A expressiva votação de Jair Bolsonaro (PSL) em Londrina demonstra não só o clima de polarização política que vive o País mas, também, a forte vocação antipetista do município. Por aqui, de 372 mil eleitores, mais de 230 mil prefeririam o candidato conservador, uma média de 8 para cada 10 (80,42% dos votos válidos). Fernando Haddad (PT) recebeu 56.111, o que representa apenas 19,58% dos votos válidos. Outros 22.680 votos foram em branco ou nulos.

Londrinenses elegeram Jair Bolsonaro com 80,42% dos votos válidos no segundo turno
Londrinenses elegeram Jair Bolsonaro com 80,42% dos votos válidos no segundo turno | Foto: Ricardo Chicarelli



À FOLHA, o professor de Ética e Filosofia Política do Departamento do Filosofia da Universidade Estadual de Londrina Clodomiro Bannwart, avaliou que o resultado já era esperado a partir do primeiro turno, quando os votos em Bolsonaro corresponderam a 65%.

"No primeiro turno aqui em Londrina nós tivemos 65% de eleitores votando em Bolsonaro e isso aumentou agora. Talvez o elemento que explique isso é que aqui o próprio Haddad ficou em terceiro lugar, em segundo ficou o Ciro Gomes (PDT). Provavelmente tivemos uma divisão destes votos e também de outros candidatos, como o Alvaro Dias (PODE), o próprio Amoêdo (NOVO) também", afirma Bannwart.

Entretanto, outras informações socioculturais ajudam a entender a preferência do eleitorado pé-vermelho.

Segundo o levantamento encomendado pelo Fórum Desenvolve Londrina no ano passado, londrinenses não lembravam o nome de dois vereadores recém-eleitos. Até agosto de 2017 o índice de pessoas que disseram não conhecer o nome de dois vereadores eleitos na cidade atingiu 55,6%, ou seja, mais da metade. Os que responderam afirmativamente foram apenas 33,6%.

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"Nesse momento histórico, o que mais abundava era a negação da política e aí ao negar esta política inclui-se os partidos tradicionais, como é o caso do PT. Em relação ao cidadão comum ele acaba indo na onda e não se preocupa para além das eleições", avalia o médico Odarlone Orente, presidente do PT em Londrina.

Orente foi um dos que também não se surpreenderam com o resultado das urnas na cidade. Ele lembra as eleições de 2014, quando Aécio Neves (PSDB) teve uma votação expressiva sobre a ex-presidente Dilma Roussef (PT), além do grande número de votos angariados para o londrinense Beto Richa (PSDB) ao governo do Paraná.

Além disso, o voto em Bolsonaro tem nitidamente uma esperança em melhorias na segurança pública, uma vez que o candidato levanta bandeiras como o endurecimento de indultos concedidos a internos de penitenciárias, a redução da maioridade penal e a flexibilização do porte de armas.

Em Londrina, segundo apontou a 10ª Subdivisão Policial e o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), o número de homicídios registrados em 2009 era de quase 29 para cada 100 mil habitantes. Em seguida, em 2010, este número caiu, e em 2012 retornou para quase 30 dentre 100 mil. Já em 2015 houve considerável melhora, caindo para a taxa de 10 homicídios, o que voltou a subir para 15,72 para cada 100 mil habitantes em 2016.

Já segundo a Vara da Infância e da Juventude de Londrina o número de delitos cometidos por adolescentes variou entre 1.039 em 2007 e 906 ao longo de 2016.

Imagem ilustrativa da imagem O 'bolsonarismo' se consolida em Londrina



PRIORIDADE
A reportagem não conseguiu o contato com o coordenador da campanha do presidente eleito em Londrina, o vereador e deputado federal eleito Filipe Barros (PSL). Em entrevista à rádio Paiquerê AM, o parlamentar lembrou que Londrina foi a cidade com mais de 500 mil habitantes onde Bolsonaro obteve a maior votação. Por conta disso Barros brincou que o presindente "deveria" priorizar a cidade assim que sua saúde permitir sair de casa para viajar.