Embora as eleições municipais de 2024 estejam distantes do radar do grande público, o tema tem marcado cada vez mais presença no dia a dia de políticos de Londrina. É o período em que muitos passam a “rediscutir a relação” com seus partidos para tentar concorrer a um eventual novo mandato — ou, no caso de vereadores, começam a articular para mudar de sigla na janela partidária prevista para fevereiro a março do ano que vem.

Parlamentar com mais legislaturas na atual configuração da Câmara Municipal de Londrina (CML), ocupando cadeira no Legislativo pelo PDT desde 2005, Roberto Fú passa por um momento delicado com a legenda pela qual se elegeu nos últimos cinco pleitos. A cisão vem ao menos desde 2021, quando ele foi um dos 12 membros da Casa que votaram contra o projeto de lei da Prefeitura de criação do Conselho Municipal dos Direitos LGBT — posição que era defendida pela agremiação de centro-esquerda.

“Foi uma questão de um voto. Eles queriam que eu votasse de uma forma. Eu, com as minhas próprias ideias, acabei votando de outra forma, até ouvindo o clamor da população. Depois desse acontecimento, ficou bem complicada a minha situação com o PDT”, alegou Fú.

"Atitudes direitistas"

Além disso, conforme o presidente do PDT em Londrina, Ricardo Moura, a falta de apoio de Fú a candidatura à presidência de Ciro Gomes em 2022 e, em âmbito local, sua ausência na agenda de atividades pedetistas contribuíram para o estremecimento “Ele acabou tendo atitudes muito direitistas”, resumiu o dirigente.

O PDT alega ter entregue em 2022 a Fú uma carta de anuência para “a desfiliação partidária, sem perda do mandato” — como é descrito no próprio documento. O vereador, no entanto, sustenta não ter sido notificado oficialmente. “O partido decidiu que não vai expulsar, não vai tomar nenhuma medida drástica contra o vereador, mas foi feito o convite para ele sair do partido”, acrescentou o presidente.

Apesar dos desencontros, ao menos em público o clima atual entre as duas partes é de tentar colocar panos quentes. “Não existe animosidade dentro do partido contra ele”, assegurou Moura.

“Sempre respeitei o PDT. Não tenho nada contra a diretoria, contra filiado nenhum. Honro o partido, eles não têm do que reclamar em relação a isso. Espero que essa situação se resolva da melhor forma possível”, declarou Fú — indicando, ao mesmo tempo, já ter recebido convites de “vários partidos”.

Barbosa é nome do PDT

Enquanto isso, o PDT também está articulando para as eleições majoritárias, e busca trazer de volta à cena uma figura já conhecida da política de Londrina. “Hoje nosso candidato [ao Executivo] é o ex-prefeito Barbosa Neto. No entanto, estamos conversando com outros partidos. Temos dito que não é uma imposição a candidatura do Barbosa”, afirmou Moura, informando que os pedetistas da cidade devem ter um encontro municipal em julho, em data a ser confirmada.

Mais mudanças em vista

O abalo na relação entre Fú e o PDT não é o único caso que pode resultar em reconfiguração partidária na CML. Como a FOLHA mostrou em matéria no último dia 27, outros seis vereadores têm chance de mudar de sigla nos próximos meses — mas isso porque as legendas passam por processos de junção em âmbito nacional.

O PSC de Giovani Mattos e Santão teve sua incorporação pelo Podemos aprovada em junho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — medida pela qual o Pros de Mara Boca Aberta e Deivid Wisley já havia passado em fevereiro, sendo englobado pelo Solidariedade. Além disso, o PTB de Professora Flávia Cabral e o Patriota de Chavão estão em tratativas para se unirem, criando o “Mais Brasil”.