A Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) desaconselhou a Prefeitura de Londrina a ceder um terreno às margens da PR-538, perto do distrito de São Luiz, na zona sul, para a construção da nova sede da ADA (Associação Defensora dos Animais), que cuida de quase mil cachorros e gatos abandonados.

A área tem mais de 360 mil metros quadrados, mas não deve ser utilizada totalmente. É bem maior do que o espaço de 15 mil metros quadrados usado pela entidade, na Warta, próximo à PR-445, na região norte. A Secretaria de Governo opinou que a associação fique com uma parte mais ao fundo e deixe o restante, esta mais perto da rodovia, "para o desenvolvimento de outras atividades de interesse público".

Mapa indica terreno onde nova sede da ADA pode ser erguida, próximo ao distrito de São Luiz
Mapa indica terreno onde nova sede da ADA pode ser erguida, próximo ao distrito de São Luiz | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

A ADA pediu no final de abril um novo lugar para abrigar os animais. A partir disso, várias secretarias se manifestaram sobre o pedido. No início de julho, em documento ao qual a reportagem teve acesso, a Sema sugeriu que outro local seja indicado.

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A justificativa é que a ADA seria instalada em uma região perto do Parque Estadual Mata dos Godoy, maior fragmento da Mata Atlântica em Londrina. "Os animais domésticos poderiam representar risco sanitário à fauna silvestre que transita por ali, assim como vice-versa. Eles estariam sujeitos até mesmo a surto de leishmaniose e parvovirose (doença que atinge o sistema gastrointestinal dos cães)".

A manifestação é assinada pelo gerente de Parques e Biodiversidade da Sema, Jonas Henrique Pugina. Em entrevista à FOLHA, ele explicou o motivo do posicionamento. "Podemos ter a transmissão de doenças entre os animais, sejam os domésticos quanto os silvestres. Porém, a competência pra autorizar ou não é do governo estadual", disse.

Como o parque estadual é cuidado pelo IAT (Instituto Água e Terra), a prefeitura resolveu perguntar à chefia regional do órgão em Londrina se a concessão da área à ADA poderia trazer algum problema para a região, principalmente em relação à zona de amortecimento da Mata dos Godoy. O ofício foi enviado no último dia 15 e ainda não foi respondido. A FOLHA procurou a prefeitura para saber se há um "plano B" para a um novo terreno, mas não obteve retorno.

SURPRESA

Anne Moraes, fundadora da ADA, disse que não sabia da manifestação contrária da Sema. "Se não der certo esse terreno, por enquanto não temos outra alternativa. A prefeitura, pelo menos até o momento, não apresentou outras opções que atendessem a nossa necessidade", explicou.

A chácara onde a entidade funciona é alugada. Por mês, a ADA desembolsa R$ 7,5 mil. "Precisamos de um local com pelo menos 20 mil metros quadrados. Nossa intenção é construir algumas estruturas que hoje não possuímos, como clínica, crematório, centro de adoção, por exemplo", concluiu.

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