O deputado federal Filipe Barros (PSL) entrou com pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) e não compareceu ao depoimento marcado para a tarde desta quinta-feira (4) na sede da Polícia Federal, em Londrina. Ele deveria ser ouvido no inquérito que investiga a disseminação de notícias falsas e supostas ameaças aos ministros da Corte. Outros deputados bolsonaristas, como Carla Zambelli (PSL-SP), o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, também tinham depoimentos agendados. Já o ministro da Educação, Abraham Weitraub, prestou depoimento à PF em Brasília por escrito.

Imagem ilustrativa da imagem Filipe Barros não comparece a depoimento à PF no inquérito das "fake news"
| Foto: Câmara

Barros alegou que não foi depor e nem irá sem ter acesso aos autos do inquérito. O deputado londrinense disse que avisou previamente o delegado que estava designado a ouvi-lo. "Não vou corroborar com um inquérito ilegal. Além das ilegalidades apontadas por inúmeros juristas, nós entramos com um habeas corpus porque não tivemos acesso ao inquérito." A pedido dos advogados dos investigados, o ministro Alexandre de Moraes - que é relator do chamado inquérito das 'fake news' - permitiu acesso parcial das investigações, mas, como o processo tramita em sigilo, as defesas vão precisar agendar acesso no gabinete do ministro. "Ele permitiu acesso parcial e presencial só em Brasília. Como estamos aqui (em Londrina) não tivemos acesso. É uma vergonha nacional. O STF instalou no Brasil o crime de opinião. Tenho liberdade de expressão e sempre critiquei o STF, principalmente quando mudou o entendimento sobre a prisão em segunda instância. Fui a protestos e continuarei." disse à FOLHA.

OPERAÇÃO

No quarta-feira 27 de maio, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões na casa de ex-deputados e empresários aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ao longo das investigações, laudos técnicos demonstraram que um grupo produz e dissemina as informações falsas, sempre seguindo o padrão de mesmos tipos de mensagens e mesma periodicidade. Quatro empresários foram identificados como financiadores das supostas notícias falsas. O ministro Alexandre de Moraes também determinou o bloqueio de contas em redes sociais, tais como Facebook, Twitter e Instagram, de 16 investigados, no entanto, as contas de Filipe Barros não foram suspensas. “Neste inquérito, as coisas não são da forma como preconiza a Lei, demonstrando uma clara tentativa do Estado em iniciar uma caça às bruxas”, afirmou a defesa do parlamentar.

Já sobre o habeas corpus, o deputado federal disse que o ministro Edson Fachin ainda não apreciou a demanda e deu prazo para o PGR (Procuradoria Geral da República) analisar o pedido.