Sem informações recentes sobre quando será lançado o edital de duplicação do último trecho da PR-445 em Londrina, no segmento de cerca de 23 quilômetros entre os distritos de Lerroville e Irerê, lideranças da região já revelam preocupação com a possibilidade de o lote não ser executado com recursos do governo do Paraná, mas sim pela empresa que assumir a concessão de pedágio do lote 3, do qual a rodovia faz parte.

Para o deputado estadual Tercilio Turini (PSD), que é da base do governador Ratinho Junior (PSD) na Assembleia Legislativa (AL), a chance de a incumbência passar para a iniciativa privada traz dois riscos. A tarifa cobrada dos usuários ficar mais cara e a intervenção não ser feita no início do contrato. “Pelos editais que vimos dos lotes 1 e 2, os três primeiros anos não têm obras de duplicação. Só no quarto ano que começam as obras, para terminar no sétimo, oitavo ano”, comentou.

“Quando estivemos há um mês e pouco em Brasília, o próprio ministro [dos Transportes, Renan Filho] falou que, até outubro, o edital [do lote 3] vai estar pronto. E a licitação deve ocorrer entre janeiro e março do ano que vem”, completou Turini.

CONTORNO LESTE PODE SER IMPACTADO

Além disso, no encontro na capital federal, o ministro sinalizou com a possibilidade de o Contorno Leste integrar as obras do lote 3 – porém, com a eventual inclusão da duplicação da 445 entre as responsabilidades da concessionária, o receio é que a nova ligação viária com a BR-369 acabe engavetada mais uma vez.

SANDRO ALEX ACIONADO

Foi enviado nesta semana ao secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, um requerimento assinado pelo deputado que pede informações sobre o estágio dos projetos de duplicação de Lerroville a Irerê – e se há data para a licitação. Também é questionada a existência de “algum impedimento legal ou orçamentário para a abertura da licitação”. O titular da secretaria tem três semanas para responder.

“Além de todos os benefícios na questão do transporte, a duplicação vai preservar vidas. A sociedade tem que ficar atenta para a gente não perder a expectativa que tinha de ter uma obra completa”, pediu Turini.

Enquanto isso, o trecho hoje em execução de Lerroville a Mauá da Serra deve ter pontos de duplicação liberados até o fim de 2023, com expectativa de conclusão integral até meados de 2024, conforme informações obtidas pelo parlamentar no Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

CUIDADOS COM FAUNA

Seja com recursos dos impostos ou da tarifa paga pelo usuário, a duplicação dessa parte da PR-445 reacende a preocupação de entidades ambientais quando à mitigação de danos principalmente a animais selvagens, já que há um corredor ecológico na área ligando o Parque Estadual Mata dos Godoy ao Rio Tibagi.

“O ideal é que os estudos de fauna, os pontos críticos de atropelamento [de animais] e de segurança para os usuários sejam previstos no projeto executivo da obra, o que não aconteceu adequadamente nos outros trechos. E não basta só os rios. São outros [pontos], onde não tem rio, que vão precisar de passagem”, observou Gustavo Góes, gestor ambiental e membro da ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE).

OUTRO LADO

A FOLHA procurou respostas da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná em relação ao andamento do edital de duplicação e às medidas para reduzir o impacto ao meio ambiente, mas, até o fechamento da edição, na sexta-feira (11), não teve retorno da assessoria de imprensa da pasta.