Matilda é uma das cachorras abrigadas pela ADA: entidade pede doação, que pode ser em dinheiro ou pacotes de ração
Matilda é uma das cachorras abrigadas pela ADA: entidade pede doação, que pode ser em dinheiro ou pacotes de ração | Foto: Divulgação ADA

Local de abrigo de cerca de mil cães e gatos abandonados ou vítimas de maus tratos, a ADA (Associação Defensora dos Animais), de Londrina, enfrenta um de seus períodos mais críticos. A crise que reduziu o poder de compra da população fez diminuir o número de doações e a entidade está sem recursos para comprar ração. Em uma postagem no Facebook, neste domingo (19), a presidente fundadora da associação, Anne Moraes, fez um desabafo, apelou para a solidariedade dos simpatizantes da causa animal e cobrou mais ajuda do município.

A ADA existe desde 2012 e, segundo Moraes, este domingo foi o primeiro dia, em dez anos, que os cães e gatos sob sua proteção ficaram sem ter o que comer. Ela contou que no início do ano já havia reduzido a quantidade de ração distribuída de duas para uma vez ao dia, mas a situação financeira da entidade se agravou. As doações caíram muito, a presidente acumula uma dívida de cerca de R$ 50 mil em pet shops da cidade e está sem crédito para comprar alimentos para os animais a prazo. O resultado são os comedouros vazios.

Para dar de comer aos animais duas vezes ao dia, o consumo da ADA com ração é de 550 quilos diários ou 17 toneladas mensais. O custo diário é de R$ 1.850. Recentemente, Moraes passou a comprar uma ração de menor qualidade, o que resultou em uma economia de pouco mais de R$ 250 por dia. Mas mesmo com o corte de gastos, ainda há dificuldade para manter os animais.

Moraes cobra mais atenção do município por meio do Banco de Ração, que funciona desde 2020 e é gerido pela Sema (Secretaria Municipal do Ambiente). A última ajuda recebida pela ADA por essa via foi no início de março, de aproximadamente 1,2 tonelada, consumida em cinco dias. “Eu faço um trabalho que seria do município, já que a prefeitura não tem um canil. As pessoas que me davam crédito hoje também passam por dificuldades financeiras devido a essa crise. E não é certo essas pessoas manterem a instituição que atende a cidade. Existe ração no banco, existe dinheiro na prefeitura. O que falta é vontade política. Eu não estou pedindo dinheiro, estou pedindo ração. E não precisa doar as 17 toneladas, mas pelo menos uma parte.”

A presidente da ADA disse que conseguiu junto a um ex-deputado federal uma verba de R$ 500 mil para ser repassada integralmente à entidade. Mas por falta de documentação que permitisse a destinação desse recurso diretamente à associação, o dinheiro foi encaminhado à Sema (Secretaria Municipal do Ambiente), que deveria ter destinado à entidade, mas isso não aconteceu.

A prefeitura também prometeu doar um terreno no distrito de São Luís para que nele fosse construída a sede da ADA, livrando a entidade do pagamento do aluguel, hoje no valor de R$ 7,5 mil. “Tive gastos com o pagamento de um monte de impostos para regularizar toda a documentação e poder receber o terreno. Tirei da ração dos animais para regularizar os documentos e até agora não recebi o terreno”, disse Moraes. “Eu sou uma entidade de utilidade pública municipal, estadual, sou Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), mas não tenho nada de benefício. Para que eu tenho esses certificados”, questionou. “Eu não estou brincando de causa animal.”

Além dos gastos com alimentação, a ADA tem gastos com folha de pagamento, que somam quase R$ 30 mil mensais, castrações, medicamentos e exames. Atualmente, 140 animais estão sendo medicados. Os gastos com laboratório ficam em torno de R$ 1,5 mil por mês. As vacinas dos animais, que ficam em R$ 10 mil, já estão em atraso. Somando todos os gastos de manutenção da entidade, são R$ 130 mil mensais. A associação tem um grupo de 65 madrinhas. Dessas, apenas três mantêm a regularidade nas doações. O restante foi atingido pela crise e suspendeu a ajuda financeira à entidade. “Estou passando por uma crise financeira terrível”, resumiu Moraes.

A associação aceita todo tipo de ajuda. Para quem quiser doar dinheiro, há diversos canais disponíveis. Via pix, a chave é [email protected]. A ADA também tem contas correntes para receber auxílio de qualquer valor. No Itaú, a agência é 4018 e a conta corrente, 86410-0, e na Caixa, agência 1553 e conta poupança 17662-3. Há ainda contas em outros bancos, vaquinha virtual, PicPay, PayPall, Pagseguro e boleto bancário. Também é possível adquirir um produto na loja virtual www.adalondrina.org.br /loja/ e destinar as notas fiscais à entidade para o recebimento de créditos pelo Nota Paraná. Para conhecer todas as formas de ajuda, os interessados podem entrar em contato pelo Whatsapp (43) 98845-5373, em horário comercial. Quem preferir, também pode doar ração.

Os animais abrigados na ADA também estão disponíveis para adoção. Quem quiser conhecer mais sobre o projeto, pode acessar a página da associação no Facebook ou o perfil adote_na_ada, no Instagram.

A diretora de Bem-Estar Animal da Sema, Graziella Santana Damante, disse que a verba parlamentar de R$ 500 mil não poderia ser repassada à ADA por questões jurídicas e, portanto, foi destinado à compra de materiais para implementar a DBEA (Diretoria de Bem-Estar). Por especificidades da verba, 30% poderia ser destinados a bens de custeio e 70%, a bens de investimento. "O dinheiro de custeio foi utilizado para compra de ração e os de investimentos estão sendo usados para compra de veículos de fiscalização e veículo próprio para transporte de animais, além de caixas de transporte e materiais para eventos de campanha de adoção de animais", disse Damante. A ADA recebeu 3.750 quilos da ração adquirida com essa verba.

O secretário municipal de Planejamento, Marcelo Canhada, acompanha o trâmite da doação do terreno à ADA e, segundo ele, foi aberto um processo administrativo para fazer a cessão de uso da área para a entidade. Ele não informou se há prazo para a conclusão desse processo.

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