SÃO PAULO, SP - O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que a investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado revelou um plano para enforcá-lo na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo ele, a investigação sobre o 8 de janeiro encontrou três planos contra a sua vida. "O primeiro previa que as Forças Especiais do Exército me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia", disse o ministro em entrevista ao jornal O Globo.

"O terceiro [plano], de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição", disse.

O ministro conta que, apesar dos exageros, já esperava algo parecido. "Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido", disse. "Nada disso ocorreu, então está tudo bem".

"CAOS NO PAÍS"

Moraes considera que ações do STF foram fundamentais para evitar golpe. "Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe [...], poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país."

Ele considera que Lula (PT) acertou ao não decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem). O ministro disse que a investigação mostrou que o plano dos campistas em frente aos quartéis era ir a Brasília, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los.

"Eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior", afirma Moraes.

Moraes refutou as críticas de que as penas aos condenados pelo 8/1 foram "excessivas". "Se as penas máximas fossem aplicadas [...], pegariam mais de 50 anos, mas pegaram 17 (no máximo). Se não quisessem ser condenados, não praticassem nenhum crime".

Para ele, também há um componente preconceituoso nesse tipo de opinião. "Nenhum desses golpistas defende que alguém que furtou um notebook não possa ser preso. E eles, que atentaram contra a democracia, não podem? Os presos são de classe média, principalmente do interior, e acham que a prisão é só para os pobres. A Justiça tem que ser igual para todos."

"GRAVÍSSIMO E INACEITÁVEL"

O ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, comentou nesta quinta-feira (4), em Brasília, que o suposto plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes é gravíssimo e inaceitável e que as investigações devem ir até “as últimas consequências” para punir os responsáveis.

Em conversa com jornalistas nessa quinta-feira (4), Cappelli afirmou que a existência desse suposto plano revela a gravidade do que estava em curso no Brasil. “Gravíssimo e inaceitável cogitarem atentar contra a vida de um ministro da Suprema Corte do Brasil”, afirmou.

O ministro interino da Justiça acrescentou que essa informação será apurada e levada às últimas consequências para descobrir os autores do suposto plano de prisão e assassinato do ministro do STF.

O ministro Alexandre de Moraes era um dos principais alvos das manifestações iniciadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o segundo turno da eleição de outubro de 2022. (Com Agência Brasil)