Os quatro deputados da região de Londrina votaram contrários à manutenção da prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso em flagrante delito, na última terça-feira (16), depois de divulgar vídeo com ameaças aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). O placar na Câmara Federal, na noite desta sexta-feira (19), foi de 364 votos a favor, 130 contra e 3 abstenções. A relatora do caso, que votou a favor da manutenção da prisão, disse que Silveira usa o mandato para “atacar a democracia” e “propagar discurso de ódio”. Durante a sessão, o deputado disse, por vídeo, que se excedeu e pediu desculpas.

Imagem ilustrativa da imagem Deputados de Londrina votam contra a prisão de Silveira
| Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O deputado Emerson Petriv, o Boca Aberta (PROS), comentou a decisão com seus seguidores em sua página no Facebook. Em uma publicação, ele disse que votou a favor da liberdade de Silveira. Antes do resultado, abriu uma enquete entre seus seguidores para saber como opinariam sobre a questão. Houve o pronunciamento dos apoiadores em mais de 15 mil mensagens. “Estando certo ou errado no que falou, esse não é o questionamento, mas sim se era motivo para prisão”, afirmou Petriv, após o resultado.

Diego Garcia (PODE) afirmou também no Facebook que a decisão tomada por seus pares abre um precedente absurdo e chancela a decisão do STF. “Eu votei não, mas infelizmente vejo que o parlamento se apequenou. Diante dessa decisão arbitrária, absurda em relação a essa prisão que vai contra tudo aquilo o que diz nossa Constituição”, declarou Garcia. Ele ainda afirmou que não concorda com a fala de Silveira, mas que sociedade brasileira tem o direito de criticar e se revoltar contra o “ativismo judicial”, que contraria as leis criadas pelo Congresso.

Colega de partido de Daniel Silveira, Filipe Barros (PSL) fez diversas postagens no Facebook criticando não só a prisão como a decisão tomada pela Câmara. O parlamentar classificou a situação como absurda. Ele ainda fez comparações entre decisões tomadas pelos juízes do STF, listando como presos, além de Silveira, o jornalista Oswaldo Eustáquio e a ativista Sara Winter. Comparando com decisões favoráveis ao ex-deputado José Dirceu (PT), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao traficante André do Rap.

Apesar de não ter tocado no assunto na Internet, Luísa Canziani (PTB) falou sobre a questão para a FOLHA. Ela disse não concordar com Silveira e que declarações que exaltem a ditadura ou estimulem atos antidemocráticos devem ser repudiadas veementemente. No entanto, defende a liberdade de expressão. “É fato que há garantia constitucional que estabelece a inviolabilidade dos direitos do deputado de atuar na esfera parlamentar. Nesse sentido, é direito constitucional e todos devemos zelar pelo cumprimento da nossa Carta Magna”, afirmou.