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Política 5m de leitura

Ricardo Barros nega que teria tentado beneficiar um laboratório privado com a compra da Sputnik V

Acusação foi feita pelo ex-procurador Geral da República do governo de Dilma Roussef (PT), Eugênio Aragão, em live nesta segunda-feira

ATUALIZAÇÃO
18 de março de 2021

Vitor Struck - Grupo Folha
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Líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP) afirmou que é "totalmente inverídica" a acusação de que teria tentado beneficiar um laboratório privado com a compra pelo Ministério da Saúde de 200 milhões de doses da vacina Sputnik V. A afirmação foi feita pelo ex-procurador-geral da República no governo Dilma Rousseff (PT), Eugênio Aragão, na noite de segunda-feira (15), dia em que um relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano veio à tona confirmando influência do governo Donald Trump para enfraquecer a negociação entre Brasil e Rússia. De acordo com Barros, Aragão "se confundiu". 

Eugênio Aragão estava participando de uma live para abordar temas como a saída de Eduardo Pazzuello do Ministério da Saúde. Logo no início de sua participação, afirmou que Pazzuello teria entrado em contato com o Fundo Russo de Investimentos Diretos para propor a compra de 200 milhões de doses da Sputnik V. O contato teria ocorrido na semana passada, logo após Pazzuello tomar conhecimento do acordo firmado entre os russos e um grupo de governadores de estados do Nordeste para a compra de 39 milhões de doses. Porém, ainda de acordo com Aragão, Pazzuello teria imposto uma condição para a concretização da compra.  

"Ele (Pazzuello) tentou dar um corte. Ele ligou diretamente para o Fundo (de Desenvolvimento Russo), para Moscou, e lá se propôs a comprar 200 milhões de vacinas em vez das 39 milhões dos governadores do Nordeste. Só que com um detalhe, todo o negócio teria que ser feito através do laboratório do Ricardo Barros lá do Paraná. Até os russos se escandalizaram com essa proposta", afirmou Aragão. 

 

Em nota, Barros desmentiu a acusação e disse que o ex-ministro se confundiu. "Eu luto pelo Tecpar, mas o laboratório não é meu, é do Paraná”, reforçou Barros. "O deputado informa que como parlamentar está dedicado a trabalhar para que o Brasil possa adquirir o maior número possível de vacinas para acelerar a imunização de toda a população", completou a nota.

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Ex-governador do Paraná e ex-senador, Roberto Requião (MDB) saiu em defesa de Ricardo Barros após ter compartilhado a afirmação de Eugênio Aragão em suas redes sociais. Requião fez uma transmissão para dizer que tinha a "obrigação ética e moral de corrigir a informação", reavaliou. "Eu não acreditei que o Ricardo (Barros) tivesse articulado um jogo com essas características tão terríveis. E, ao que tudo indica, com a informação do Ministério e dos seus assessores, é que realmente ele não fez isso", avaliou Requião.   

Paralelamente às acusações, um relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano revelou que relações diplomáticas podem ter sido colocadas à frente da urgência da comercialização da vacina, bem como da tragédia sanitária que Brasil e Estados Unidos vivem com a pandemia. O documento mostrou que os EUA, ainda sob o comando de Donald Trump, pressionaram o Brasil a rejeitar a compra da Sputnik V. Após a divulgação, o perfil oficial da Sputnik V no Twitter ressaltou que os "esforços para minar as vacinas são antiéticos e estão custando vidas", tuitou. 

A Sputnik V ainda não foi registrada e autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No entanto, segundo os estudos publicados na revista "The Lancet", o imunizante russo possui 91,6% de eficácia contra a Covid-19. Mais de 50 países, além da Rússia, utilizaram a vacina. 

A expectativa é que as doses adquiridas pelo consórcio de estados do Nordeste sejam entregues entre abril e julho ao País, sendo imediatamente submetidas à Anvisa e, em seguida, incluídas no rol de vacinas do Plano Nacional de Imunização. No dia seguinte à divulgação da compra, o Ministério da Saúde também procurou os russos e adquiriu 10 milhões de doses da Sputnik V. 

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