Curitiba - O resultado das urnas de domingo (2) garantiu não só uma vitória tranquila no primeiro turno para o governador Ratinho Junior (PSD) como uma garantia de que os projetos de lei do Executivo no segundo mandato irão contar com ampla base de apoio na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná. Isso porque o PSD, partido do governador reeleito, se manteve como a maior bancada da Casa com 15 deputados, um a menos do que na atual legislatura. Somando as 11 siglas que formaram a aliança em torno dele nesta campanha, são 39 cadeiras no legislativo estadual formando a base de governo: União Brasil (7), Progressistas (5), PL (5), Republicanos (3), MDB (2) e Pros (2),

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image description | Foto: Gustavo Pereira Padial

"Eu acho que a situação do governador é confortável em relação à bancada de apoio pelo número de deputados eleitos que já sinalizam uma bancada que lhe assegure todas as votações que são em benefício do Estado do Paraná", analisou Ademar Traiano (PSD), presidente da AL (Assembleia Legislativa), no retorno dos trabalhos após recesso de quase um mês em setembro no período de campanha. Em 2018, Ratinho Jr. também havia eleito uma boa base, mas à época ele não tinha na sua coligação partidos como MDB, PP e o antigo PSL (agora União Brasil).

O deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSD), reeleito com expressiva votação em municípios menores do Norte e Norte Pioneiro do Estado, atribuiu a recondução dele e de muitos deputados ao cargo ao trabalho feito por parlamentares que têm forte proximidade com cidades e prefeitos. "Eu acho que essa foi uma campanha que prevaleceram as pessoas do mundo real da política. As pessoas do mundo virtual da Internet tiveram menos influência nessas eleições. As pessoas votaram em pessoas de carne e osso, com qualidades e defeitos, mas com serviços prestados à população", analisou Romanelli

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OPOSIÇÃO

Com sete deputados estaduais eleitos na AL e seis na bancada paranaense na Câmara Federal, a Federação PT/PV/PCdoB teve desempenho satisfatório na avaliação do deputado reeleito Requião Filho (PT). "É uma vitória enorme. Mostra a relevância da candidatura do Requião (pai) ao governo, pois sem ele não teríamos feito essa quantidade de votos de legenda. Esse resultado também revela que as pessoas precisam escolher os deputados não por conta de pequenos favores, mas de acordo com as propostas políticas. Essa cultura, enquanto não for mudada, as pessoas irão continuar votando e se decepcionando com a política na sequência", afirma, mencionando a candidatura do pai, ex-governador Roberto Requião (PT), ao governo. O PT ampliou sua bancada na AL com a eleição de dois representantes da juventude do partido - o ex-vereador por Curitiba Renato Freitas, que teve seu mandato cassado neste semestre por quebra de decoro após participar de manifestação antirracista em uma igreja da capital, e Ana Júlia, 22 anos, também vereadora curitibana, a mais jovem deputada eleita neste ano no Estado.

Imagem ilustrativa da imagem Assembleia Legislativa tem renovação de 45% das cadeiras
| Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

Mesmo a bancada da oposição sendo minoria na Casa, Requião Filho diz que o grupo tem como objetivo melhorar o nível debate na Casa. "Não vai ser fácil, mas é um governador que já passou pela reeleição, portanto, ele terá uma bancada mais rebelde. Ele terá menos controle sobre sua própria bancada na Assembleia. Será difícil nos primeiros dois anos e depois da eleição de prefeito vamos ver o que vai acontecer. Até porque Ratinho Junior, na minha avaliação, não terá o apoio do governo federal e dos ministérios. Então vai ser um debate interessante."

RENOVAÇÃO E BANCADA FEMININA

Dos 54 deputados estaduais eleitos neste domingo (2), 30 já tinham cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná. São 24 novos parlamentares na Casa, sendo 19 homens e cinco mulheres estreantes. A bancada feminina no Legislativo dobrou de 5 para 10 cadeiras, mas ainda representa 18,5% do total de 54 parlamentares no próximo ciclo. O número também é menor que a cota de gênero de 30% estipulada pela legislação eleitoral.

Entre elas está a ex-secretária de Saúde de Curitiba Marcia Huçulak (PSD), que foi a mais votada entre as mulheres, com 75.659 votos. A disputa política foi impulsionada pelo protagonismo que ganhou durante a pandemia, tendo sido a porta-voz na capital do Estado sobre as medidas de enfrentamento à Covid-19. "É um reconhecimento da população do Paraná da importância da boa representação. Somos 53% da população do Estado e precisamos ter mais representação feminina nas pautas que impactam na vida da sociedade.", avalia.

A ex-secretária diz que vai atuar para discutir medidas para fortalecer políticas públicas na área da saúde. "A gente viu nesses anos de pandemia a importância que um sistema de saúde organizado é fundamental para dar respostas que a gente precisa dar à sociedade com agilidade", analisa a enfermeira e especializada em saúde pública, onde atuou nos últimos 35 anos em Curitiba. "A saúde perpassa governos, é uma política de Estado. São dois pilares: saúde e educação. Sem elas, a sociedade não consegue avançar e ser mais equilibrada e justa."

Além de Huçulak, são deputadas eleitas Ana Júlia (PT), Marli Paulino (Solidariedade), Flávia Francischini (União) e Cloara Pinheiro (PSD), que se juntam às reeleitas Mabel Canto (PSDB), Maria Victória (PP), Luciana Rafagnin (PT), Cantora Mara Lima (Republicanos) e Cristina Silvestri (PSDB).

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