CIDADES ALTAS DO PARANÁ - Os bons ventos de Apucarana
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sábado, 07 de setembro de 2019
Pedro Marconi - Grupo Folha
Apucarana - Numa volta de carro por Apucarana (Norte), as diversas subidas e descidas íngremes somadas a paisagem desenhada por extensos morros às margens da PR-340 e BR-376 fazem jus à denominação de “cidade alta”. Localizado a uma altitude de 988 metros acima do nível do mar, o município fica no “espigão” mais alto de uma região acidentada. Com quase 135 mil habitantes, é o maior entre aqueles considerados altos no Paraná.
As consequências destas características acabam refletindo no clima, marcado pelos constantes ventos, que ajudam a aliviar o calor dos dias quentes. “Gosto deste clima, porém, no inverno, quando o vento é maior, é bastante frio”, conta o dentista João Haponiuk. Filho de pai ucraniano e mãe com descendência do país da Europa Oriental, nasceu e cresceu em Apucarana. A infância e parte da juventude foram vividas num sítio na Colônia Nova Ucrânia, que existe até hoje e fica próxima ao Contorno Sul da cidade.
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O pai, Moyses Haponiuk, veio para o Brasil em busca de uma vida melhor após passar cerca de três anos servindo na Polônia, que invadiu à Ucrânia e sequestrou milhares de jovens para servirem como militares. A escolha pelo País tropical se deu pelas propagandas que a inglesa Companhia de Terras Norte do Paraná promovia, prometendo terra vermelha e produtiva. Era uma oportunidade de reconstruir sonhos e história. Moyses desembarcou no Porto de Santos, ficou em São Paulo, posteriormente trabalhou no Rio Grande do Sul e na década de 1930 veio para o norte paranaense.
O intermediário para compra de dez alqueires foi Antonio Ostrenski, ucraniano e um dos representantes da companhia de terras. O local indicado: Apucarana. Na época, a área funcionava como polo da produção agrícola destinado a abastecer núcleos maiores, como Londrina e Maringá. “Em 1891, numa primeira imigração para o Brasil, os ucranianos escolheram o Sul porque o clima era mais parecido com o da Ucrânia. No caso de Apucarana, esta questão climática não influenciou. Teve coincidência. Meu pai nunca relatou que foi por conta disso, porém, pode ser que o vendedor tenha falado: 'terra boa, lugar alto, venta e clima bom.”
A família Haponiuk foi uma das pioneiras do município, que mantém forte presença de ucranianos, que continuam presentes nos descendentes e igrejas, entre elas a católica ortodoxa ucraniana. Formado em odontologia pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), João teve dificuldades para se acostumar com o tempo seco e quente de Londrina durante e depois de finalizar o curso. “Atualmente, quando vou para Londrina, que é uma cidade baixa, e não venta como aqui, volto cansado”, aponta.
Embora fique numa região onde é predominante o clima tropical, Apucarana possui aspectos climáticos do tipo subtropical úmido, mesotérmico e, ocasionalmente, seco no inverno. A temperatura média é de 20,16ºC. “É um lugar com clima equilibrado”, define João Haponiuk, que tem a certeza de que não estão em seus planos sair da cidade onde casou e teve filhos.