Imagem ilustrativa da imagem Ricardo Barros nega que teria tentado beneficiar um laboratório privado com a compra da Sputnik V
| Foto: Roque de Sá/Agência do Senado

Líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP) afirmou que é "totalmente inverídica" a acusação de que teria tentado beneficiar um laboratório privado com a compra pelo Ministério da Saúde de 200 milhões de doses da vacina Sputnik V. A afirmação foi feita pelo ex-procurador-geral da República no governo Dilma Rousseff (PT), Eugênio Aragão, na noite de segunda-feira (15), dia em que um relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano veio à tona confirmando influência do governo Donald Trump para enfraquecer a negociação entre Brasil e Rússia. De acordo com Barros, Aragão "se confundiu".

Eugênio Aragão estava participando de uma live para abordar temas como a saída de Eduardo Pazzuello do Ministério da Saúde. Logo no início de sua participação, afirmou que Pazzuello teria entrado em contato com o Fundo Russo de Investimentos Diretos para propor a compra de 200 milhões de doses da Sputnik V. O contato teria ocorrido na semana passada, logo após Pazzuello tomar conhecimento do acordo firmado entre os russos e um grupo de governadores de estados do Nordeste para a compra de 39 milhões de doses. Porém, ainda de acordo com Aragão, Pazzuello teria imposto uma condição para a concretização da compra.

"Ele (Pazzuello) tentou dar um corte. Ele ligou diretamente para o Fundo (de Desenvolvimento Russo), para Moscou, e lá se propôs a comprar 200 milhões de vacinas em vez das 39 milhões dos governadores do Nordeste. Só que com um detalhe, todo o negócio teria que ser feito através do laboratório do Ricardo Barros lá do Paraná. Até os russos se escandalizaram com essa proposta", afirmou Aragão.

Imagem ilustrativa da imagem Ricardo Barros nega que teria tentado beneficiar um laboratório privado com a compra da Sputnik V
| Foto: Roque de Sá/Agência do Senado

Em nota, Barros desmentiu a acusação e disse que o ex-ministro se confundiu. "Eu luto pelo Tecpar, mas o laboratório não é meu, é do Paraná”, reforçou Barros. "O deputado informa que como parlamentar está dedicado a trabalhar para que o Brasil possa adquirir o maior número possível de vacinas para acelerar a imunização de toda a população", completou a nota.

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Ex-governador do Paraná e ex-senador, Roberto Requião (MDB) saiu em defesa de Ricardo Barros após ter compartilhado a afirmação de Eugênio Aragão em suas redes sociais. Requião fez uma transmissão para dizer que tinha a "obrigação ética e moral de corrigir a informação", reavaliou. "Eu não acreditei que o Ricardo (Barros) tivesse articulado um jogo com essas características tão terríveis. E, ao que tudo indica, com a informação do Ministério e dos seus assessores, é que realmente ele não fez isso", avaliou Requião.

Paralelamente às acusações, um relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano revelou que relações diplomáticas podem ter sido colocadas à frente da urgência da comercialização da vacina, bem como da tragédia sanitária que Brasil e Estados Unidos vivem com a pandemia. O documento mostrou que os EUA, ainda sob o comando de Donald Trump, pressionaram o Brasil a rejeitar a compra da Sputnik V. Após a divulgação, o perfil oficial da Sputnik V no Twitter ressaltou que os "esforços para minar as vacinas são antiéticos e estão custando vidas", tuitou.

A Sputnik V ainda não foi registrada e autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No entanto, segundo os estudos publicados na revista "The Lancet", o imunizante russo possui 91,6% de eficácia contra a Covid-19. Mais de 50 países, além da Rússia, utilizaram a vacina.

A expectativa é que as doses adquiridas pelo consórcio de estados do Nordeste sejam entregues entre abril e julho ao País, sendo imediatamente submetidas à Anvisa e, em seguida, incluídas no rol de vacinas do Plano Nacional de Imunização. No dia seguinte à divulgação da compra, o Ministério da Saúde também procurou os russos e adquiriu 10 milhões de doses da Sputnik V.