Derrotado nas urnas na tentativa de voltar ao Palácio Iguaçu nas eleições deste ano, o ex-governador Roberto Requião (PT) avalia que seu resultado nas urnas foi consequência da utilização da máquina pública, comandada pelo governador reeleito Ratinho Junior (PSD), e por ter sido, segundo ele, “cerceado de todas as maneiras” de se comunicar com a população pela Justiça Eleitoral.

Requião, que já foi o chefe do Executivo paranaense entre 1991 e 1995 e entre 2003 e 2007, ficou em segundo lugar, escolhido por 1.598.204 pessoas, 26,23% dos votos válidos. Ratinho Jr. recebeu 4.243.292 votos, 69,64%. “Me propus, como candidato, a salvar o Paraná desses moleques. Montaram um esquema de fisiologia, ausência da política, distribuição de emendas, cargos em comissão. Ele (Ratinho) fugiu do debate", afirmou em entrevista ao Blog do Esmael.

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O ex-governador reprovou a atuação do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) que, de acordo com ele, evitou com que levasse ao ar na campanha eleitoral diversas críticas ao seu principal concorrente. “O resultado disso tudo foi que não consegui me comunicar com a população. O pessoal mais jovem não lembrava do que tinha feito e não pude me expressar, proibido pelo TRE e pelo dinheiro do Governo do Estado”, acusou.

Filiado ao Partido dos Trabalhadores desde março deste ano, negou que o partido o tenha atrapalhado para que tivesse um desempenho melhor. “O PT tem gente boa à beça. No Senado, trabalhei junto com os petistas. Tem o (Antonio) Palocci (ex-ministro de Estado dos governos Lula e Dilma, delator na operação Lava-Jato), que ninguém vai pedir para perdoar ele, quero na cadeia”, ponderou. Requião foi senador duas vezes e perdeu a reeleição na Casa em 2018.

LEGISLATIVO

Na vida pública há quase 40 anos, o ex-emedebista “velho de guerra” viu como negativa a eleição de políticos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) à AL (Assembleia Legislativa do Paraná) e para a Câmara dos Deputados, assim como os “lava-jatistas”. “Esses deputados são de uma mediocridade, com exceções. Uma tropa de jegues foi para AL, Senado e Câmara, coisa pavorosa”, destacou. A bancada formada pela federação que deu origem à candidatura de Requião elegeu sete deputados na assembleia e seis na Câmara, o que foi comemorado por ele.

Também considerou que a derrota de Alvaro Dias (Podemos) na briga pelo Senado foi reflexo das escolhas do político nos últimos anos, principalmente a aliança com o ex-aliado e hoje senador eleito Sergio Moro (União). “O Alvaro acreditou no Bolsonaro e entrou numa fria. No início éramos correligionários de verdade, tinha orgulho do Alvaro que saiu de Londrina e lutava contra a ditadura. Tinha posições bonitas, mas com o tempo foi se envolvendo na política e hoje, para mim, é irreconhecível aquele Alvaro primitivo. O Moro o triturou.”

‘MILITANTE’

Amigo do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Roberto Requião ressaltou que agora é um “militante para eleger Lula no segundo turno”. “O problema fundamental não é nem eleger o Lula, mas evitar que a extrema-direita enlouquecida tome conta do Brasil e com clareza explicar o que faremos pelo desespero daqueles que não têm comida hoje”, pontuou.

Bolsonaro teve 55,26% dos votos válidos no Paraná, enquanto que Lula ficou com 35,99%. “O Bolsonaro está acabando com o País e precisamos acabar com o Bolsonaro. A civilização não aguenta essa barbárie, esse acumulado de estupidez”, acrescentou. O petista negou que existam conversas para que se torne ministro num possível terceiro governo Lula e também declarou que não descarta e nem garante uma nova candidatura em outro eleição, seja municipal ou estadual. Requião tem 81 anos.

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