O Paraná é um dos Estados que possui legislação que estabelece a obrigatoriedade de se fazer o manejo das formigas cortadeiras, sob pena de o produtor sofrer sanções e penalidades previstas na legislação vigente, podendo de acordo com a gravidade variarem de advertência, multa e até mesmo a interdição da propriedade, de acordo com a Lei Estadual nº 11.200/95 (Lei de Defesa Sanitária Vegetal).

O extensionista José Cosme de Lima explica que para estabelecer um convívio com as formigas é preciso, primeiramente, ter informações. "É necessário conhecer a espécie, saúva ou quenquén, seus hábitos e formas de combate", ressaltou. Ele destaca que o prejuízo não é pequeno. "Nas áreas de pastagem esses insetos competem com os animais por alimento. Um formigueiro, de um a seis anos, pode consumir de três a sete quilos de forragem por dia. Um ninho adulto da Atta capiguara, a saúva-parda, pode consumir até 50% das pastagens de uma área", alertou Lima.

O dano se estende também a áreas de lavoura. Segundo o extensionista, nos cultivos de cana a perda causada pelas formigas pode chegar a 3,2 toneladas de folha por hectare. Além disso, nas áreas com eucalipto três ataques sucessivos podem levar uma planta à morte. "A saúva desfolha o eucalipto e a planta não se recupera, não tem como fazer a fotossíntese", esclareceu.

O Gerente de Parques e Biodiversidade da Sema (Secretaria Municipal Do Ambiente de Londrina), Jonas Henrique Pugina, ressaltou que a tanajura é a fase alada da corte de acasalamento das saúvas. Ela é nativa do Brasil e que essa fase alada é uma fase curta, e as fêmeas não fecundadas morrem e não vão causar transtornos. “São dois dias aproximadamente e é sempre nessa época do ano, depois da pequena estiagem quando começa o volume de chuvas. Então não é um incômodo duradouro, principalmente em área urbana.” As sobreviventes é que formam os ninhos.

Para quem tem horta em casa, teria que verificar com o controle de pragas, mas Pugina ressaltou que durante o período da fase alada ela não busca comida e não faz essa forragem, porque ela não retorna ao ninho. “Nesses dias ela não ataca as hortas. É uma manifestação reprodutiva.” Mas no período em que ela recolhe biomassa para produzir fungos que servirão de alimento é que há o ataque às vegetações. “Ela não se alimenta das folhas, mas do fungo. Ela deixa o ambiente úmido e escuros e se alimenta do fungo. É quando formam aquelas superfícies dilatadas do solo e a gente consegue perceber os ninhos de formiga saúva.”

Questionado se a Sema tem algum regulamento de como deve ser o combate a esse tipo de praga, ele ressaltou que a pasta não tem essa normatização. “O Estado tem uma normatização nesse sentido, mas a gente tem trabalho em área pública com os ninhos subterrâneos. São formigueiros de formigas cortadeiras ou várias espécies.” Ele ressaltou que na fase não alada dessas formigas, elas causam danos ao calçamento e cortam as folhas de árvores e vegetais. "Então onde tem um ninho dela, aí sim ela é uma praga."

Esse combate contra formigueiros é uma coisa recorrente. Eu acho que eu posso te dizer que todo dia a gente faz esse combate no lago Igapó, no aterro e em vários lugares. A gente vai onde a grama está levantada e põe lá as iscas. As formigas levam as iscas para dentro do ninho. A gente faz o controle para que ela não invada todo o espaço, mas isso a gente está falando de formiga de um modo geral, mas claro que essa saúva tem um papel também como cortadeira.”

“O principal ativo do formicida depende do produto. Por exemplo, o óleo de nim evita que ela troque a casquinha e quando ela não troca essa casca, ela não pode crescer e morre. O outro é o fipronil e que é um veneno mesmo para artrópodes.”

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Um formigueiro, de um a seis anos, pode consumir de três a sete quilos de forragem por dia. Um ninho adulto da Atta capiguara, a saúva-parda, pode consumir até 50% das pastagens de uma área.
Um formigueiro, de um a seis anos, pode consumir de três a sete quilos de forragem por dia. Um ninho adulto da Atta capiguara, a saúva-parda, pode consumir até 50% das pastagens de uma área. | Foto: Divulgação/IDR-PR