Orientar sobre a prática de atividade física para prevenir e melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer é o objetivo do Guia “Atividade Física e Câncer: Recomendações para Prevenção e Controle”. O documento, produzido pela SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), com apoio da SBAFS (Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde) e do Inca (Instituto Nacional do Câncer), é gratuito e pode ser acessado no site da SBOC.

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Participaram da produção 16 pesquisadores de instituições de todo o Brasil. O guia é estruturado em duas partes: prática de atividade física para prevenir e diminuir o risco da mortalidade em pessoas que já tem a doença e estão sob tratamento após o diagnóstico – os chamados “sobreviventes” do câncer. A pesquisa utilizou os parâmetros da OMS (Organização Mundial da Saúde), que indica a prática de 150 minutos de atividade moderada ou 75 de atividades intensas por semana.

Com esses dados em mãos, estimou os benefícios da atividade física para os praticantes, utilizando métricas e metodologias específicas, e chegou a algumas evidências. “Concluímos que a prática de atividade física reduz o risco de desenvolver o câncer de mama e cólon, e, possivelmente, de pulmão; a redução de risco pode chegara a 28%”, afirmou o coordenador do guia, o professor do Departamento de Educação Física da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Rafael Deminice.

Para quem já tem a doença, a prática de atividade física moderada a vigorosa reduz o risco de mortalidade geral e específica por câncer de mama, cólon e reto, e de mortalidade específica por câncer de próstata. A redução do risco de mortalidade pode ser de até 50% nesses pacientes.

Deminice explica que o objetivo do guia é aproximar a população brasileira e os profissionais de saúde das mais recentes descobertas envolvendo a prática de atividade física e câncer. Segundo ele, apesar de existir uma série de estudos no mundo apontando para a importância da prática de atividade física para pacientes oncológicos, no Brasil ainda há uma cultura de tratamento desses pacientes com repouso. “Ao contrário da recomendação que muitos pacientes recebem de 'repousar', o documento orienta eles deveriam manter e até aumentar a prática de atividade física. Queremos quebrar esse paradigma”.

Rafael Deminice, professor da UEL e coordenador do guia
Rafael Deminice, professor da UEL e coordenador do guia | Foto: Divulgação - Agência UEL

QUATRO PASSOS

Como, então, tentar reverter essa cultura de tratamento dos pacientes oncológicos? A equipe desenvolveu, no guia, quatro passos e uma regra de ouro para profissionais de saúde que lidam com esses pacientes. O primeiro passo é encorajar pessoas, com ou sem diagnóstico, a fazer atividade física; o segundo é a máxima de que “todo movimento conta”. “Precisamos desestigmatizar o exercício físico. A caminhada, subir e descer escadas, movimentar-se no dia a dia etc., tudo isso conta, não é só o exercício físico na academia, por exemplo”.

O terceiro passo é dizer que a prática de atividade física para paciente oncológico é tolerável e segura. O quarto passo é considerar a disponibilidade e experiência prévia do paciente ao orientar a prática de atividades físicas.

A regra de ouro para os profissionais é promover atividade física como um hábito, incorporado na rotina de cada paciente. Por mais que existam pesquisas a respeito, essas máximas ainda são pouco conhecidas dos profissionais de saúde. “Existe uma grande lacuna entre a pesquisa e a prática no Brasil, assim como há pouquíssimos profissionais da saúde que orientam essas práticas por aqui”.

CORRENDO CONTRA O CÂNCER

No segundo semestre deste ano, Deminice deve colocar em prática, também como coordenador, o projeto de extensão Correndo contra o câncer. O projeto, que terá o patrocínio da Copel via Lei de Incentivo ao Esporte (nº 11.438/06), vai reunir pacientes oncológicos na pista de atletismo do Cefe (Centro de Educação Física e Esporte) para caminhadas e corridas. O projeto está na fase de captação de recursos e compra de materiais e deve atender 60 pessoas que já receberam o diagnóstico e fazem tratamento contra algum tipo de câncer. (Com informações da Agência UEL)

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