A família ainda está assimilando a perda de Rebeca Dayane da Silva Pionelli, 32. Ela faleceu no mês de agosto, após ficar internada em coma devido a uma trombose venosa cerebral. “O cérebro não tinha mais estímulos. Eu pedi para ver minha mulher e, ao sair do quarto, a família toda optou pela doação. Chamamos os médicos e manifestamos nosso desejo. Foi espontâneo e tenho certeza de que seria uma vontade dela”, diz Thiago Henrique S. Pionelli, 29. Nesta segunda-feira (27) é celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos, instituído pela Lei 11.584 de 2007 para conscientizar a sociedade sobre o tema e fazer com que as pessoas conversem com familiares e amigos a respeito.

Thiago Henrique Pionelli com a filha e a enteada: "Pensei que seria uma oportunidade de ajudar outras pessoas. Tenho certeza que ela está muito feliz"
Thiago Henrique Pionelli com a filha e a enteada: "Pensei que seria uma oportunidade de ajudar outras pessoas. Tenho certeza que ela está muito feliz" | Foto: Divulgação

Eles estavam casados há quatro anos e têm uma filha de 1 ano e 11 meses. Rebeca também deixou uma filha de 11 anos. “Até o acontecimento, a gente não tinha noção nenhuma sobre doação e transplante. Tendo contato com as equipes no hospital, esclarecemos nossas dúvidas e isso serviu para que, depois da perda da Rebeca, a família toda passasse a conversar sobre o assunto, manifestando o desejo de ser doador, ainda em vida”, afirma.

Pionelli lembra de uma única ocasião em que o tema foi abordado pelo casal. “A Rebeca disse que gostou da atitude da mãe que optou pela doação de órgãos após a morte de uma amiga. Então, na hora que vi a Rebeca respirando, mas sem chance de viver mais porque o cérebro já não respondia a nada, pensei que seria uma oportunidade de ajudar outras pessoas. Foram doadas as córneas, o fígado e o rim. Tenho certeza que ela está muito feliz”, ressalta.

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De acordo com o enfermeiro João Coutinho, que está na coordenação de protocolo de morte encefálica da Santa Casa de Londrina e é responsável pela busca ativa de possíveis doadores, acolhimento e entrevista familiar, são abertos, em média, cinco protocolos de possíveis doações a cada mês no hospital.

“Destes, normalmente temos entre dois a três aceites. Neste ano, até o presente momento, temos uma taxa de conversão de 80% de doação e 20% de recusa familiar”, diz. As equipes da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes reforçam que a decisão da família em doar ou não os órgãos de um ente que faleceu fica mais fácil quando todos conhecem o desejo da pessoa.

“Tento levar o máximo de informação, pois percebo parte da recusa é porque o paciente já tinha manifestado seu desejo e, por isso, a importância de conscientizar os pacientes em vida também”, explica.

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