Apucarana - Numa volta de carro por Apucarana (Norte), as diversas subidas e descidas íngremes somadas a paisagem desenhada por extensos morros às margens da PR-340 e BR-376 fazem jus à denominação de “cidade alta”. Localizado a uma altitude de 988 metros acima do nível do mar, o município fica no “espigão” mais alto de uma região acidentada. Com quase 135 mil habitantes, é o maior entre aqueles considerados altos no Paraná.

Clima ameno da “Cidade Alta” agradou os imigrantes ucranianos que se instalaram em Apucarana na metade do século passado
Clima ameno da “Cidade Alta” agradou os imigrantes ucranianos que se instalaram em Apucarana na metade do século passado | Foto: MARCOS ZANUTTO

As consequências destas características acabam refletindo no clima, marcado pelos constantes ventos, que ajudam a aliviar o calor dos dias quentes. “Gosto deste clima, porém, no inverno, quando o vento é maior, é bastante frio”, conta o dentista João Haponiuk. Filho de pai ucraniano e mãe com descendência do país da Europa Oriental, nasceu e cresceu em Apucarana. A infância e parte da juventude foram vividas num sítio na Colônia Nova Ucrânia, que existe até hoje e fica próxima ao Contorno Sul da cidade.

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O pai, Moyses Haponiuk, veio para o Brasil em busca de uma vida melhor após passar cerca de três anos servindo na Polônia, que invadiu à Ucrânia e sequestrou milhares de jovens para servirem como militares. A escolha pelo País tropical se deu pelas propagandas que a inglesa Companhia de Terras Norte do Paraná promovia, prometendo terra vermelha e produtiva. Era uma oportunidade de reconstruir sonhos e história. Moyses desembarcou no Porto de Santos, ficou em São Paulo, posteriormente trabalhou no Rio Grande do Sul e na década de 1930 veio para o norte paranaense.

O intermediário para compra de dez alqueires foi Antonio Ostrenski, ucraniano e um dos representantes da companhia de terras. O local indicado: Apucarana. Na época, a área funcionava como polo da produção agrícola destinado a abastecer núcleos maiores, como Londrina e Maringá. “Em 1891, numa primeira imigração para o Brasil, os ucranianos escolheram o Sul porque o clima era mais parecido com o da Ucrânia. No caso de Apucarana, esta questão climática não influenciou. Teve coincidência. Meu pai nunca relatou que foi por conta disso, porém, pode ser que o vendedor tenha falado: 'terra boa, lugar alto, venta e clima bom.”

João Haponiuk viveu parte da infância e juventude na Colônia Nova Ucrânia
João Haponiuk viveu parte da infância e juventude na Colônia Nova Ucrânia | Foto: MARCOS ZANUTTO

A família Haponiuk foi uma das pioneiras do município, que mantém forte presença de ucranianos, que continuam presentes nos descendentes e igrejas, entre elas a católica ortodoxa ucraniana. Formado em odontologia pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), João teve dificuldades para se acostumar com o tempo seco e quente de Londrina durante e depois de finalizar o curso. “Atualmente, quando vou para Londrina, que é uma cidade baixa, e não venta como aqui, volto cansado”, aponta.

Embora fique numa região onde é predominante o clima tropical, Apucarana possui aspectos climáticos do tipo subtropical úmido, mesotérmico e, ocasionalmente, seco no inverno. A temperatura média é de 20,16ºC. “É um lugar com clima equilibrado”, define João Haponiuk, que tem a certeza de que não estão em seus planos sair da cidade onde casou e teve filhos.