Curitiba - O presidente da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná, Ademar Traiano (PSDB), disse nessa segunda-feira (9) que vai cobrar dos servidores públicos que ocuparam a Casa na semana passada os prejuízos causados pela "invasão". Segundo ele, até mesmo os gastos com a transferência da sessão de quarta (4) da sede do Legislativo para a Ópera de Arame serão repassados aos sindicatos que lideraram o movimento.

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. | Foto: Orlando Kissner/04-12-19

"Estamos fazendo [o levantamento] e vamos executar, doa a quem doer, sem abrir mão de nada. Vamos formalizar o pedido de ressarcimento na Justiça contra a APP [Sindicato que representa os professores da rede estadual] e contra todos aqueles que filmamos e que invadiram, propiciando estragos ao poder", afirma o tucano.

Manifestantes que protestavam contra a reforma da previdência estadual forçaram as grades de dois portões da AL na última terça (3) e conseguiram acessar o prédio. Em um primeiro momento, a PM (Polícia Militar) respondeu com gás lacrimogêneo, spray de pimenta e, conforme relatos de funcionários, cacetetes e balas de borracha. A APP informou que duas pessoas ficaram feridas. Na sequência, A PM recuou e deixou livre a entrada.

Os trabalhadores subiram a rampa, se dirigiram à entrada do comitê de imprensa e quebraram as portas de vidro. Com isso, Traiano acabou encerrando a plenária e transferindo a do dia seguinte para a Ópera. A PM reforçou a segurança e fez uma série de bloqueios nos arredores do teatro. Apenas parlamentares, jornalistas e assessores previamente cadastrados puderam participar.

Para o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), a Assembleia está no direito de cobrar os estragos. "Com relação ao que foi feito aqui dentro, é um direito da Assembleia cobrar, obviamente, até porque ela tem identificação. Mas quanto a transferir, a decisão foi do presidente. Se eles soubessem o que os sindicatos iam passar talvez transferissem para Paris. E os sindicatos vão pagar em Paris?", ironiza.

"Isso é argumento de quem não tem mais argumento para levar 1.500 policiais, trazidos do interior, gastar uma fortuna do Estado, que deveria usar para proteger a população, e usar para proteger 40 deputados. Se eles [deputados] têm tanto medo assim da população, não deveriam ser deputados", completa o petista.

Nessa segunda-feira (9), com o comitê de imprensa ainda sem portas, os servidores não foram autorizados a entrar na AL. A segurança do Legislativo foi igualmente reforçada. "É uma afronta à democracia", critica a professora Marlei Fernandes, membro da coordenação do FES (Fórum das Entidades Sindicais).

Os dois projetos de lei que complementam a reforma do governador Ratinho Júnior (PSD) estavam na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas receberam pedidos de vista e, assim, devem retornar nessa terça (10). Fernandes disse que os dirigentes fizeram emendas aos documentos e, por isso, tinham o direito de acompanhar o trâmite.

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