Qual a importância da saúde mental? Para um grupo de psicólogos que atua em Londrina, a qualidade de vida cognitiva ou emocional é fundamental para todo o processo do ser humano. Pensando nisso, os profissionais lançaram um projeto popular voltado para a população socioeconomicamente afetada pela pandemia de coronavírus e vulnerável.

Segundo psicólogas, a pessoa emocionalmente tratada tem um desenvolvimento melhor em qualquer aspecto da vida
Segundo psicólogas, a pessoa emocionalmente tratada tem um desenvolvimento melhor em qualquer aspecto da vida | Foto: iStock

A pessoa é atendida semanalmente com sessões de psicoterapia na clínica, que fica no centro da cidade, e de forma individual. O paciente paga um valor mensal, no entanto, a taxa é consideravelmente menor do que o indicado na tabela referencial de honorários do CRP-PR (Conselho Regional de Psicologia do Paraná). O dinheiro é utilizado para manutenção do espaço e para gerar renda aos profissionais, beneficiando ambos os lados.

“A pessoa emocionalmente tratada tem um desenvolvimento melhor em qualquer aspecto da vida. Vai saber resolver problemas, vai se desenvolver melhor no trabalho, com os amigos, na família. A terapia funciona como um guia para ajudar a pessoa sair dos problemas emocionais. Além disso, a doença mental traz questões físicas, já que o corpo sente”, destacaram Mariana e Marielle Fernandes, que são irmãs e coordenam o projeto.

A iniciativa surgiu no contexto da pandemia, com o isolamento social e as pessoas tendo que enfrentar problemas que já existiam, mas ficavam “escondidos” na correria do dia a dia. “As pessoas começaram a ficar em casa e apareceram os problemas de relacionamento. Os pais passaram a observar os filhos, as pessoas começaram a ficar ansiosas, angustiadas, depressivas. Foi o start para procurar a terapia”, comentaram.

Entretanto, com a retomada das atividades econômicas e em meio à crise financeira, demissões e redução de jornadas e salários, a saúde mental voltou a ficar em segundo plano. “Deram prioridade para outras coisas e abandonaram a terapia. Vendo essa demanda, estruturamos o projeto, até porque o SUS (Sistema Único de Saúde) não consegue atender todos que precisam”, constataram.

Os interessados passam por uma triagem - em que é observado se o paciente está dentro dos requisitos elencados – e não podem faltar na sessão três vezes sem avisar e justificativa. Os atendimentos iniciaram há cerca de dois meses e o grupo já conta com 15 pacientes, que viram postagens nas redes sociais e divulgaram para amigos. Oito psicólogos são responsáveis pelos atendimentos.

DESENCADEANDO PROBLEMAS

Entre as principais dificuldades que os profissionais têm observado em relação aos pacientes e na sociedade em geral estão a ansiedade e a angústia. “As pessoas estão perdidas, desesperançosas. Gente que perdeu o emprego, adolescentes angustiados e com pais que nunca os perceberam e agora estão percebendo, comportamentos deprimidos, insegurança. Se não tratar, desencadeia crises de ansiedade, descontrole, não vai se relacionar bem e não terá uma vida saudável”, alertou Mariana Fernandes.

Marielle e Mariana Fernandes
Marielle e Mariana Fernandes | Foto: Divulgação

OLHAR PARA SI

As coordenadoras pretendem levar informações sobre o projeto até UBS (Unidades Básicas de Saúde) e escolas municipais, por meio de parceria com o poder público, para que chegue a mais pessoas. Além disso, elas destacam que o ambiente em que o indivíduo está inserido torna-se um fator a mais para desencadear todas as dificuldades relacionadas à saúde da mente e que a pandemia quebrou muitos tabus sobre a terapia.

“Estão tendo consciência de que a terapia é para todos e não somente ricos. Sem emocional não adianta ter dinheiro, trabalho estável e família que te apoia. A pandemia foi um ‘chacoalhão’ que mostrou isso. A terapia é tempo de se olhar”, pontuaram.

As psicólogas também mantêm um projeto de atendimento terapêutico voluntário. Inicialmente, o “Senda” contemplava crianças e adolescentes acolhidas em centros de convivência de Londrina, porém, tem sido estendido a mais públicos que não têm condições de pagar.

SERVIÇO - Mais informações pelos telefones (43) 3337-7793 e (43) 99959-9130 (WhatsApp)

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