| |

Política 5m de leitura

No Senado, cinco PECs tratam do tema

ATUALIZAÇÃO
17 de julho de 2017

Loriane Comeli e Mariana Franco Ramos<br>Reportagem Local
AUTOR

Nem mesmo os senadores autores em PECs prevendo a redução do número de deputados e senadores acreditam na aprovação de medidas como essas. O senador paranaense Alvaro Dias (Podemos-PR), autor de quatro PECs, pretende a redução do número de senadores de 81 para 54 e de 21% no número de deputados federais, além da redução proporcional do número de parlamentares na assembleias e câmaras municipais.

"Eu venho desde 1999 trabalhando nisso. O objetivo é enxugar o Poder Legislativo, tornando-o mais econômico e qualificado. A economia de dinheiro seria grande, mas certamente a valorização como consequência da qualificação seria o resultado mais importante da redução. Teríamos uma concorrência mais exacerbada, porque teríamos menos mandatos, mas certamente se trabalharia a favor da qualidade", afirma.

Questionado sobre a viabilidade da aprovação, ele disse que acha difícil. "Isso só (aconteceria) como está ocorrendo na França, com o presidente da República assumindo o processo. Aqui, o presidencialismo é muito forte e reformas assim só acontecem com a liderança do presidente da República."

Também tramita no Senado a PEC 106/2015, do senador Jorge Viana (PT-AC), que fixa em 385 o número máximo de deputados federais e em 54 o número de senadores, portanto, muito semelhante às propostas do colega. Ao falar sobre a PEC, no ano passado, Viana, em entrevista à Agência Brasil, também comentou sobre a dificuldade de aprovar semelhante proposta, que também reduziria número de deputados estaduais: "Um assunto que reduz o número de membros no Congresso, certamente deve ter uma rejeição grande aqui, mas estou querendo fazer esse debate. Acho que não tem explicação um país como o Brasil ter três senadores por estado. Os Estados Unidos, que têm uma população bem maior que a brasileira, por exemplo, têm apenas dois."

CUSTOS

Embora não haja dados comparativos atualizados, o Congresso brasileiro é um dos mais caros do mundo. Para 2017, estão previstos, no orçamento, R$ 10,4 bilhões, sendo R$ 5,9 bilhões da Câmara e R$ 4,5 bilhões do Senado. O montante perfaz um gasto de quase R$ 28 milhões por dia. Assim, diminuir o número de senadores e deputados pareceria louvável. Porém, cortar um terço dos senadores, deixando dois por estado, e reduzir em 20% o número de deputados, não significa que haveria, com certeza, diminuição dos gastos. "A burocracia estável, os servidores efetivos, continuaram existindo. Além disso, a verba de cada gabinete poderia ser aumentada", avalia o professor Fabrício Tomio.

Neste quesito, Maurício Fronzaglia afirma que na discussão acerca da redução de gastos públicos, "uma das primeiras coisas a reduzir seriam todos esses privilégios dos congressistas, que, no final das contas, são contra o princípio da democracia, que prevê que todos os cidadãos são iguais". Ele aponta que no caso das assembleias legislativas nos estados e, especialmente, no das câmaras municipais, "esse custo com o parlamento pode ser bem elevado". "Há um custo elevado em cada vereador, que tem assessores, carros, verbas complementares. Aí, sim, acho que tem muita gordura para queimar", finaliza Fronzaglia.

PUBLICAÇÕES RELACIONADAS