Em visita à FOLHA na última sexta-feira (20), o líder da oposição ao governador Ratinho Junior (PSD) na Assembleia Legislativa do Paraná, Requião Filho (PT), comentou a escalada da agressividade em discursos na tribuna do parlamento. O mais recente episódio de uma trama que se desenrola já desde o início do ano envolveu Renato Freitas (PT) e o presidente da AL, Ademar Traiano (PSD). Em um bate-boca na última semana, o petista chamou de “corrupto” o chefe da Casa. O caso resultou em uma representação de Traiano que pede a cassação do mandato de Freitas.

Requião Filho, porém, quer tratamento isonômico na condução desse e de outros episódios de agressão verbal entre situação e oposição. “Se tem que fazer valer o Regimento [Interno da AL], ele vale para todos os deputados, não pode valer só para o Renato Freitas [...] Ele tem que ter o mesmo peso para os 54 deputados da Casa”

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“NÃO VEJO INTERESSE EM FISCALIZAR”

Contudo, na ótica do oposicionista, os problemas do plenário não se restringem a essa troca de acusações. “Quando eles dizem: ‘Vamos aumentar o nível’, eu falo: ‘Ótimo, vamos discutir o Paraná’ – mas não é o que eles querem. A Assembleia quer só que pare com as agressões e os xingamentos. Eu não vejo um real interesse do governo em deixar que a Assembleia faça o seu trabalho de debater e fiscalizar [...] Se isso acontecer, a maioria dos projetos do governo volta, porque são mal-escritos e pensados a curto prazo.”

Ainda assim, o parlamentar defendeu que atuação da oposição tem sido feita “com muito esmero”. “A gente busca trazer os problemas, o que não concordamos e qual é a solução.” Em nível nacional, todavia, o herdeiro político do ex-governador Roberto Requião (PT) reforçou suas críticas à condução de temas principalmente da área econômica por parte dos correligionários do governo Lula (PT) – além de disparar contra o espaço dado a questões de costume na agenda política.

“A gente não está discutindo economia, a gente está discutindo banheiro unissex. A gente não está discutindo geração de emprego, a gente está discutindo ‘todes’ e todos. A gente cai em uma pauta muito pequena que desvia o foco”, disparou Requião Filho.

PAUTAS-BOMBA À VISTA?

Em termos de votação de projetos, ele classificou de “morna” a pauta da AL ao longo de 2023. Esse cenário, contudo, pode mudar com a chegada do fim do ano. “Tenho certeza que vêm aqueles pacotes de maldade em regime de urgência para serem votados em uma semana, com a Assembleia fazendo quatro, cinco, seis [sessões] extraordinárias por semana para que tudo seja votado de maneira atropelada e não dê tempo da sociedade civil e da imprensa debater qualquer desses assuntos.”

O deputado estadual disse não acreditar que o dinheiro resultante da venda da Companhia Paranaense de Energia (Copel) será de fato aplicado em obras estruturantes, como tem sido sinalizado pelo Palácio Iguaçu e reivindicado pela base de Ratinho Junior. Segundo o petista, corre-se o risco de o recurso de mais de R$ 3 bilhões ser direcionado para atender demandas pontuais de aliados do governo. “O dinheiro pulverizou, virou nada”, criticou.