Desiree Salgado defende a presença das mulheres na política
Em entrevista à FOLHA, a candidata ao Senado pelo PDT critica polarização política no Paraná e fala sobre suas principais bandeiras
PUBLICAÇÃO
sábado, 27 de agosto de 2022
Em entrevista à FOLHA, a candidata ao Senado pelo PDT critica polarização política no Paraná e fala sobre suas principais bandeiras
Marcos Roman - Grupo Folha
Candidata à vaga do Paraná no Senado Federal pelo PDT, Desiree Salgado visitou a FOLHA na manhã deste sábado (27) em meio a outros compromissos de campanha agendados em Londrina no final de semana. Em entrevista, ela comentou sobre as principais bandeiras de sua candidatura, falou sobre a importância da representatividade feminina na política e avaliou a polarização entre seus principais adversários, os candidatos Alvaro Dias (Pode) e Sergio Moro (União).
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Professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Desiree Salgado disputa sua primeira eleição. Mestre e doutora em Direito e pós-doutora em Ciência Política, ela comentou sobre os motivos que a levaram a disputar uma vaga no Congresso Nacional como senadora. “O Senado precisa ter sua dignidade recuperada. Sua função é de extrema importância. Cabe ao Senado fiscalizar como o Poder Executivo gasta os recursos públicos, controlar como o Executivo garante a transparência de seus atos. Afastando, por exemplo, os decretos legislativos de sigilo. E, principalmente, controlar quem o Poder Executivo indica para determinados órgãos da República, como exemplo o Supremo Tribunal Federal. Então, essa seria institucionalmente a grande pauta”, ressaltou.
Desiree detalhou algumas de suas propostas. “Como pauta material, é garantir que as pessoas possam comer, garantindo a instituição da renda mínima universal que está no projeto nacional de desenvolvimento do candidato Ciro Gomes. Trabalhar com a ideia de igualdade, fazendo com que as leis que já existem impeçam que uma pessoa ganhe menos do que outra por conta do seu gênero ou de sua raça. Garantir que exista a obrigação de que grupos menorizados como, por exemplo, as mulheres componham secretariados, ministérios, até direções de empresas estatais. Desfazer todas as reformas que destruíram a Constituição como, por exemplo, a emenda do teto de gastos, a reforma trabalhista, a reforma previdenciária. Desenvolver uma Saúde mais holística, que inclua a saúde nutricional e também a saúde mental. E, por último, a Educação com a recuperação dos investimentos federais e estaduais na área”.
POLARIZAÇÃO
A atuação dos atuais senadores paranaenses foi criticada pela candidata. “Me parece que as funções que do Senado não têm sido cumpridas de forma adequada por quem está representando o Paraná. A gente está falando de gente que está tentando o quinto mandato com uma atuação discreta, isso pra dizer o mínimo e ser simpática. Nesses anos deste último governo o Senado deveria ter colocado o pé firme para evitar arroubos autoritários e alguns ataques às instituições. Vamos pegar como exemplo a CPI do MEC e a CPI da Educação, depois daquela denúncia de utilização de verbas públicas de maneira irregular. A questão era investigar se aquilo estava acontecendo ou não. Isso faz parte do poder legislativo. E quando a gente vai ver como foi a postura da nossa representação no Senado em face desse escárnio é mais ou menos como se a gente autorizasse a quem está na presidência da república fazer o que quiser no ano eleitoral”.
Para reverter o atual quadro, Desiree sugere o fim da polarização e a renovação do parlamento. "Está na hora da gente renovar essa representação. Para além de todo o problema de atuação a gente tem no Senado três pessoas do mesmo partido, todas muito parecidas. A gente precisa escapar desse guinarismo entre apenas dois nomes se a gente quiser construir uma política realmente democrática. Essa polarização tanto no âmbito federal quanto no âmbito estadual tem feito com que a nossa política seja cada vez mais pobre, a ponto da gente não conseguir ver que a política não é uma briga de torcida. Tem gente que parte até para uma violência real e mata outra pessoa simplesmente porque ela usou uma cor diferente numa festa de aniversário”.
A candidata sugere que os eleitores busquem informações sobre as atuais candidaturas para terem mais alternativas na hora do voto e poderem mudar o cenário atual. "Cabe ao eleitor, à eleitora ir buscar informações. Com as redes sociais é muito fácil. Receba essas mensagens de WhatsApp que vão chegar nos celulares e guarde esses números para depois entrar em contato com quem se eleger. Cobre, porque também faz parte do papel do cidadão e da cidadã controlar quem está no poder. E considere nossas propostas, procure lá nossas redes sociais, veja quem eu sou, como é que cheguei até aqui, quais são as minhas propostas. Com certeza você vai ter uma representação mais atenta, mais sensível e mais aberta no diálogo com a população ".
Fundadora do grupo Política/Por/De Para Mulheres, criado com o propósito de impulsionar o público feminino na política eleitoral, Desiree destacou a importância da luta pela igualdade de gênero no Poder Legislativo. “A própria princesa Isabel teve negado o seu direito de assumir uma vaga no Senado quando completou 21 anos. As mulheres de lá pra cá têm negado seus direitos. É como se a gente fosse uma cidadania de segunda classe. Está na hora da gente mudar esse jogo. Tem uma série de mulheres sendo oferecidas por vários partidos para ocupar esses espaços. A gente precisa só garantir visibilidade, competitividade pra essas mulheres. Quando as mulheres do Paraná começarem a ocupar esses espaços as gerações que virão não terão mais que fazer essa luta que já dura mais de 200 anos”.
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