Os casos começam a aparecer, geralmente, a partir dos 60 anos e o envelhecimento é o principal fator de risco
Os casos começam a aparecer, geralmente, a partir dos 60 anos e o envelhecimento é o principal fator de risco | Foto: iStock

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a quantidade de pessoas com demência triplique em todo um mundo até 2050, passando dos atuais 50 milhões para cerca de 152 milhões. O Alzheimer é a causa mais comum desta perda de funções cerebrais, representando até 70% dos casos. Na luta contra a doença, como forma de prevenção, está manter a mente sempre ativa. Os casos começam a aparecer, geralmente, a partir dos 60 anos. O envelhecimento é o principal fator de risco.

De acordo com a geriatra londrinense Lindsey Mitie Nakakogue, várias são as formas de cuidar da saúde do corpo e do cérebro, que estão estreitamente ligados. “É evitar as doenças cardiovasculares, controlar a hipertensão, diabetes, colesterol e peso, não fumar, não ingerir álcool em excesso, fazer atividades físicas. Quanto mais trabalha e aprende algo de novo, mais reserva neuronal acaba tendo”, explica.

O Alzheimer é caracterizado como uma doença degenerativa e que, inicialmente, acomete a memória recente, com o indivíduo sentindo dificuldades para lembrar onde guardou objetos, fatos e o que disse. “Posteriormente começa a interferir no dia a dia. Alguém que trabalha muito, por exemplo, começa a ter dificuldades de chegar a um local que sempre costuma ir, se perde. Altera várias áreas da cognição”.

Fatores genéticos também influenciam. Estudos mostram que quem tem parentes de primeiro grau com a doença aumentam em 3,5 vezes as chances de também tê-la. Outros fatores de risco são baixa escolaridade, menor reserva de neurônios e esportes que culminam em muitos traumas na cabeça. Uma vez havendo suspeita, o paciente deve procurar médico geral, que pode encaminhar para geriatra, neurologista e psiquiatra, quando é confirmado o diagnóstico e inicia-se o tratamento. Não existe cura para o Alzheimer, por isso, os medicamentos servem para atrasar a progressão, fazendo com que a pessoa continue independente por um maior tempo.

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ALARME
A médica ainda alerta para diferença entre o esquecimento e o Alzheimer, que, muitas vezes, são confundidos. “Esquecer é natural, ou porque está ansioso, não prestou atenção, tem rotina intensa. Se encontra alguém na rua e não lembra o nome, mas depois se recorda, assim como algum compromisso, é natural e faz parte do envelhecimento. A atenção dividida vai no mesmo sentido. Porém, quando começa a ser repetitivo e interferir, aí deve-se ficar preocupado”, aponta. “O esquecimento em si é alarme, pois pode ser falta de vitamina, questão da tireoide. Quando vai no especialista investiga a razão do deficit de memória e pode ser que chegue a conclusão de Alzheimer.”

Com a expectativa de vida aumentando cada vez mais, a previsão é que o total de idosos irá ultrapassar o de adolescentes no Brasil em 2040. Como consequência, o número de aposentados será superior. Nakakogue chama atenção para a necessidade de continuar com a vida “movimentada” após os 60 anos. “Não basta, por exemplo, ter pós-doutorado e depois não fazer mais nada. O cérebro deve ser exercitado sempre. A pessoa pode, aposentada, se programar para fazer atividades criativas e prazerosas que antes não podiam por falta de tempo”, adverte.

ESTÁGIOS
Quatro estágios marcam a evolução do Alzheimer, o que vai implicando em mais dependência, o que leva a uma adaptação também do acompanhante. “Conforme o grau aumenta, o compromisso e responsabilidade são maiores. Na fase inicial, a pessoa só precisa ser lembrada de questões simples. No intermediário é preciso acompanhar aos lugares, ajudar em duas ou mais atividades, o paciente já não toma mais banho sozinho, tem que mudar as disposições de objetos da casa. No avançado é a dependência total e tudo vai depender do cuidador: sentar, alimentar, trocar fraldas”, destaca a cuidadora Elaine Mateus, fundadora do Instituto Não Me Esqueças, de Londrina. O último estágio é o terminal.

Outro efeito do Alzheimer é o social, com o doente se isolando e, de maneira grave, sendo deixado do convívio de amigos e familiares por estes grupos. “A doença afeta de uma maneira direta ou indireta todos que estão em volta de quem recebe o diagnóstico. Disto surge o isolamento social, não só da pessoa, mas dos familiares que cuidam, em especial os mais próximos. Os amigos se afastam, o paciente se distancia, o cuidador não consegue conciliar e vem a dificuldade financeira, sobrecarrega. Tudo isto é um desafio”, indica Mateus.

Imagem ilustrativa da imagem A diferença entre o esquecimento e o Alzheimer
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