Preso em flagrante na manhã desta quarta-feira (19) por, segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), “posse ilícita de arma de fogo”, o ex-deputado federal Emerson Petriv — o Boca Aberta — acabou liberado logo em seguida. Isso porque, conforme sua defesa, ele pagou uma fiança de um salário mínimo. Logo ao deixar a sede do MP em Londrina, o político apresentou à imprensa seu registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) válido até 2030 para justificar a posse do armamento.

Ação do Gepatria com apoio do Gaeco recolheu celulares e computadores na casa de Petriv
Ação do Gepatria com apoio do Gaeco recolheu celulares e computadores na casa de Petriv | Foto: Divulgação/MP-PR

De acordo com um dos advogados de Petriv, Rafael Dall, a pistola 9 milímetros estava registrada no antigo endereço do cliente, em Brasília, e houve dificuldade para fazer o recadastramento ordenado em 2023 pela nova gestão do Ministério da Justiça.

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A arma foi encontrada na residência de Boca Aberta quando eram cumpridos mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara Criminal de Londrina por solicitação do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria). A operação teve apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) — ambas as unidades são ligadas ao MP.

Também foram recolhidos celulares e computadores. A ação desta quarta-feira é baseada no processo criminal acolhido pela mesma vara em maio envolvendo o ex-congressista; sua esposa, a vereadora Mara Boca Aberta (Pros), e o filho, o ex-deputado estadual Boca Aberta Junior. O caso em questão apura a suposta prática de “rachadinha” que teria sido realizada pelo trio em salários de assessores.

PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA

Promotor do Gepatria, Renato de Lima Castro não gravou entrevistas, mas informou que chegou a pedir à Justiça a prisão preventiva de Petriv. Por sua vez, o juiz da 3ª Vara Criminal, Juliano Nanuncio, optou em determinar outras medidas a Boca Aberta. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica.

Ele ainda está proibido de ter contato físico ou por qualquer meio de comunicação com as testemunhas — inclusive postagens em páginas eletrônicas e mensagens de aplicativos —, não devendo aproximar-se delas a menos de 200 metros de distância.

TESTEMUNHAS COAGIDAS, DIZ MP

Conforme nota do MP, “a ação apura possíveis investidas ilícitas do ex-parlamentar contra ex-assessores e testemunhas da ação penal.” O órgão sustenta que testemunhas e vítimas ouvidas pelo Gaeco relataram que o investigado “estaria usando as redes sociais, reiteradamente, para atacá-las, possivelmente buscando desacreditá-las e atemorizá-las para atrapalhar a instrução processual”.

OUTRO LADO

“Dá vontade de dar risada, não é possível um negócio desse. Vai por a tornozeleira em mim por quê? [...] Quem está sendo coagido sou eu”, rebateu Petriv, que, assim como já declarou em outras entrevistas nos últimos anos, disse sofrer perseguição pessoal por parte de Renato de Lima Castro.

Boca Aberta com o registro de CAC: ‘Quem está sendo coagido sou eu’
Boca Aberta com o registro de CAC: ‘Quem está sendo coagido sou eu’ | Foto: Lucas Marcondes

“Temos provas em áudio que explicam que essa ação é oriunda de uma disputa política. Um antigo assessor que foi candidato a vereador contra a senhora Mara Boca Aberta promoveu todas essas denúncias”, alegou o advogado Rafael Dall.

“O Emerson nem havia sido cientificado desse processo, de modo que não dá para se falar em retaliação, e é por esse motivo que nós entendemos que essa busca e apreensão é completamente irregular”, completou o defensor. Dall adiantou que vai ingressar com um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para, segundo ele, serem “reconhecidas as ilegalidades praticadas nesse processo”.