Guarulhos - O passaporte vacinal, chamado de "coleira" pelo presidente Jair Bolsonaro, já foi adotado por líderes de diferentes matizes políticas ao redor do mundo como medida para frear a disseminação da Covid e incentivar a adesão à campanha de imunização.

Imagem ilustrativa da imagem Conheça os países que adotam o passaporte de vacinação
| Foto: PASCAL GUYOT / AFP

Os principais exemplos estão em países que possuem parcela robusta da população com esquema vacinal completo - normalmente, acima de 70%, índice elogiado por especialistas em saúde pública. É o caso de Portugal (90%), Chile (88%), França (76%), Itália (76%), Reino Unido (71%), Grécia (70%) e Israel (65,4%).

É verdade que a medida, invariavelmente, vem acompanhada de críticas. Paris tem assistido a protestos desde que o governo de Emmanuel Macron propôs, e o Legislativo aprovou, um novo passaporte vacinal para maiores de 16 anos. Mais de 2.000 se reuniram no sábado (29) em oposição ao que dizem considerar um atentado às liberdades.

A regra exige que o comprovante de vacinação seja apresentado em locais públicos, como restaurantes e bares, e entrou em vigor na última semana para, nas palavras de Macron, "irritar os não vacinados", que tem cometido uma "imensa falta moral".

NAS RUAS

Mas as manifestações nas ruas não significam que a oposição à medida seja majoritária. Quando questionados sobre a exigência do passaporte vacinal em espaços de alimentação, 47% dos franceses disseram apoiá-la, e apenas 32% se opuseram, em pesquisa conduzida em setembro pelo instituto YouGov. No caso de grandes eventos públicos, os favoráveis eram 57%, e os contrários, 23%.

O mesmo levantamento revelou que a apresentação do comprovante de vacina como condicionante para acessar locais públicos desfruta de apoio substancial em toda a Europa. No Brasil, o cenário é semelhante: pesquisa Datafolha deste mês mostrou que 81% da população é a favor do passaporte vacinal para a entrada em locais fechados, como escritórios, bares, restaurantes e casas de shows.

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PIONEIRISMO EM ISRAEL

Nova para algumas nações, a medida já tem história em outros locais. Israel foi um dos pioneiros em adotar o passaporte, em fevereiro de 2021. À época com 20% da população com as duas doses , o país buscou reabrir espaços comuns, como sinagogas, ao mesmo tempo em que pudesse reduzir os riscos de contágio.

Desde então, pequenas flexibilizações foram feitas. Com 65% da população vacinada e a quarta dose sendo aplicada, o comprovante é exigido em eventos com mais de 50 pessoas, restaurantes, academias e universidades. Mas uma nova frente de discussão foi aberta recentemente pelas autoridades de saúde.

Painel consultivo do Ministério da Saúde de Israel recomendou que o chamado Green Pass seja revisado, argumentando que a alta transmissibilidade da variante ômicron torna a medida insuficiente.

PORTUGAL, PAÍS MAIS VACINADO DO MUNDO

A política também é uma realidade em Portugal, que sustenta o posto de país mais vacinado do mundo. Quando a ômicron se tornou a variante predominante, levando à alta de casos e hospitalizações, o premiê António Costa anunciou medidas para incentivar o reforço da vacinação -44% já tomaram a terceira dose.

O passaporte foi retomado para acessar restaurantes, estabelecimentos turísticos e espetáculos culturais. Casos específicos, como visitas a asilos ou a pacientes internados, tornam necessária, ainda, a apresentação de um teste negativo, mesmo para completamente vacinados.

PASSE DE MOBILIDADE NO CHILE

Não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos da medida, já que um deles está na vizinhança do Brasil. País mais vacinado da América do Sul, o Chile adota o chamado passe de mobilidade, comprovante de imunização exigido em grande parte dos locais.

Desde 1º de janeiro, o governo local desabilita o passe dos maiores de 18 anos que não receberam a dose de reforço, disponibilizada seis meses após a segunda dose e hoje aplicada em 65,7% da população chilena. A atualização já foi adotada de forma semelhante pela União Europeia.

TURISMO NA GRÉCIA

O bloco europeu anunciou em dezembro que o passaporte de vacinação, que permite o trânsito de cidadãos entre os países-membros, terá validade de nove meses, começando a valer a partir da data em que o indivíduo recebeu a segunda dose ou a dose única. Para que seja renovado, será preciso tomar o reforço.

Um dos membros da UE, a Grécia também adota restrições aos não vacinados desde o segundo semestre do ano passado, a despeito de a retomada do turismo, setor que representa um quarto do PIB do país, ser uma das prioridades do governo. O setor foi duramente afetado pela pandemia: enquanto o país recebeu 34 milhões de visitantes em 2019, em 2020 essa cifra caiu para 7,4 milhões de pessoas.

SUPER FREEN PASS NA ITÁLIA

A Itália é outro exemplo que reforçou as restrições. O governo excluiu a possibilidade de apresentar um teste negativo para a Covid ao acessar bares, restaurantes e o transporte público. Desde 10 de janeiro, somente a comprovação da vacina -com o certificado apelidado de "Super Green Pass"- é válida para entrar nesses espaços.

"A maioria dos problemas que estamos enfrentando hoje se deve ao fato de que existem pessoas não vacinadas, que têm muito mais probabilidade de desenvolver formas graves da doença e colocam os hospitais sob pressão", justificou o primeiro-ministro.

PRESSÃO NO REINO UNIDO

Também é verdade que esse tipo de política pressiona os governantes que a sustentam, e um exemplo está no Reino Unido. Quando a variante ômicron levou à explosão de casos e internações, o premiê Boris Johnson anunciou um pacote que previa o passe sanitário. O episódio gerou uma crise política, visto que membros do partido de Boris manifestaram repúdio ao endurecimento das regras.

O plano foi aprovado pelo Parlamento, mas durou pouco mais de um mês. Pressionado, desta vez devido à realização de uma série de eventos irregulares enquanto o país estava em confinamento, Boris se viu acuado por pedidos de renúncia e derrubou a exigência do passaporte sanitário.

ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos, a implementação do passaporte da vacina fica a critério das administrações estaduais e municipais. Em agosto, a cidade de Nova York se tornou a primeira a exigir o comprovante de vacinação para quem quiser frequentar bares, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais. Enquanto isso, lideranças estaduais, especialmente republicanas, aprovaram leis que proíbem medidas do tipo.

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