Os principais candidatos ao Senado no Paraná partiram para o ataque na última semana de campanha. Com o quadro indefinido e pesquisas que apontam tendências diferentes, Sergio Moro (União Brasil) e Paulo Martins (PL) deixaram mais claras suas estratégias e seus alvos na reta final. Na disputa pelo governo, o candidato do PT, Roberto Requião, vem tendo suas principais críticas ao governador Ratinho Júnior (PSD), que tenta a reeleição, barradas pela Justiça Eleitoral.

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As últimas pesquisas para o Senado mostram resultados diferentes. Levantamento divulgado pelo Ipec* no dia 16 de setembro mostrou Alvaro Dias com 35% das intenções de voto, contra 15% de Sergio Moro e 8% de Paulo Martins. Já um levantamento da Paraná Pesquisas**, divulgado no dia 20, apontou para um empate técnico entre Alvaro, com 31,4%, e Moro. com 30,3%. Paulo Martins aparece com 14%.

TIRO AO ALVARO

Sergio Moro partiu para o ataque direto a Alvaro Dias no horário eleitoral de ontem. Ele reforçou a estratégia de atacar o PT para tentar atrair eleitores do governador Ratinho Junior (PSD) e do presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-juiz vinculou a candidatura de Alvaro Dias à do presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, e chamou essa suposta união de “pacto diabólico”.

“Quero falar aos eleitores do Bolsonaro e do Ratinho Junior. No Senado neste ano há apenas uma vaga e a eleição está dividida. De um lado a minha candidatura firme contra a corrupção, contra o crime organizado, contra o Lula e o PT, com ideias inovadoras. Do outro lado a candidatura do Alvaro Dias, que está há 50 anos como político profissional e que fez uma aliança com o Partido Socialista Brasileiro, fechado com o Lula”, disse Moro. “Precisamos de união para vencer esse pacto diabólico entre o Alvaro, o PSB, o MST, o Lula e o PT. Respeito as outras candidaturas, mas a minha é a única que pode vencê-los”.

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Alvaro Dias tem respondido em transmissões ao vivo na internet. Na terça-feira, o senador atribuiu as acusações ao “desespero” dos adversários. “É o desespero que bate na porta daqueles que sentem a aproximação da derrota”, disse. “Vou mostrar como procedem os candidatos desesperados, os despreparados”.

O senador disse que vem sendo alvo de “mentirada, safadeza e falta de vergonha na cara” na internet. “Esse é um problema da internet, nós não sabemos o que fazer com esses robôs, com esses malandros que brotam lá no esgoto fétido da internet, exalam mau cheiro para as nossas narinas, como ofendem a nossa inteligência, fruto do desespero de quem não tem competência, de quem não tem postura, de quem não tem respeito pela população”.

Para Alvaro Dias, o discurso sobre renovação na política que é usado contra sua candidatura é velho e que é preciso ter méritos. “Renovação em política é um discurso tão velho. É um discurso falacioso, porque tem alguns que têm cara nova e por dentro é uma velharia, uma lata velha”, disse. “Dizem que estou há bastante tempo e que deveria dar o lugar para alguém, mas dar o lugar para quem? Na verdade, aqueles que querem o lugar precisam ter mérito para ocupar o lugar.”.

MORO NA MIRA

Em terceiro lugar nas pesquisas, Paulo Martins reforçou nesta semana a estratégia de mirar em Sergio Moro para tentar conquistar os votos dos eleitores de Jair Bolsonaro. A tática tem sido usada no horário eleitoral gratuito e nas redes sociais do candidato. Na terça-feira, Martins (que é apoiado por Ratinho Junior e Bolsonaro) publicou trechos de um debate realizado na segunda-feira (26) em Curitiba, sem a presença de Alvaro Dias.

Em um dos vídeos, Martins diz para Sergio Moro que o ex-juiz fez um “trabalho para o PT” ao acusar Bolsonaro de tentar interferir no comando da Polícia Federal, quando deixou o governo, em abril de 2020. “O senhor teve uma saída controversa do governo, que até julgo ser uma traição. Agora, como candidato, tende a buscar votos das pessoas que tendem a votar no presidente Bolsonaro”, atacou Martins. “Quem fez o trabalho para o PT foi o senhor, quando acusou o presidente. O PT trabalha para desestabilizar o governo e você foi elemento desestabilizador, fazendo uma acusação irresponsável”.

Apelando ao eleitorado conservador, Martins perguntou qual a posição de Moro a respeito do aborto e disse que o adversário defendeu, na sua tese de doutorado, a lei que legalizou a prática nos Estados Unidos. O ex-juiz disse que se tratava de um livro “de 20 anos atrás” e classificou a informação como “fake news”. “Era só uma pergunta sobre aborto”, finalizou Paulo Martins.

REQUIÃO CRITICA DECISÕES DO TRE SOBRE ATAQUES A RATINHO JR.

Na disputa pelo governo do Estado, Roberto Requião e Ricardo Gomyde (PDT) deverão explorar no último dia de propaganda na TV a ausência de Ratinho Junior no debate de terça-feira (27), na RPC TV. Na pesquisa Ipec divulgada em 16 de setembro, o atual governador aparece com 55% das intenções de voto, contra 30% de Requião e 2% de Gomyde.

As críticas de Requião a Ratinho Junior, no entanto, têm sido barradas pela Justiça Eleitoral. Na segunda-feira, o juiz Roberto Aurichio Júnior multou a Federação Brasil Esperança em R$ 15 mil por divulgar informações supostamente ofensivas ao candidato à reeleição. Uma pasta pública no Google Drive continha uma tabela com supostos prejuízos causados a municípios paranaenses pela política de isenção fiscal de R$ 17 bilhões adotada pelo governo do Paraná neste ano.

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A Justiça Eleitoral entendeu que se tratava de um material sem assinatura da campanha, o que é proibido na legislação. A campanha de Requião argumentou que o material não foi distribuído e vai recorrer da decisão. “O TRE não observou que essa mensagem não foi compartilhada para qualquer eleitor, o que inclusive não foi comprovado pela campanha de Ratinho Junior, que induziu o Tribunal ao erro ao dizer que se tratava de material que tinha propósito eleitoral”, afirmou a campanha.

Em transmissão pela internet feita no domingo (25), Requião criticou as decisões da Justiça que mandam a campanha retirar vídeos do ar. Na semana passada, a campanha do petista foi multada em R$ 5 mil por citar a isenção fiscal no horário eleitoral e insinuar que o benefício seria para multinacionais. Para o candidato do PT, o TRE-PR vem impedindo que o atual governador seja questionado, já que ele não participou de debates com os oponentes.

“Tornei público que no orçamento do estado do Paraná o governo votou uma isenção, um perdão fiscal de R$ 17 bilhões. Tudo que é secreto com dinheiro público estabelece uma presunção de uma desonestidade”, afirmou o candidato do PT. “O debate existe para isso. Eu fiz a provocação de que eram só multinacionais. O Ratinho tinha que responder, mas vocês (juízes eleitorais) meteram a colher, impediram o debate. Minha convicção é de que isto é um absurdo total”.

* A pesquisa IPEC divulgada em 16 de setembro ouviu 1,2 mil eleitores, em 57 municípios, entre os dias 13 e 15 de setembro de 2022. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná sob o protocolo Nº PR02436/2022 e no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo Nº BR-01166/2022.

** A pesquisa do instituto Paraná Pesquisas divulgada no dia 20 de setembro ouviu 1.540 eleitores em 64 municípios paranaenses, entre 15 e 19 de setembro. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número PR-07440/2022.

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