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Saúde 5m de leitura

Cirurgia inédita trata lesões vasculares com ondas de choque

Tecnologia é um avanço no tratamento de obstruções coronarianas, ao utilizar ondas de pressão acústica para "quebrar" as placas de cálcio

ATUALIZAÇÃO
03 de julho de 2022

Micaela Orikasa - Grupo Folha
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Cirurgia inédita trata lesões vasculares com ondas de choque

Aos 69 anos, James Jorge Chaek vivenciou situações inesperadas nas últimas semanas, protagonizando um momento importante para a medicina, especialmente na área de cardiologia. Ele foi o primeiro paciente a ser submetido a uma cirurgia em Londrina, que se utiliza de uma tecnologia inovadora chamada litotripsia. 

A técnica é conhecida mundialmente e foi realizada pela primeira vez no Paraná em junho, em um hospital de Londrina
 

A intervenção já foi realizada em São Paulo, mas é a primeira no Paraná. Através de um ultrassom que emite ondas de choque, os médicos conseguem desobstruir artérias, "quebrando" as placas de cálcio que se acumulam nelas, permitindo assim a preparação para o implante de stent (prótese utilizada para restaurar o fluxo sanguíneo na artéria coronária). 

'ESTOU ANIMADO'

Quase duas semanas após a cirurgia, Chaek se diz agradecido e em ótimas condições de saúde. “Quero voltar logo na consulta para perguntar quando eu posso voltar a fazer meus exercícios. Sou um apaixonado por futebol. Estou animado, me sentindo muito bem. A cirurgia foi bem tranquila e sem dor”, conta. 

Em Londrina, foram dois pacientes submetidos ao procedimento no mês de junho, no Hospital Araucária (zona sul). Segundo o médico cardiologista e hemodinamicista, Edmilson Yano Ishii, ambos procedimentos ocorreram muito bem, dentro do esperado. Ele comandou a cirurgia juntamente com o também cardiologista e hemodinamicista, Douglas de Santos Grion.

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Os especialistas contam que a técnica já é conhecida mundialmente, mas logo que ela foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para esta aplicação, começaram a estudá-la. “A ideia é expandir para os vasos periféricos como a aorta. O material vem dos Estados Unidos, onde já estão sendo produzidos cateteres maiores”, conta Ishii. 

A técnica representa um avanço no tratamento de obstruções coronarianas, como detalha o cardiologista. “Nas lesões das artérias, pode haver calcificação e dependendo do grau a artéria fica como, por exemplo, um cano de borracha endurecido. Para expandir esse vaso, temos que quebrar esse cálcio. Com essa técnica, chegamos a esse objetivo sem o risco de romper a artéria ou deixar fragmentos que possam ocluir o vaso. Consiste no mesmo princípio de quebrar cálculo renal, mas a aplicação na cardiologia é nova”, explica. 

Antes dessa tecnologia existiam limitações para dilatar a área obstruída e reestabelecer o fluxo sanguíneo. O desafio era chegar nas áreas comprometidas com segurança.

'trituram' as placas

Através de um fio guia que acessa a artéria, um balão é introduzido para emitir as ondas de choque. “Essas ondas ‘trituram’ as placas e já conseguimos ter a elasticidade do vaso. É um método a mais para otimizar o tratamento percutâneo para tratamento de stent. Nosso arsenal de tratamento aumenta, com menos risco e maior possibilidade de resultado. Quanto maior a área de vaso, melhor para o paciente porque aumenta o fluxo sanguíneo”, ressalta o médico cardiologista e hemodinamicista, Edmilson Yano Ishii

Considerando que o coração é um músculo, que bate umas 80 vezes por minuto, ele precisa de oxigênio e energia de forma regular para manter esse ritmo. E esse trabalho é feito pelas coronárias que, quando estão obstruídas, podem causar dor da angina ou infartos. Com a longevidade é maior o número de pessoas que apresentam calcificação nas artérias. 

“Quando uma pessoa tem uma placa de arteriosclerose (estreitamento ou endurecimento das artérias) há um processo inflamatório e uma cicatrização, provocando a calcificação. Isso ocorre porque o próprio organismo tratou essa ferida como uma forma de proteção, porém elevando o risco para obstrução coronariana”, afirma. 

Os exames para constatação de placas de cálcio nas paredes das artérias são o cateterismo ou a tomografia. O paciente geralmente não apresenta sintomas. “Nunca tive problemas de saúde. Acabou aparecendo uma hérnia inguinal que estava me incomodando. Fui fazer os exames pré-operatórios para marcar uma cirurgia e apareceu essa calcificação. Fiquei assustado porque nunca tive nada na vida”, comenta o paciente James Jorge  Chaek. 

CASOS SELECIONADOS

Vale lembrar que a indicação cirúrgica não é para todos os pacientes, mas para “alguns casos selecionados, como pacientes com alto grau de calcificação, além de critérios técnicos como o diâmetro do vaso. Cada caso precisa ser avaliado”, diz o especialista.

O procedimento dura em torno de uma hora e meia, e em um dia o paciente já pode voltar para casa. Por enquanto, o procedimento conhecido como ShockWave®️ IVL não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) e nem na saúde suplementar. (Com assessoria de imprensa) 

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