Aos 69 anos, James Jorge Chaek vivenciou situações inesperadas nas últimas semanas, protagonizando um momento importante para a medicina, especialmente na área de cardiologia. Ele foi o primeiro paciente a ser submetido a uma cirurgia em Londrina, que se utiliza de uma tecnologia inovadora chamada litotripsia.

A técnica é conhecida mundialmente e foi realizada pela primeira vez no Paraná em junho, em um hospital de Londrina
A técnica é conhecida mundialmente e foi realizada pela primeira vez no Paraná em junho, em um hospital de Londrina | Foto: Divulgação - Hemodinâmica Araucária

A intervenção já foi realizada em São Paulo, mas é a primeira no Paraná. Através de um ultrassom que emite ondas de choque, os médicos conseguem desobstruir artérias, "quebrando" as placas de cálcio que se acumulam nelas, permitindo assim a preparação para o implante de stent (prótese utilizada para restaurar o fluxo sanguíneo na artéria coronária).

'ESTOU ANIMADO'

Quase duas semanas após a cirurgia, Chaek se diz agradecido e em ótimas condições de saúde. “Quero voltar logo na consulta para perguntar quando eu posso voltar a fazer meus exercícios. Sou um apaixonado por futebol. Estou animado, me sentindo muito bem. A cirurgia foi bem tranquila e sem dor”, conta.

Em Londrina, foram dois pacientes submetidos ao procedimento no mês de junho, no Hospital Araucária (zona sul). Segundo o médico cardiologista e hemodinamicista, Edmilson Yano Ishii, ambos procedimentos ocorreram muito bem, dentro do esperado. Ele comandou a cirurgia juntamente com o também cardiologista e hemodinamicista, Douglas de Santos Grion.

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Os especialistas contam que a técnica já é conhecida mundialmente, mas logo que ela foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para esta aplicação, começaram a estudá-la. “A ideia é expandir para os vasos periféricos como a aorta. O material vem dos Estados Unidos, onde já estão sendo produzidos cateteres maiores”, conta Ishii.

A técnica representa um avanço no tratamento de obstruções coronarianas, como detalha o cardiologista. “Nas lesões das artérias, pode haver calcificação e dependendo do grau a artéria fica como, por exemplo, um cano de borracha endurecido. Para expandir esse vaso, temos que quebrar esse cálcio. Com essa técnica, chegamos a esse objetivo sem o risco de romper a artéria ou deixar fragmentos que possam ocluir o vaso. Consiste no mesmo princípio de quebrar cálculo renal, mas a aplicação na cardiologia é nova”, explica.

Antes dessa tecnologia existiam limitações para dilatar a área obstruída e reestabelecer o fluxo sanguíneo. O desafio era chegar nas áreas comprometidas com segurança.

'trituram' as placas

Através de um fio guia que acessa a artéria, um balão é introduzido para emitir as ondas de choque. “Essas ondas ‘trituram’ as placas e já conseguimos ter a elasticidade do vaso. É um método a mais para otimizar o tratamento percutâneo para tratamento de stent. Nosso arsenal de tratamento aumenta, com menos risco e maior possibilidade de resultado. Quanto maior a área de vaso, melhor para o paciente porque aumenta o fluxo sanguíneo”, ressalta o médico cardiologista e hemodinamicista, Edmilson Yano Ishii

Considerando que o coração é um músculo, que bate umas 80 vezes por minuto, ele precisa de oxigênio e energia de forma regular para manter esse ritmo. E esse trabalho é feito pelas coronárias que, quando estão obstruídas, podem causar dor da angina ou infartos. Com a longevidade é maior o número de pessoas que apresentam calcificação nas artérias.

“Quando uma pessoa tem uma placa de arteriosclerose (estreitamento ou endurecimento das artérias) há um processo inflamatório e uma cicatrização, provocando a calcificação. Isso ocorre porque o próprio organismo tratou essa ferida como uma forma de proteção, porém elevando o risco para obstrução coronariana”, afirma.

Os exames para constatação de placas de cálcio nas paredes das artérias são o cateterismo ou a tomografia. O paciente geralmente não apresenta sintomas. “Nunca tive problemas de saúde. Acabou aparecendo uma hérnia inguinal que estava me incomodando. Fui fazer os exames pré-operatórios para marcar uma cirurgia e apareceu essa calcificação. Fiquei assustado porque nunca tive nada na vida”, comenta o paciente James Jorge Chaek.

CASOS SELECIONADOS

Vale lembrar que a indicação cirúrgica não é para todos os pacientes, mas para “alguns casos selecionados, como pacientes com alto grau de calcificação, além de critérios técnicos como o diâmetro do vaso. Cada caso precisa ser avaliado”, diz o especialista.

O procedimento dura em torno de uma hora e meia, e em um dia o paciente já pode voltar para casa. Por enquanto, o procedimento conhecido como ShockWave®️ IVL não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) e nem na saúde suplementar. (Com assessoria de imprensa)

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