Em campanha pré-eleitoral, o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil-PR) iniciou nesta semana as visitas pelo Paraná a fim de marcar posição como candidato ao Congresso pelo Estado após ter sido impedido pela Justiça Eleitoral de concorrer às eleições por São Paulo. O ex-juiz esteve em Maringá na quinta-feira (23), cidade-natal onde iniciou sua trajetória jurídica, e nesta sexta veio a Londrina. Na agenda, entrevistas a veículos de imprensa - esteve na FOLHA pela manhã -, um encontro com o prefeito Marcelo Belinati (PP) à tarde, e à noite iria ao estádio do Café assistir ao jogo do Londrina contra o Guarani, pela Série B.

Ainda sem definir se tentará uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado - há alas do partido que cogitam lançá-lo ao governo estadual -, Moro negou que possa vir a sofrer algum tipo de rejeição do eleitorado paranaense por conta da tentativa frustrada de se eleger por São Paulo. "Não é isso que eu tenho sentido nas conversas que venho tendo com as pessoas. Nenhuma rejeição. Estou muito feliz por poder disputar um cargo pelo Paraná, estado onde nasci, me criei, e onde pude ter a atuação como juiz responsável pela Lava Jato, que foi a maior operação de combate à corrupção da história", afirmou. O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) disse que a tentativa de transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo partiu do próprio União Brasil, como uma estratégia de conquistar o maior número de cadeiras possível no principal colégio eleitoral do País. "Nós lamentamos a posição do Tribunal Regional Eleitoral de indeferir meu registro eleitoral em São Paulo, porque o processo ocorreu dentro da legalidade, mas estou feliz por poder concorrer pelo meu Estado e poder contribuir para promover ações de desenvolvimento do Paraná", afirmou.

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MUDANÇA DE RUMO

Na última vez que havia vindo a Londrina, no início de março, Moro ainda era um presidenciável pelo Podemos visto por analistas e agentes políticos como o nome mais viável para liderar uma coalização da terceira via com potencial de romper a "polarização" entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro, respectivamente líder e vice-líder em todas as pesquisas de intenção de voto já divulgadas. Pouco mais de três meses depois, ele viu sua pré-candidatura ao Planalto naufragar mesmo tendo migrado para um partido maior e mais estruturado como o União Brasil.

A FOLHA questionou o ex-ministro a que ele credita essa mudança brusca de rumo. "Houve alguns problemas no Podemos, que é um partido que eu respeito, mas que ainda não tem estrutura para bancar uma candidatura à Presidência. Entendemos que no União Brasil, por ser uma das maiores legendas do País, teríamos melhores condições de viabilizar a candidatura", disse o ex-juiz, que admitiu também ter sofrido algumas resistências internas na nova legenda. Questionado se sente essa resistência na classe política de forma geral por conta dos desdobramentos da Lava Jato, ele respondeu: "Não sei há uma resistência pessoal, mas se ela acontece é sinal de que meu trabalho foi bem feito. Eu digo sempre que nós não temos que ficar pensando em velha ou nova política, mas fazer a política clássica, que é que a visa o bem comum. Penso que minha atuação no Congresso, seja como deputado federal ou senador, seja uma forma de mudar o status quo", afirmou.

Sobre o risco de um possível "embate político" com o senador Alvaro Dias (Podemos) caso decida tentar a única vaga paranaense ao Senado, Moro disse que "respeito o senador, mas nem ele ainda decidiu se vai concorrer novamente". E acrescentou que tem acesso a pesquisas internas de opinião indicando sua aceitação tanto na corrida pela Câmara dos Deputados como ao Senado e que a decisão sobre qual cargo irá disputar ocorrerá "no momento certo" em conjunto com o seu partido. Em relação a alianças no Estado para o governo, o ex-juiz afirmou que tem boas relações com Ratinho Jr. (PSD), que buscará a reeleição, mas não comentou se colocará seu nome na disputa pelo Executivo nem se haverá palanque do União Brasil para apoiar o governador.

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