Os paranaenses elegeram Sergio Moro (União Brasil) senador pelo Paraná, neste domingo (2), com 33,52% (1.953.159) dos votos. Referência da "República de Curitiba", o candidato de primeira viagem desbancou o senador Alvaro Dias (Podemos), que ficou em terceiro lugar na votação, com 23% (1.395.926) dos votos, contrariando pesquisas de intenção de votos. Dias estava há mais de 20 anos no cargo e buscava mais uma reeleição.

Moro disputou a preferência com o candidato Paulo Martins (PL), apoiado pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e que vai o segundo turno dia 30 contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Paulo Martins terminou o pleito em segundo lugar, com 29,13% (1.697.949) dos votos.

"Fico muito honrado pela confiança que a gente recebeu do eleitor paranaense. Foi uma eleição difícil, porque nós lutamos contra todo um sistema político que era contra nós, que não queria a gente em Brasília. A gente teve poucos aliados políticos, mas tivemos aliados políticos valorosos", declarou Moro, ao chegar ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), pouco depois de ser anunciado senador eleito.

Moro criticou os resultados das pesquisas de intenção de votos para o Senado, como a do Instituto Ipec, divulgada no sábado (1), que apontou Alvaro Dias (Podemos) eleito, com 41% dos votos válidos, contra 35% para Moro. "Não gosto de falar mal de pesquisa, porque é muito discurso de perdedor. Mas os resultados foram muito diferentes, tanto em nível nacional, como em nível do estado", disse.

LEIA TAMBÉM:

Sérgio Moro derrota ex-padrinho político e é eleito Senador no Paraná

O senador eleito cobrou que as metodologias dos institutos sejam revistas. "O que apareceu foi uma tentativa indevida de influenciar os votos. Algumas pesquisas, não todas, como a do Ipec, refletiram um resultado muito distante das urnas, que não pode ser justificado, e temos que questionar os responsáveis por esses institutos. Não é justo influenciar os eleitores."

Bolsonaro X Lula

Ao mesmo tempo em que Moro é eleito, dois de seus grandes oponentes políticos disputam uma acirrada corrida pela presidência da República. O senador eleito afirmou que ainda não pensou sobre como será a postura em relação aos candidatos Bolsonaro e Moro nas próximas semanas. Ele garantiu que não vai apoiar o candidato petista e deixou no ar um eventual apoio a Bolsonaro.

"Segundo turno é tudo muito novo. A gente ainda está se posicionando. O resultado está apontando que está sendo uma eleição polarizada, disputada. O resultado ainda está em aberto. O que assumi é um compromisso com o eleitor paranaense que não estarei ao lado de Lula ou do PT jamais, que existe uma incompatibilidade com as pautas do PT e do Lula. Agora, vamos nos posicionar no momento adequado sobre esse tema", afirmou.

E, em caso de uma eventual reeleição de Bolsonaro, Moro é enfático: "Minha comunicação agora é com a população. Não estou preocupado agora com fulano X ou Y."

Desafios no Senado

Sobre os desafios a encarar neste primeiro mandato como senador, Moro afirma que vai retomar a luta contra a corrupção que, segundo ele, ficou de lado nos últimos anos. "Inclusive, acho que a causa da volta do Lula é porque foi enfraquecido o combate à corrupção. E isso é uma coisa que revolta a grande maioria da população brasileira. A gente também tem que aprovar grandes reformas, que destravem a economia do Brasil, para que a gente tenha mais emprego, mais renda, possa diminuir a inflação. O brasileiro está tendo grande dificuldade. Além de reforma política, administrativa, tributária, da Justiça. O Brasil, acima de tudo, é um Brasil injusto."

De Maringá para o Congresso

Sergio Moro é natural de Maringá e ganhou notoriedade nacional durante Operação Lava Jato, como juiz federal. Diversos políticos importantes foram para a prisão, inclusive o ex-presidente e candidato a um terceiro mandato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

LEIA TAMBÉM:

'Lava Jato renasceu das urnas', afirma Deltan Dallagnol

O senador eleito deixou a Justiça Federal em 2019, assumindo o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Bolsonaro. No início de 2022, Moro foi alvo de muitas críticas por tentar transferir o domicílio eleitoral para o estado de São Paulo.

O pedido, no entanto, foi negado e, após muitas especulações e suspense sobre qual cargo disputaria no Paraná, Moro anunciou a candidatura ao Senado.

-----

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link.