Dois dos três parlamentares da comissão de acompanhamento da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná estiveram em Foz do Iguaçu (Oeste) nesta segunda-feira (18) para ouvir testemunhas e autoridades ligadas ao processo de investigação da morte do Guarda Municipal e militante do PT Marcelo Arruda, que foi assassinado a tiros pelo policial penal bolsonarista Jorge José Guaranho no sábado, dia 9 de julho .

Deputado Tadeu Veneri (PT)
Deputado Tadeu Veneri (PT) | Foto: Sandro Nascimento/Alep

Os deputados estaduais Delegado Jacovós (PL) e Tadeu Veneri (PT) ouviram Pâmela Suellen Silva, viúva de Marcelo; Iane Cardoso, a delegada de Homicídios de Foz do Iguaçu que iniciou as investigações até a chegada da força-tarefa da Divisão de Homicídios do Estado, e o promotor de Justiça Tiago Lisboa Mendonça, na sede do Gaeco. Os deputados também foram ao local do crime, a Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf). A esposa de Guaranho foi procurada, mas não aceitou ser ouvida sem a presença de advogados.

Deputado Delegado Jacovós (PL)
Deputado Delegado Jacovós (PL) | Foto: Dálie Felberg/Alep

Segundo Veneri, o papel da comissão é cobrar celeridade da Sesp (Secretaria de Segurança Pública) no caso e fiscalizar o andamento das investigações para que o processo seja conduzido com transparência e rigor. Ele elencou dois pontos cruciais que serão encaminhados pela grupo. Uma das demandas é que seja feita uma força-tarefa pela Polícia Científica do Estado para entregar o quanto antes a perícia dos celulares e outros documentos que fazem parte do inquérito policial. Principalmente no celular do policial penal. "O inquérito foi entregue na última quinta-feira (14) e o celular, só um dia antes, na quarta-feira (13). É importantíssima essa perícia e vamos solicitar que o Ministério Público tenha acesso rápido ao conteúdo."

TESTEMUNHAS

Outro ponto de preocupação é com a proteção de testemunhas do crime que estavam na Aresf ou que colaboraram com os trabalhos de investigação. "Ouvimos pessoas da associação que mostraram preocupação e sofreram ameaças. É preciso criar esses mecanismos para proteção de todos que foram ou venham a ser ameaçados. Inclusive daquelas pessoas que estão sendo investigadas por chutarem o policial penal após os disparos", disse Veneri.

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Os parlamentares também apuraram supostas contradições dos fatos revelados sobre o crime. O deputado petista ainda questionou a delegada sobre o porquê de no domingo seguinte ao crime (dia 10) a polícia teria divulgado que o policial penal estava morto e voltado atrás na informação horas mais tarde. Segundo Veneri, a delegada disse que a informação errada partiu do hospital, mas o petista alega que a direção do hospital nega essa versão. "É um crime de repercussão nacional e temos esse papel de fiscalizar e acompanhar e buscar transparência sobre o que ocorreu e vamos fazer sugestões para não ter dúvidas. A primeira conclusão é que por mais que haja motivação política, o código penal não o define como crime político. Mas entendemos que se não tivermos uma ação eficiente, isso poderá desencadear outras situações semelhantes a essa", afirmou o parlamentar.

Além de Jacovós e Veneri, a comissão é formada por Arilson Chiorato, que é presidente estadual do PT e líder da oposição na Assembleia. Jacovós é da situação e Veneri representa a Comissão de Direitos Humanos da Casa. O grupo volta a Curitiba e deverá encontrar o coordenador do Gaeco no Estado, o promotor Leonir Batisti, nesta terça-feira (19). A FOLHA tentou contato com o deputado Jacovós, mas não obteve retorno. A Secretaria de Segurança Pública informou, via assessoria, que vai avaliar o pedido dos parlamentares "assim que for comunicada oficialmente".

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