para lidar com os compromissos individuais e atender às demandas da casa e da família, levando e buscando cada um de suas atividades. Apesar do trabalho, sente-se bem em poder participar desse processo. “Para mim é uma satisfação, não reclamo, porque eu sei que é só uma fase e que vai passar, então prefiro que seja assim”, defende.