Paris - O Instituto Europeu de Patentes (EPO) premiará pela primeira vez inovações de inventores com menos de 30 anos. Os finalistas são do Brasil, Estados Unidos, Bélgica e Reino Unido. Eles conhecerão no dia 21 de junho, em cerimônia virtual, o vencedor do "Young Inventors Prize", criado este ano para promover a inovação entre os jovens ao serviço dos problemas do planeta (meio ambiente, saúde, etc.), anunciou o EPO, uma instituição pública europeia com sede em Munique.

A brasileira Rafaella de Bona Gonçalves, 25, formada em 2020 em Design de Produtos pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), em Curitiba, foi indicada por ter desenvolvido absorventes higiênicos biodegradáveis a partir de fibras de resíduos de banana ou bambu.

Partindo dos problemas das mulheres em situação de rua, a jovem pesquisadora tenta lutar contra a "precariedade menstrual", ou seja, as dificuldades de acesso a produtos higiênicos, instalações sanitárias e gestão de resíduos, que afetam quase 500 milhões de mulheres em todo o mundo todos os meses.

“A abordagem da Rafaella de Bona Gonçalves na resolução de problemas é inteligente e empática. Ele aborda duas questões simultaneamente: aumenta o acesso das mulheres aos produtos sanitários necessários e, ao mesmo tempo, transforma um fluxo de resíduos em um material valioso”, afirma o presidente da EPO, António Campinos, anunciando os finalistas do prêmio Young Inventors prize 2022. “O que começou como um projeto universitário solo se transformou em um empreendimento social promissor, com rede de parceiros comprometidos e um produto com potencial de impactar positivamente a vida de muitas mulheres.”

No site do EPO, é contada a trajetória da paranaense. "Como parte de um curso de design de produto, Rafaella De Bona Gonçalves começou a pensar em diferentes formas de pobreza e entrevistou mulheres em situação de rua no Brasil. Lá, ela ouviu pela primeira vez sobre a pobreza do período: acesso inadequado a produtos sanitários, instalações de lavagem e gerenciamento de resíduos impactando pelo menos 500 milhões de pessoas em todo o mundo todos os meses. As mulheres sem-teto são particularmente afetadas, pois não podem comprar produtos sanitários e muitas vezes improvisam, levando a infecções e mais estigma social", diz um trecho.

Rafaella de Bona Gonçalves é finalista do prêmio que busca promover a inovação entre os jovens
Rafaella de Bona Gonçalves é finalista do prêmio que busca promover a inovação entre os jovens | Foto: Gustavo Queiroz / European Patent Office

"Inicialmente, ela projetou "Maria - Absorvente Íntimo", um rolo semelhante a papel higiênico que desenrola folhas conectadas de absorventes pré-cortados para serem arrancados, desdobrados e enrolados em tampões de qualquer tamanho. Mais tarde, ela desenvolveu outro produto que pode ser usado como absorvente com tiras adesivas ou rasgado ao longo de perfurações e convertido em dois tampões. A reformulação visual incluiu embalagens atraentes, o que permitiu que seu parceiro de distribuição, Eco Ciclo, comercializasse um produto premium e adotasse um modelo de empresa social. Com pouco apoio do governo para distribuir esses produtos para grupos desfavorecidos, a Eco Ciclo seguirá uma abordagem "compre um, doe um", onde cada venda cobre o custo de uma doação de produto."

PODER DE ESCOLHA

“Por ser um produto descartável – devido à falta de saneamento básico em locais vulneráveis – o absorvente é feito de materiais biodegradáveis. É possível utilizá-lo tanto como absorvente externo quanto interno, proporcionando maior autonomia e poder de escolha a quem irá utilizá-lo, já que muitas das pessoas em situação de vulnerabilidade não possuem roupas íntimas", explicou a jovem, em entrevista à UFPR, em 2021, quando venceu o o concurso Diseño Responde, que selecionou soluções criadas por jovens para problemas enfrentados por países latino-americanos. .

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OUTROS FINALISTAS

A americana Erin Smith, 22, estudante de Neurociências da Universidade de Stanford (Estados Unidos), desenvolveu um aplicativo que funciona como ferramenta para a detecção precoce da doença de Parkinson e outros distúrbios neurológicos, com base no reconhecimento de expressões faciais.

Seu aplicativo "Faceprint" foi testado em larga escala na Escola de Medicina de Stanford. Prevê a doença com uma precisão de cerca de 95% de acordo com a OPE, e pode ajudar a retardar o desenvolvimento de sintomas graves (tremores e dificuldades de locomoção) graças à atenção precoce à doença que afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo.

Por fim, o belga Victor Dewulf, 25, e o britânico Peter Hedley, 27, são inovadores no campo da inteligência artificial e, graças a um sistema óptico de reconhecimento de resíduos e um braço robótico de triagem, inventaram um sistema automático que permite aumentar a proporção de resíduos classificados em esteiras transportadoras em aterros sanitários, tornando a reciclagem mais rentável. Eles fundaram sua empresa Recycleye em 2019 e arrecadaram quase um milhão de euros ao começar a trabalhar com o grupo de robótica Fanuc.

O vencedor receberá um prêmio de 20.000 euros (US$ 21.300). Os finalistas em segundo e terceiro lugar receberão 10.000 e 5.000 euros (US$ 10.645 e US$ 5.320), respectivamente, disse a EPO. (Com UFPR e EPO)

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