PM acredita em atos pacíficos pró e contra Bolsonaro em Londrina
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sábado, 29 de setembro de 2018
Larissa Ayumi Sato e Rafael Costa/Reportagem Local
Londrina terá quatro manifestações pró e contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) neste final de semana. Serão duas carreatas a favor dele e dois atos contra, no sábado (29) e domingo (30). Neste sábado, a carreata de apoio ao candidato vai sair do Autódromo Ayrton Senna a partir das 9h, e no domingo a concentração pró-Bolsonaro ocorre a partir das 16h na praça Nishinomiya, em frente ao aeroporto. Já os atos contra Bolsonaro ocorrem, no sábado, a partir das 10h, em frente ao Teatro Ouro Verde, no Calçadão, organizado pelas Mulheres Unidas Contra o Fascismo, e no domingo a partir das 16h, em frente à loja Pernambucanas, também no Calçadão, organizada pela Ação Antifascista Londrina e Alternativa Popular Londrina.
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A PM (Polícia Militar) acredita que os eventos transcorrerão de forma pacífica. O MPPR (Ministério Público do Paraná), por sua vez, expediu nesta sexta-feira (28) uma recomendação administrativa dirigida à governadora do Estado, Cida Borghetti (PP), com o objetivo de assegurar que as manifestações organizadas por grupos de mulheres previstas para ocorrerem em todo o Paraná sejam realizadas de forma pacífica.
Segundo a PM, em caso de eventos a corporação deve ser informada por meio de ofício. Esse tipo de notificação não costuma ocorrer, porém, o setor de inteligência realiza o monitoramento e garante o policiamento. "Acredito que vão ser passeatas, manifestações, pacíficas. A previsão é que sejam eventos ordeiros. Vai haver reforço policial, com aumento do efetivo não especificamente para esses eventos, mas para deixar as pessoas tranquilas com o trabalho preventivo. Se tiver um problema maior, outras equipes serão acionadas para ajudar", explica o major Edvaldo Vieira, subcomandante do 5º BPM (Batalhão de Polícia Militar).
O organizador da carreata a favor de Bolsonaro que acontece neste sábado, Ulisses Sabino, presidente estadual do PTC, afirmou que "o delegado Francischini vai participar do evento e trazer a equipe própria de segurança". Cerca de 70 veículos já confirmaram presença no ato, mas não há como precisar o número total de participantes. "Teremos uma estrutura grande, com caminhões. A expectativa é muito boa, temos bastante aprovação", disse.
A Ação Antifascita Londrina, que organiza a manifestação de domingo, informou que não fez pedido de segurança para a polícia. Procurada, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), por meio da assessoria, informou que não irá se manifestar.
DEBATE DILUÍDO
No último domingo (23), a discussão em torno de declarações da chapa de Jair Bolsonaro (PSL) que em tese possam ferir princípios democráticos ganhou força com a divulgação de um documento intitulado "Pela democracia, pelo Brasil" com a assinatura de intelectuais, artistas e empresários. O texto, que não apóia nenhuma candidatura, coloca o militar como uma ameaça autoritária.
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Na avaliação de Camila Mont'Alverne, doutoranda em Ciência Política pela UFPR, parte da ressonância do movimento #EleNão se deve justamente ao fato de a candidatura de Bolsonaro colocar em xeque "regras básicas" da democracia ao falar em "fuzilar opositores", por exemplo. "Acho que há também uma preocupação de fundo com a qualidade da democracia que vamos ter após esse processo eleitoral, a ameaça que esse processo pode representar", diz. "Acho que as questões do manifesto também estão presentes na mobilização."
Lara Facioli, pós-doutoranda em Sociologia na UEL, também diz perceber a presença destas questões no movimento. "Elas podem não estar diretamente colocadas [no nome da mobilização], mas estão sendo discutidas o tempo todo. Na internet isso fica muito evidente, com imagens, hashtags, memes, materiais que apontam para a questão da militarização, por exemplo", diz.
Para Rayza Sarmento, professora do Departamento de Ciências Sociais da UFV (Universidade Federal de Viçosa), o debate em torno de preceitos democráticos clássicos é inseparável da pauta feminista. "Na minha perspectiva, uma democracia sem mulheres é uma democracia incompleta", diz.