A falsa enfermeira de 46 anos que confessou ter desviado 10 doses da Astrazeneca na campanha de vacinação contra a Covid-19 em Apucarana prestará depoimento nesta quinta-feira (20), a partir das 15h, para a Comissão Especial da Assembleia Legislativa que investiga denúncias de fura-filas no Estado. Segundo o vice-presidente do grupo, deputado Delegado Jacovós (PL), a oitiva foi autorizada pela Justiça e vai ocorrer na sede do Tribunal do Júri, localizada no Fórum da cidade.

Imagem ilustrativa da imagem Falsa enfermeira de Apucarana será ouvida por deputados que investigam fura-filas da Covid-19
| Foto: Reprodução/MP-PR

A comissão foi criada no final de abril. O deputado Delegado Francischini (PL) é o presidente, Jacovós atua na vice-presidência e Hussein Bakri (PSD) está como relator. O objetivo é reunir informações que ajudem a fiscalizar a imunização. "Ela não pode ser responsabilizada criminalmente ao final da nossa apuração. Isso é tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil". A suspeita está presa preventivamente por peculato, infração de medida sanitária e exercício ilegal de profissão.

Segundo o parlamentar, o relatório deve ser concluído em julho. Na sequência, o documento será encaminhado aos órgãos de controle, como a Controladoria-Geral do Estado. A pasta mantém uma página na internet com a quantidade de pessoas que desrespeitaram a fila de vacinação. Os deputados apuraram que 30 políticos, entre vereadores e prefeitos, teriam cometido as irregularidades. A ordem de aplicação das doses foi definida no Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, e deve ser seguida pelos estados e municípios brasileiros.

O Ministério Público abriu um inquérito civil para verificar se agentes públicos sabiam do desvio. De acordo com a promotora Fernanda Lacerda Trevisan Silvério, os depoimentos vão começar na semana que vem. Os responsáveis podem sofrer uma ação por improbidade administrativa.

Em depoimento na delegacia, a falsa enfermeira disse que o coordenador da vacinação em Apucarana tinha conhecimento que ela não possui formação na área. Com mais de 30 anos de carreira pública, o servidor foi afastado por tempo indeterminado pelo secretário municipal de Saúde, Roberto Kaneta. Ele é alvo de uma sindicância aberta pela prefeitura. A apuração interna deve ser encerrada até o mês que vem.